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Leituras de 2014: algumas boas sugestões
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Como leio bastante, muitos leitores gostam de me pedir sugestões de livros. No antigo blog cheguei a escrever um texto com as principais leituras de 2014. Segue aqui novamente, e em breve faço a lista de 2015, cujo ritmo foi menos acelerado pelo excesso de mudanças em minha vida.

Literatura

Kafka à beira-mar – Haruki Murakami

Após ler a trilogia “1Q84″, que gostei muito, resolvi ler outros livros do principal escritor japonês da atualidade. Esse é um dos mais oníricos, impactantes. A saga de um menino em busca de sentido, em meio a situações surrealistas. Para quem gosta do estilo de Murakami, uma boa pedida.

Então tá, Jeeves / Sem dramas, Jeeves – P.G. Wodehouse

O mestre do humor britânico! Não tinha lido nada de Wodehouse ainda, e me tornei fã. Que leitura deliciosa! Lamento profundamente não ter outros livros da série do mordomo Jeeves no Brasil, pois foram momentos de puro deleite. Imperdível.

Notes from Underground – Roger Scruton

Já era profundo admirador do filósofo Roger Scruton, mas não conhecia seu lado de escritor de literatura. Esse livro é muito bom, relata a história de um amor que nasce em plena época comunista no Leste Europeu, levando-nos aos dramas vividos por milhões de pessoas inocentes nesse triste período da história.

Diabo apaixonado – Jacques Cazotte

Um clássico que me inspirou a escrever esse texto sobre a paixão e seus riscos. 

Henrique V – Shakespeare

Shakespeare é sempre Shakespeare. Esse clássico estava ausente em minha lista, e é dos bons, ainda que não dos melhores (“Rei Lear” é meu preferido). Diálogos sempre atuais, o que comprova a genialidade do bardo, hábil em tratar de temas atemporais, da natureza humana.

O professor – Cristovão Tezza

Não tinha lido nenhum livro de Tezza ainda, e esse foi o primeiro. Pretendo compensar o tempo perdido. Gostei muito, e cheguei a escrever um pequeno texto com base na leitura.

Entre amigos – Amós Oz

Não tinha lido nada o mais famoso escritor israelense da atualidade, e comecei por seu pequeno relato autobiográfico dos tempos de kibbutz. A leitura rendeu um texto sobre a utopia dos românticos que ignoram a natureza humana.

Sangue nas veias – Tom Wolfe

Gosto de Tom Wolfe, o carrasco da elite hipócrita. Seu “Radical Chic” foi uma inspiração para o meu “Esquerda Caviar”. Nesse novo romance, Wolfe disseca os conflitos raciais e culturais de uma Miami miscigenada e cada vez mais latina. E brega, também. Escrevi um texto depois.

A primeira história do mundo – Alberto Mussa

Um romance ao mesmo tempo policial, histórico e intrigante. Foi o que Mussa conseguiu criar com base no relato do primeiro assassinato que se tem notícia no Rio de Janeiro. Comentei aqui sobre a prazerosa leitura.

Desonra – J.M. Coetzee

O escritor sul-africano já era meu conhecido, e esse livro superou as expectativas, sendo o melhor que já li dele. Preconceito, tragédia, família, velhice, morte, solidão, tudo presente em páginas que prendem o leitor à poltrona.

Rasselas, Prince of Abyssinia – Samuel Johnson

Eu adorei “Candido” quando li, anos atrás, e Voltaire foi um dos filósofos que mais estudei. Mas quão superior é Dr. Johnson ao tratar de tema parecido! Seu Rasselas tem mais tato, maturidade e delicadeza do que o irreverente Candido, com seu humor ácido contra o eterno otimista Pangloss. Tracei um paralelo entre ambos aqui.

Os piores dias de minha vida foram todos – Evandro Affonso Ferreira

Um livro que mexe com a gente. Tocante, e ao navegar por tantas desgraças, acaba por nos mostrar que a imaginação da literatura pode ser libertadora. Escrevi sobre isso aqui.

Oeste: a guerra do jogo do bicho – Alexandre Fraga

Uma grata surpresa! Um policial que se mostra um talentoso escritor de romances, sendo que essa ficção imita tanto a realidade que ambas se confundem. Fiz uma resenha aqui, e recomendo.

