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Não há isenção na análise histórica sobre 1964
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Considero o regime militar como um todo indefensável. Nada justifica 20 anos de ditadura, sem falar que sou crítico de sua gestão nacional-desenvolvimentista e de seu positivismo inspirado em Augusto Comte.

Isso não me impede de reconhecer três coisas importantes: 1) o contexto de 1964, da Guerra Fria; 2) o lado positivo de alguns períodos do regime militar; 3) o fato de que aqueles “democratas” que apoiavam Jango desejavam, na verdade, implantar uma ditadura nos moldes cubanos em nosso país.

São coisas bastante evidentes, mas que quase ninguém pode falar, com receio de ser automaticamente acusado de reacionário, fascista, defensor de “milico” no poder, etc. Com isso em mente, aplaudo o artigo do general Rômulo Bini Pereira, publicado hoje na Folha. Lança luz justamente sobre essa parcialidade injusta que prejudica, inclusive, a compreensão daqueles conturbados anos.

O item mais relevante daqueles três acima, em minha opinião, é o terceiro e último. Como muitos daqueles guerrilheiros comunistas hoje estão no poder, há uma clara tentativa de reescrever o passado e pintá-los como democratas, vítimas arbitrárias de militares fascistas. Nada mais falso.

A farsa chega a um patamar tão absurdo a ponto de Marighella, um terrorista comunista, ser retratado com ares de herói atualmente (Wagner Moura que o diga). Os mais leigos e jovens podem acabar acreditando nessa baboseira. Por isso devemos reforçar a mensagem do general Pereira, que diz:

As apurações conduzidas vão gradativamente elevando ao patamar de herói brasileiro o “combatente” que enfrentava os militares. É o caso de Carlos Marighella, comunista e terrorista assumido, autor do “Manual do Guerrilheiro Urbano” (cópia de manuais estrangeiros e espécie de bíblia do terrorismo brasileiro), um “herói” em evidência e que já possui bibliografia, nome de rua, escola e em breve um filme heroico. É o Guevara tupiniquim!

Exatamente. Apenas a profunda ignorância ou a extrema má-fé podem justificar alguém enaltecer figuras deploráveis como Che Guevara e sua versão tupiniquim, Carlos Marighella. Ambos eram movidos pela sede de sangue e violência, pelo ódio e o rancor, sem nenhum apreço pela democracia, pela liberdade, pelo próximo.

Estavam dispostos a sacrificar seres humanos inocentes de carne e osso em nome de sua utopia, apenas um manto ideológico para encobrir sua patologia. Eram, basicamente, psicopatas que encontraram no comunismo uma desculpa para matar.

É realmente revoltante ver essa tentativa de alterar a história e enganar os mais jovens. Mas, como o general reconhece, enquanto os próprios camaradas daquela época estiverem no poder, a isenção da análise se torna praticamente impossível. Ele conclui:

Analistas isentos não conseguem expor suas ideias e opiniões a respeito dos governos militares. Se fazem qualquer referência favorável, são de imediato considerados pela intelectualidade como de direita, golpistas ou fascistas. É o revide costumeiro dos homens ideologicamente envolvidos com a esquerda brasileira. Para eles, são “21 anos de escuridão”, chavão que já evolui para “21 anos de trevas”, que serão “iluminados” pela “nova história”.

A geração que viveu esse período conturbado talvez tenha que desaparecer para que, no futuro, outros possam estudar e analisar com isenção a revolução de 1964. Nos dias atuais, conduzida por intelectuais ideologicamente comprometidos e por muitos que participaram de grupos terroristas, a história está sendo reescrita de cima para baixo, onde a neutralidade é uma falácia, com clara predominância do revanchismo e da emoção.

Não será uma “nova história”, mas uma mentira histórica.

Rodrigo Constantino

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