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Joe Biden defendeu o aborto, criticou o porte de armas e falou sobre as guerras
Joe Biden defendeu o aborto, criticou o porte de armas e falou sobre as guerras| Foto: EFE/EPA/SHAWN THEW / POOL

Sou fã da América, mas não gosto nada do "State of the Union", um momento em que o presidente é tratado como uma espécie de monarca iluminado a ser reverenciado pelo Parlamento. Em ano eleitoral, então, o troço vira pura campanha partidária. É para falar do "estado da União", mas o resultado é fomentar mais divisão de olho nos votos.

O discurso de Joe Biden nesta quinta foi raivoso. Para tentar demonstrar "energia" e rebater as acusações de que está velho demais e quase senil para o cargo, o presidente exagerou no tom. Era para falar da América, e começou o discurso falando da Ucrânia, talvez para comparar seu adversário a Trump, o que é absurdo.

As pautas extremistas abraçadas pelos democratas mainstream demonstram como eles se tornaram reféns da base radical.

Em seguida, Biden enalteceu a "liberdade reprodutiva", ou seja, o aborto, citando casos de mulheres que tiveram de mudar de estado para "resolver o problema" ou buscar "tratamento", i.e., eliminar o bebê indesejado em gestação. Será que acender vela para o movimento feminista radical é uma boa estratégia para unir a nação?

Biden atacou Trump o tempo todo, de forma indireta. Referia-se a ele como "meu antecessor", mencionou a pandemia para alegar que Trump falhou em sua missão básica de "proteger" o povo, e citou o 6 de janeiro para alertar sobre uma suposta ameaça golpista contra a democracia. "Nosso país não aceita violência política", disse Biden, ignorando os movimentos esquerdistas violentos ligados ao Partido Democrata.

"É preciso amar a nação quando perde a eleição também", afirmou numa tirada razoável, ainda que hipócrita. É justamente a turma democrata que tende a cuspir no legado americano o tempo todo, tratar a América como um rastro de opressão por supremacistas brancos, derrubar estátuas dos "pais fundadores", e ameaçar sair do país se Trump vencer. Obama dizia que desejava mudar "fundamentalmente" a América. Quem ama quer alterar a essência da coisa amada?

A América é uma grande nação, e não faz muito tempo era possível "atravessar o corredor" e buscar denominadores comuns entre os partidos. Os democratas moderados e os republicanos moderados representavam a possibilidade de diálogo e consenso sobre temas mais relevantes. Mas houve uma radicalização no Partido Democrata, a demonização de seus adversários pintados como "fascistas", e a instrumentalização do Estado para persegui-los. Trump é a resposta a tudo isso.

O "estado da União" é claramente de raiva. A polarização não é o problema em si, mas sim a tentativa de rejeitar cerca de metade do povo como "deploráveis". As pautas extremistas abraçadas pelos democratas mainstream demonstram como eles se tornaram reféns da base radical, que chega a defender até o Hamas contra Israel. Biden precisa acenar para essa gente insana. E isso tem feito muito mal ao seu governo e também sua popularidade. Tentar gritar num arroubo "enérgico" não vai mudar isso. As chances de Trump voltar à Casa Branca aumentam a cada dia. Tem até democrata jogando a toalha já. Aguardemos...

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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