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O protesto chapa-branca esquizofrênico dos trabalhadores que não trabalham
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Quão irônico é o fato de que o protesto dos “trabalhadores” tenha ocorrido numa sexta-feira, dia útil, enquanto a manifestação dos “golpistas” esteja marcada para um domingo, dia de descanso? Essa é só a primeira grande contradição entre discurso e prática nos dois movimentos. O nome “movimentos sociais” é a segunda grande ironia: esses ditos “movimentos sociais” falam em nome da sociedade, mais especificamente do “povo”, mas são formados por sindicalistas e funcionários públicos que representam a classe média que atacam como “golpista”. É tudo uma tremenda confusão.

Foi Roberto Campos quem melhor definiu o fenômeno: “O PT é o partido dos trabalhadores que não trabalham, dos estudantes que não estudam e dos intelectuais que não pensam”. Ao julgar pela repetição de slogans prontos, como os ataques aos “coxinhas”, às “zelites”, aos “golpistas”, Campos foi certeiro: esse pessoal não consegue raciocinar, não gosta de trabalho (não confundir com emprego), e adora cabular aula para ficar repetindo frases de efeito em megafones. Mas a farsa é cada vez mais evidente e atrai menos simpatizantes.

Por qualquer ângulo, os protestos desta sexta-feira 13 foram um fracasso, e se compreende porque o Planalto queria vetá-los. Se domingo for mesmo um estrondoso sucesso, como esperado, a comparação será inevitável. Mesmo com o “vale-protesto” e a mobilização de transporte “gratuito” (pago pelo “contribuinte”, ou seja, o verdadeiro trabalhador), não foi possível atrair muito mais do que 30 mil pessoas pelo país todo. E isso incluiu imigrantes que nem falavam português e mal sabem quem é Dilma, mas estavam lá pelos R$ 30 a R$ 35 oferecidos pelos organizadores (CUT, MST e UNE).

São as prostitutas mais baratas do mundo! Apenas dez dólares (até ontem, pois o dólar não para de subir por conta das incertezas com esse governo incompetente). Creio que nem mesmo as prostitutas cubanas sejam tão baratas, e olha que na ilha socialista a oferta é abundante. Os “movimentos sociais” que falam em nome do “povo” só conseguem colocar gente nas ruas quando paga, pois nada há de espontâneo desses eventos organizados e decididos de cima para baixo. Se alguém tentasse pagar o dobro para que os manifestantes efetivamente pegassem na pá e na enxada para capinar um terreno, para trabalhar de verdade, ficaria espantado com a reação: a turma ali quer mesmo é mamar em tetas estatais. Talvez a forma mais rápida de dispersar essas manifestações seja começar a oferecer trabalho de verdade: será uma correria para fugir da “exploração capitalista”…

Por outro lado, já foi descoberta a fonte de financiamento da “direita golpista”: sim, ele mesmo, o trabalho! Por isso a manifestação espontânea, apartidária, teve de ser marcada para um domingo. O povo precisa ralar, até mesmo porque tem que pagar suas contas e a dos vagabundos convocados pela CUT e pelo MST, que fogem do trabalho como o diabo foge da cruz. Roberto Campos, novamente, e sempre com inteligência mordaz e pensamento arguto, resumiu: “Nossas esquerdas não gostam dos pobres. Gostam mesmo é dos funcionários públicos. São estes que, gozando de estabilidade, fazem greves, votam no Lula, pagam contribuição para a CUT. Os pobres não fazem nada disso. São uns chatos…” Claro que Campos falava de parte dos funcionários públicos, não de todos (ele mesmo era um), e sabemos bem de qual parte.

Outra ironia dos protestos de ontem foi o teor um tanto esquizofrênico deles. Era uma manifestação em defesa da presidente Dilma, da Petrobras, da democracia, mas contra as medidas econômicas… da presidente Dilma! Ou seja, estavam ali para defender uma presidente cujas medidas econômicas repudiam. Claro que tentaram colocar a culpa no bode expiatório, o ministro da Fazenda Joaquim Levy. Mas quem foi que escolheu Levy para o cargo? Um marciano? Obama? Já sei! FHC?

Mais uma piada foi o líder sindical da CUT repetir que defende todas as formas democráticas de protesto, mas que não vai aceitar manifestações em defesa do impeachment. Ora bolas! Em primeiro lugar: quem é ele para aceitar ou não uma manifestação nas ruas? Em segundo lugar, eu poderia jurar que o impeachment é previsto em nossa Constituição e, portanto, algo absolutamente democrático. Por fim, claro que essa mesma turma julgava o impeachment democrático e legítimo quando Collor era o presidente. O que mudou, além do tamanho dos escândalos de corrupção, que aumentaram exponencialmente? A esquerda está no poder. E com Collor como aliado!

A última pitada de humor negro nas manifestações desta sexta-feira 13 foi a bandeira em defesa da Petrobras. Como se espalhou pelas redes sociais, isso é mais ou menos como ter a Suzane von Richthofen, a assassina dos próprios pais, chorando em seu enterro. A Petrobras foi saqueada, pilhada, destruída pela quadrilha liderada pelo PT. O gerente Pedro Barusco, que respondia ao diretor Duque, apontado pelo partido, confessou que a corrupção foi institucionalizada após 2003. O simples gerente amealhou quase US$ 100 milhões em contas na Suíça. Bilhões, portanto, irrigaram os cofres dos corruptos, inclusive do PT. E os petistas querem “defender a Petrobras”? Só se fosse deles mesmos!

Termino o texto convocando todos os leitores decentes, cansados dessa pouca vergonha, dessa manipulação dos fatos, dessa tentativa de monopólio das virtudes por parte de vagabundos golpistas que acusam os trabalhadores brasileiros de classe média de “golpistas da elite”, a marcarem presença amanhã, nas manifestações espontâneas e legítimas que deverão tomar conta das ruas em todo país. Vamos, de forma pacífica e sem aceitar a provocação de eventuais pelegos infiltrados, protestar contra um governo corrupto, incompetente e extremamente mentiroso. Eis a diferença entre nós:

Camiseta vermelha da CUT: R$ 10.
Boné do MST: R$ 15
Foice para posar de lavrador injustiçado: R$ 20
Presença na passeata a favor de Dilma: R$ 35
Ir na manifestação legítima e espontânea domingo CONTRA a presidente: não tem preço!
Há coisas que o dinheiro podre do PT, desviado de nossos bolsos, compra. Para todas as outras, Mastercard.

Nos vemos domingo!

Rodrigo Constantino

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