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A sociedade aberta contra o determinismo histórico
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O futuro está em aberto; não é predeterminado e, deste modo, não pode ser previsto – a não ser por acidente. As possibilidades contidas no futuro são infinitas. – Karl Popper

Em tempos em que muitos brasileiros resolvem jogar a toalha de vez e abandonar quaisquer esperanças no futuro do Brasil, cabe resgatar o pensamento do filósofo Karl Popper, contido em seu magistral A Sociedade Aberta e Seus Inimigos. Popper simplesmente não aceitava a visão historicista, fatalista, determinista das sociedades. Nada está escrito em definitivo. O futuro ainda será criado.

O filósofo Bertrand Russell definiu a obra-prima de Sir Karl Popper como “um trabalho cuja importância é de primeira linha e que deve ser largamente lido por sua crítica de mestre aos inimigos da democracia, antigos e modernos”. Creio que um dos grandes valores do livro é levar o debate político para a divisão entre coletivistas e individualistas, ao invés de esquerda e direita.

Popper combate duramente os autoritários coletivistas, independente do espectro político. Seu foco é a transição da sociedade tribal, ou sociedade fechada, para uma sociedade aberta. Na primeira, há uma submissão às forças mágicas, enquanto a última “põe em liberdade as faculdades críticas do homem”.

Um dos maiores inimigos da sociedade aberta é o historicismo. Para Popper, “o futuro depende de nós mesmos, e nós não dependemos de qualquer necessidade histórica”. Os historicistas, ao contrário, acreditam ter descoberto leis históricas que permitem profecias sobre o curso dos acontecimentos históricos. Os homens não seriam donos do próprio destino, segundo esses pensadores.

Essa postura alivia os homens do ônus de suas responsabilidades, pois não importa o que façam, o futuro já está definido. Como exemplo está a doutrina do “povo escolhido”, ou o determinismo econômico de Marx. A doutrina historicista costuma ser profética, conduzindo à rejeição da aplicabilidade da ciência e da razão aos problemas da vida social. Em última instância, é a doutrina do poder, da dominação e da submissão.

Como sinônimo desse modelo, temos o tribalismo, ou seja, “a ênfase sobre a suprema importância da tribo, sem a qual o indivíduo nada é em absoluto”. O coletivismo, seja ele de classe, raça, credo ou nação, fica acima do indivíduo, que nada significa. Popper diz: “Em combinação com a idéia historicista de um destino inexorável encontramos freqüentemente um elemento de misticismo”.

Popper demonstra aberta hostilidade para com o historicismo, convicto de que ele é “fútil, senão pior do que isso”. Com base na tradição tribal coletivista, as instituições não deixam campo à responsabilidade pessoal. Essa sociedade mágica, tribal ou coletivista seria a sociedade fechada, enquanto uma sociedade aberta ou democrática seria aquela “em que os indivíduos são confrontados com decisões pessoais”.

Portanto, meus caros compatriotas, vamos arregaçar as mangas e começar já a trabalhar na construção de um Brasil melhor. Tal destino depende de nós. Somente de nós!

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