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A Europa precisa acordar e Putin pode ser seu despertador
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Com sua típica ironia, o filósofo Luiz Felipe Pondé, na coluna da Ilustrada de hoje, cutuca os europeus que andam no mundo da lua, alegando que talvez a beligerância de Putin sirva, ao menos, para despertar essa turma de seu sonambulismo.

Pondé mostra que, enquanto os “pensadores” europeus ficam discutindo se sexo é ou não uma “construção social” (risos), Putin vem lembrá-los de como a realidade é diferente do mundo encantado dos “intelectuais”. Diz ele:

A comunidade europeia, essa reunião de países cheios de gente mimada, anda querendo discutir se é certo tratar uma criança quando é pequena de menino ou menina. O debate, é evidente, é coisa de gente riquinha que acaba levando a sério delírios da chamada teoria de gênero, essa invenção de professores desocupados com problemas de identidade sexual.

De fato, desse jeito, parece que a Europa ocidental acabou mesmo. As escolas europeias, se essa ideia idiota passar, vão virar um antro de “autoritarismo de gênero”.

Nesse sentido, Putin talvez esteja fazendo um favor aos europeus, lembrando a eles que existe um mundo de preocupações reais, e não os debates idiotas sobre se meninos são meninos e meninas são meninas ou se tudo isso é uma invenção humana como o “croissant”.

A Europa sofreu muito com guerras sanguinárias, e compreende-se sua aversão a qualquer risco de novos confrontos. Mas gerações modernas, mais mimadas, que não passaram por isso e que pensam que direitos brotam das árvores, ou que o mundo todo é como Paris, acabam criando uma perigosa ilusão e negligenciando perigos reais do mundo real.

Quando surge um sujeito como Putin, que fala outra língua, a comunidade europeia e também os americanos seguidores de Obama, o rei da retórica, estremecem. Não estão mais acostumados a lidar com ameaças desse tipo, pois creem que tudo pode ser solucionado em luxuosos jantares da ONU com discursos bonitos. Pondé escreve:

O Putin é que colocou a série toda de líderes ocidentais nos seus lugares, porque estes, viciados em discutir como a vida é uma “agência de direitos chiques”, enquanto comem queijos e vinhos, se esqueceram de que a vida é o que acontece quando você está ocupado delirando com seus sonhos de Branca de Neve.

Realmente, a Europa e boa parte dos Estados Unidos precisam acordar mesmo. É muita falta do que fazer, muita despreocupação com coisas realmente importantes, discutir leis que regulem sobre o gênero das crianças, como se menino não fosse menino e menina, menina. É como debater o sexo dos anjos enquanto a peste devasta milhões de vidas.

Talvez seja um sintoma dos tempos modernos, de relativa abundância e fartura, de rico welfare state, quando o estado de bem-estar social vai cuidar de tudo e todos. Pondé alfineta:

Imagino que, se essa lei pegar, o número de crianças com problemas de identidade no futuro da Europa será enorme; mas tudo bem, porque o Estado de bem-estar social (esse personagem de um conto de fadas) vai garantir terapia para todo mundo. Levar um debate desses a sério beira as raias da pura e simples irresponsabilidade moral.

Quem sabe Pondé esteja certo e a ameaça de Putin tenha seu lado bom? Pode ser que o “machão” russo sirva, ao menos, como um despertador para a Europa, mergulhada em grave crise social enquanto debate se meninos devem ser chamados de meninos e brincar de luta e carro em vez de boneca e casinha…

Rodrigo Constantino

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