A ilha do dr. Moreau – H.G. Wells

Os clássicos não são clássicos à toa. Uma leitura espetacular, que gerou esse texto sobre as várias interpretações possíveis dessa distopia.

Extinção – Thomas Bernhard

Meu amigo Bruno Garshagen recomendou essa leitura, e quando algumas pessoas dão recomendações, para mim é um imperativo categórico kantiano. Fui direto à livraria e comecei a leitura. Quis esganar o amigo no começo. O que eram aquelas repetições todas de adjetivos? Contei mais de 20 “sardônicos” numa só página. E a ausência de parágrafos? Uma incontinência verbal típica de um analisando no divã. Leitura densa, difícil, quase arrastada. Você fica exausto. Tive de intercalar com leituras mais leves, confesso. Mas compensou! Um livro do qual não dá para sair indiferente. O autor te arrasta para suas emoções carregadas, para sua visão elitista e sofisticada de mundo, mas repleta de traumas familiares. Uma das leituras mais marcantes de 2014, sem dúvida. Obrigado, Bruno! 

A balada de Adam Henry – Ian McEwan

Excelente o último livro do escritor britânico. Trata, como tem sido de praxe, do obscurantismo religioso, quando o fanatismo impede decisões mais racionais. Mas com tato e sensibilidade. Escrevi um texto com base na leitura.

Filosofia e Política

Litter: The Remains of our Culture – Theodore Dalrymple

2014 foi um ano em que mergulhei ainda mais nos pensamentos lúcidos do psiquiatra britânico Anthony Daniels, mais conhecido como Theodore Dalrymple. Como o leitor poderá constatar, foram vários livros do mesmo autor na lista. E todos altamente recomendados! Dalrymple é, sem dúvida, uma das minhas principais influências intelectuais na fase atual mais conservadora.

A política da prudência – Russell Kirk

Ainda na toada mais conservadora, esse clássico de Kirk é sensacional. Rendeu-me alguns textos, como esse resumo sobre os principais valores do conservadorismo, esse ataque aos libertários dogmáticos, e essadura crítica aos neoconservadores.

The Rational Optimist – Matt Riddley

Um dos livros preferidos do meu amigo Leandro Narloch, e não é para menos. O autor escreve com leveza, mas profunda bagagem histórica e cultural, mostrando como as trocas foram fundamentais para a evolução cultural de nossa espécie. Escrevi alguns textos com base no livro, entre eles este aqui, sobre o ambientalismo.

A cabra vadia – Nelson Rodrigues

Essas coletâneas de textos das décadas de 1960 e 1970 de Nelson Rodrigues são imperdíveis. Faltava esse livro na lista. Que escritor! Que estilo! Que ironia! E que inteligência!

The Wilder Shores of Marx – Theodore Dalrymple

Não vou me alongar quando se trata de Dalrymple. Apenas reforçar o apelo: leiam seus livros! Esse é sobre sua experiência incrível em países sob o comunismo, que ele visitou para conhecer de perto aquilo que abominava teoricamente. 

The Intolerance of Tolerance – D.A. Carson

Uma das grandes leituras do ano. O politicamente correto está destruindo o mundo, e os “tolerantes” se revelam, na prática, os mais intolerantes de todos. O livro é um “must” para compreender melhor como o ódio às religiões se mascara hoje de “tolerância laica”. Escrevi um artigo para o GLOBO com base no ótimo livro.

What is Marriage? – Sherif Girgis, Ryan Anderson & Robert George

Um livro muito interessante, que defende o casamento tradicional sem apelar tanto para conceitos religiosos. Fiz uma resenha aqui.

Our Culture, What’s Left of It – Theodore Dalrymple

Preciso repetir? Mesmo? Leiam Dalrymple! Esse é um de seus melhores livros, uma coletânea de textos que mostra a decadência cultural do mundo moderno. Leitura fundamental para quem deseja preservar o que temos de bom, o estoque de cultura e conhecimento, o legado dos antepassados, o que chamamos de civilização.

