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Escravidão em pleno século 21. Ou: Como o multiculturalismo ajuda a preservar a escravidão moderna
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Uma reportagem no GLOBO de hoje mostra um estudo que aponta a existência de quase 30 milhões de escravos em pleno século 21. Vejam alguns dados:

Passados mais de 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, persiste uma das mais humilhantes formas de violência humana: a escravidão. Pela primeira vez, a Walk Free Foundation, baseada em Londres, criou um Índice de Escravidão Global, classificando 162 países de acordo com a proporção de escravos em relação à população. A fundação estima que 29,8 milhões de pessoas vivam como escravas hoje no mundo. Se a esmagadora maioria está concentrada em dez países, sobretudo da Ásia e da África, o índice surpreende ao revelar que o problema também atinge países tão ricos quanto a Suíça ou Suécia, embora em proporções bem menores. Só no Reino Unido, por exemplo, calcula-se que haja até 4.600 escravos.

Os escravos de hoje não estão à venda em praça pública, com o pescoço ou os pés atados por correntes, como em outros tempos. Mas estão presos com outras amarras: são crianças obrigadas a pegar em armas e combater em guerras; adolescentes forçadas a casamentos que, na realidade, escravizam; vítimas de um lucrativo tráfico que sequestra e vende pessoas para trabalho forçado nos seus países ou no exterior. Homens e mulheres também são escravizados por conta de dívidas que nunca conseguirão pagar. Há um ponto forte nas várias formas da escravidão do passado e moderna: exploração econômica. Os escravos modernos estão escondidos em casas, em plantações na Índia, nos prostíbulos da Tailândia ou nas fábricas de carvão do Brasil. E geram US$ 32 bilhões em lucros para as pessoas que os exploram.

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A Mauritânia, país muçulmano do Norte da África, lidera o Índice de Escravidão Global com um recorde particularmente dramático, segundo o estudo: nesse país de apenas 3,8 milhões de habitantes, mais de 4% da população está escravizada, de acordo com o documentado pela Walk Free Foundation, mas esse número pode ser ainda maior. A escravidão é hereditária. Adultos e crianças são, literalmente, “propriedade” de seus senhores, que têm direito total também sobre os descendentes. Mulheres, na Mauritânia, são consideradas como menores de idade: não há lei que combata a violência contra elas e estupro no casamento não é considerado crime. A escravidão só foi declarada ilegal em 1981, por um decreto que levou anos para ser implementado. Só em 2007 baixou-se uma lei definindo escravidão e abrindo a possibilidade de compensação às vítimas.

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Em termos absolutos, os países com os maiores números de escravos citados no estudo são Índia (14 milhões), China (2,9 milhões) e Paquistão (2,1 milhões). A Ásia é, disparado, o continente com o maior percentual de escravos: 72,14% dos estimados 29,8 milhões no mundo. Paquistão (terceiro no índice global) figura como o pior caso do continente, em relação ao total da população, seguido da Índia, Nepal, Tailândia, Laos e Camboja. Se na Austrália a legislação e as políticas de combate à escravidão são rigorosas, países como Japão, China e Papua Nova Guiné têm poucas leis de combate ao problema.

É tudo muito triste, realmente. Mas podemos tirar algumas conclusões importantes para combater esse mal. Em primeiro lugar, é preciso abandonar de vez aquele discurso antiocidental que vitimiza os africanos e condena os brancos europeus pela escravidão.

Isso ignora que a escravidão sempre existiu, que os próprios africanos escravizavam africanos ou participavam do tráfico de escravos, e que foi justamente o Ocidente que colocou um fim nessa prática milenar nefasta.

Constatar isso é importante, pois vemos que a escravidão permanece justamente em locais onde há menos influência dos valores ocidentais. Países asiáticos ou africanos, e muitos muçulmanos são os principais focos de escravidão em pleno século 21. Eis a triste realidade que não pode ser escamoteada.

O multiculturalismo, que adota postura de relativismo cultural contra o “etnocentrismo”, ou seja, impede que indivíduos possam, de forma minimamente objetiva, julgar que existem culturas mais avançadas, tem sido um grande inimigo da abolição dessa escravidão moderna. E pior: ele é alimentado pela própria elite culpada do Ocidente!

O primeiro passo para combater a escravidão é aceitar que existem certos valores universais inegociáveis, que entre eles estão os conceitos de liberdade individual e propriedade privada, a começar pelo próprio corpo, e que nenhum relativismo cultural pode ficar acima deles.

Infelizmente, em vez de abraçar com orgulho tais conquistas ocidentais, muitos ocidentais preferem criticar sua própria civilização mais avançada e enaltecer as mais atrasadas. O resultado: a permanência da escravidão em pleno século 21, muitas vezes dentro das próprias fronteiras ocidentais, pois os imigrantes acabam segregados em nome desse multiculturalismo.

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