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Jabor: o ranço esquerdista não desapareceu
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Arnaldo Jabor tem feito críticas ao seu passado socialista, e se tornou um grande inimigo do PT. Mas quando o assunto é Estados Unidos, todo seu velho ranço esquerdista vem à tona, com força total. O artigo de hoje deixa isso claro. O colunista tem dificuldade de entender que Obama é o Lula deles, e enxerga os Republicanos, especialmente os do Tea Party, como neandertais fanáticos. Pura ignorância. Vamos lá:

Estamos vendo hoje a loucura da América republicana. Eles topam destruir o país para impedir um bom governo para o Obama. Os republicanos estão provando que são os homens-bomba americanos. Morrem junto com o calote da dívida, com a crise profunda que estão programando, mas nem se tocam.

A metáfora do homem-bomba é, para começo de conversa, ofensiva ao extremo, por comparar deputados legitimamente eleitos que representam milhões de cidadãos decentes, com terroristas que matam inocentes deliberadamente. O que Jabor ignora é que os Republicanos estão chamando a atenção para algo fundamental: o teto da dívida do governo não pode ser aumentado infinitamente, o tempo todo. Em algum momento será preciso encarar a realidade econômica e CORTAR GASTOS PÚBLICOS.

Não conseguem aceitar o plano de saúde, uma espécie de SUS, o “Obamacare”, para proteger 30 milhões de americanos que não têm seguro-saúde. 

Proteger? Que baita monopólio dos fins nobres, hein! O SUS, como o próprio Jabor diz, protege alguém de fato? Piada. Hospitais públicos caindo aos pedaços, falta de remédios e médicos, fazendo com que o governo até importe cubanos. O Obamacare deve ser debatido sem essa tática pérfida de monopolizar virtudes, e sim enquanto meio proposto. Nesse aspecto, é altamente falho, gera problemas novos, e pode custar uma fortuna aos americanos. Isso o colunista não fala…

Eu já morei nos USA, antes dos anos 60, no coração da “América profunda”, na Flórida, e vi como o americano médio tem a “alma republicana”. A cidade era igual àquela do “Truman Show”. Ruas, pessoas, rituais, sorrisos e lágrimas, tudo parecia programado por uma máquina social obsessiva. A vida e morte eram padronizadas, previstas: abraços gritados, roupas iguais, torcidas histéricas no beisebol, finais felizes, alegrias obrigatórias, formando uma missão comunitária cheia de fé, como um carrossel de certezas girando para um futuro garantido.

Aqui temos apenas um ícone da esquerda caviar destilando todo seu preconceito contra a classe média, vista como um bando de alienados e idiotas que não viram a luz, tal como a elite esquerdista que lê Foucault e vota em Obama, um retumbante fracasso na prática. Aquela classe média vota em Reagan, o ator ignorante, que foi o responsável pela melhor gestão das últimas décadas. É a visão arrogante e antiamericana típica dos amantes do modelo francês, que esquecem da situação caótica em que a França se encontra, pois desfruta de bons vinhos e de caviar enquanto mete o pau nos pequeno-burgueses da classe média, responsáveis por boa parte da riqueza do país.

Mas havia uma outra América dentro da cidade: os negros. Eles passavam de cabeça baixa, o rosto torcido de humilhação, num ódio sufocado e inútil. Amontoavam-se no fundo dos ônibus, em pé, mesmo com os carros vazios, e moravam num bairro de madeira e terra, perto do braço de mar onde os barcos pesqueiros de camarão fediam. Aquela injustiça me espantava pela falta total de compaixão, eu que vinha de babás negras me beijando, eu que amava as mulatas cariocas lindas que já povoavam meus desejos aos 15 anos. Eu só via gente negra moldada por sofrimento e exclusão, disformes, deprimidos, frágeis mulheres engelhadas, jovens pretos trêmulos e esfarrapados. No ônibus amarelo do colégio, meus colegas louros, ruivos e brutos berravam contra os negros que passavam: “Hey, ‘nigger’, por que teu nariz é tão chato? Hey, ‘nigger’, por que teu cabelo é pixaim?” Depois, na época da “integração racial”, vi os mesmos negros sendo espancados pela ousadia de se banhar em piscinas públicas, onde aqueles brancos do meu passado jogavam ácido para queimá-los.

Eu tinha medo era dos brancos.

Eu tenho medo é da elite branca culpada, representada por gente como Arnaldo Jabor. Quanta barbaridade! Ninguém vai negar o racismo, especialmente aquele institucionalizado do passado. Mas essa visão é absurda, apela para uma vitimização cansativa que não leva a nada, ou pior, leva a uma segregação nefasta e a um racismo reverso. Leia Thomas Sowell, Jabor! Leia Walter Williams! São dois negros que rejeitam esse papo típico de branco querendo posar de “consciente” dos problemas de raça.

Os colegas porradeiros me investigaram com perguntas: “Que você acha? Teu país gosta dos russos?” Eu tremia e escondia minha vaga admiração juvenil pelo socialismo. Eles me olhavam desconfiados: brasileiro, latino, sabe-se lá? Depois disso, não me pediam mais cola de palavras, mal me olhavam. O pai de Melinda, putanheiro do Mangue, não me cumprimentou de sua poltrona esfiapada. Melinda ficou mais pálida e nosso namoro definhou. Há muitos anos, eu vi o “choque e pavor” da América profunda. Essa era a época da chamada “silent generation”, passiva e ignorante. Sua reação é a mesma dos fundamentalistas do Tea Party hoje. Sempre que algo acontece fora de seu controle, eles bloqueiam o presente e querem voltar ao passado. São mais perigosos que os islamitas guerreiros, que explodem trens e aviões mas não destroem a economia mundial por rancor, vingança e racismo, como os pequenos canalhas que humilhavam os negros na Flórida quando eu apareci por lá. Vamos aguardar os idos de novembro, quando uma nova recessão pode ameaçar o Ocidente.

A imagem de reacionários obtusos do movimento Tea Party, a caricatura adorada pela esquerda caviar ignorante. Para Jabor, gente como Ron Paul e os irmãos Koch são mais perigosos do que os islamitas “guerreiros”, os terroristas que explodem crianças! Eu poderia fazer como Jabor, e afirmar que esquerdistas da elite bien pensant dos ungidos são mais perigosos do que a Al Qaeda. Mas não farei isso, pois não sou canalha.

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