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Vamos proibir a venda de facas?
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Leio no jornal sobre a tragédia ocorrida na China:

Homens armados com facas mataram neste sábado pelo menos 28 pessoas e feriram outras 113 em uma estação de trem chinesa, informou a agência de notícias oficial Xinhua. O ataque aconteceu na estação de Kunming, na província de Yunnan. Em seu site, a televisão estatal chinesa classificou o ato como “um violento ataque terrorista”.

“Foi um organizado, premeditado e violento ataque terrorista”, afirmou a Xinhua.

Segundo a estatal Yunnan News, os homens estavam usando uniformes pretos quando invadiram a estação ferroviária. A polícia matou cinco integrantes do grupo e procura outros cinco suspeitos. O presidente chinês, Xi Jinping, pediu que não sejam poupados esforços na busca pelos agressores.

A China afirmou que militantes islâmicos de Xinjiang foram resposáveis pelo ataque.

Em primeiro lugar, meus pêsames a todos os parentes e amigos das vítimas deste atentado bárbaro, mais um nas costas dos fanáticos islâmicos, ao que tudo indica. Mas peço vênia ao leitor para, invocando Adam Smith, utilizar essa desgraça chinesa para alguma reflexão proveitosa a nós mesmos, brasileiros.

Em Teoria dos Sentimentos Morais, o filósofo escocês imagina a reação de um humanitário a um terremoto que devasta a longínqua China. Ele iria expressar intensamente sua tristeza pela desgraça de todos esses infelizes. Faria “reflexões melancólicas sobre a precariedade da vida humana e a vacuidade de todos os labores humanos, que num instante puderam ser aniquilados”. Mas quando toda essa bela filosofia tivesse acabado, “continuaria seus negócios ou seu prazer, teria seu repouso ou sua diversão, com o mesmo relaxamento e tranqüilidade que teria se tal acidente não tivesse ocorrido”.

Pode ser chocante, mas é uma visão realista. Deixando o sentimentalismo de lado, gostaria de propor a seguinte questão a todos: devemos proibir a venda de facas? Não enlouqueci, nem estou brincando. Estou apenas levando a lógica dos desarmamentistas adiante.

Casos como esse acontecem na China com bastante frequência. Morte por armas brancas é algo muito comum por lá. Assassinos não deixam de matar porque armas são proibidas. Afinal, armas não matam; pessoas sim. E com as “armas” que estiverem à disposição, seja no mercado legal, seja no ilegal.

A turma do desarmamento prefere a retórica aos efeitos concretos de suas ideias, a sensação pessoal de parecer um pacifista ao resultado prático desse pacifismo. A tragédia na China parece distante de nossas realidades. Provavelmente o leitor vai continuar aproveitando o feriado do Carnaval como se nada tivesse acontecido.

É da vida, como Adam Smith sabia. Somos seres voltados aos próprios interesses, em círculos concêntricos que priorizam nossa família, nossos amigos, nossos compatriotas e por aí vai, nesta ordem.

Mas que possamos usar essa desgraça chinesa, ao menos, para refletir sobre as bandeiras desarmamentistas tão em voga por aqui, por parte de nossos “intelectuais progressistas”. Tirar armas de fogo dos cidadãos ordeiros não reduz a criminalidade. Apenas os transforma em alvos mais dóceis dos criminosos e também de estados autoritários, como vemos na Venezuela hoje.

E quando bandidos ou terroristas quiserem realmente agir, até mesmo facas poderão se transformar em instrumentos de execução coletiva.

Rodrigo Constantino

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