Adam and Eve after the Pill – Mary Eberstadt

Uma leitura provocante, que mexe com certas “vacas sagradas” de hoje, e que me rendeu dois textos que julgo interessantes: um deles sobre o lado negro da revolução sexual, e o outro sobre um paralelo curioso entre comida e sexo.

Lee Kuan Yew: The Grand Master’s Insights – Graham Allison

Cingapura vive sob o regime de um “déspota esclarecido”? Como compreender o sucesso impressionante do ponto de vista econômico desse lugar fantástico na Ásia? O livro faz um resumo do pensamento político e ideológico do “pai fundador” de Cingapura, e recebeu uma resenha minha aqui.

História e Utopia – Cioran

Luiz Felipe Pondé adora, então tinha que ler alguma coisa de Cioran. Pessimismo quase niilista, algo que provoca sensações lúgubres no leitor. Mas necessário, talvez. Comentei aqui sobre esse Nietzsche da Romênia.

Beauty: A Very Short Introduction – Roger Scruton

Em um mundo não só repleto de coisas feias, mas que enaltece tanta feiúra, esse pequeno livro de Scruton é um bálsamo em nossas vidas. Acabei a leitura e fui direto para a ação, escrever um texto em defesa da beleza.

As ideias conservadoras – João Pereira Coutinho

Sou fã do “portuga”, não perco uma de suas colunas na Folha, e já tinha lido sua coletânea de artigos antes. Claro que não perderia por nada seu livro resumindo as ideias conservadoras. E é mesmo excelente.Resenhei para o GLOBO o livro, e o recomendo muito.

Planeta Azul em Algemas Verdes – Václav Klaus

Em época de histeria com o aquecimento global e embusteiros como Al Gore tratados como santos abnegados, essa é uma leitura fundamental. Fiz uma resenha para o GLOBO também.

The War on Men – Suzanne Venker

O feminismo perdeu completamente a linha, e hoje virou uma caricatura do que foi no passado. Uma guerra contra os homens, basicamente. Esse pequeno livro mostra justamente isso, e fiz uma resenha aqui.

O jeitinho brasileiro – Lívia Barbosa

Ainda não tinha lido o clássico de nossa sociologia da malandragem, e é um bom livro. Talvez seja complacente demais com o jeitinho, ao enxergar um lado positivo que desconfio ser exagerado. Mas é importante para conhecer melhor nossa característica mais marcante como povo, e responsável por esse atraso todo.

A era do ressentimento – Luiz Felipe Pondé

Sou fã de Pondé, não perco uma de suas colunas na Folha, e leio todos os seus livros. Esse pequeno livro é mais um soco no estômago dos “inteligentinhos”. Coloquei algumas passagens aqui.

A técnica e o riso – Roberto Campos

“Lanterna na Popa” é um dos melhores livros que já li, e a inteligência de Roberto Campos é admirável. Mas ainda não tinha lido essa pequena coletânea de textos. Recomendo, como recomendo tudo de Campos.

Nunca antes na diplomacia… – Paulo Roberto de Almeida

O Itamaraty sob o lulopetismo virou uma piada de mau gosto, com forte viés ideológico. O diplomata Paulo Roberto de Almeida toca na ferida, fala com conhecimento de causa sobre essa mudança lamentável em nossa política externa. O livro rendeu vários textos ao blog, como esse aqui.

Não é a mamãe – Guilherme Fiuza

Adoro a ironia de Fiuza, e já tinha lido todos os textos do livro. Ainda assim, a leitura deles todos em sequência é impressionante, pois faz um relato do apagão intelectual do Brasil moderno. Fiz uma resenha para o GLOBO.

Not with a bang but a whimper – Theodore Dalrymple

Lá vou eu novamente: leiam Dalrymple! Seus livros sempre me inspiram a escrever vários textos. Esse rendeu, por exemplo, um ataque à falsa compaixão de certas pessoas.

Contra a perfeição – Michael Sandel

Gosto de ler livros de autores inteligentes de quem discordo. Acontece isso com os livros de Sandel, professor de filosofia em Harvard. Os três que li produziram ótimas reflexões, mesmo que não necessariamente concordando com suas conclusões. Esse último fala sobre esse impulso prometeico que é carregado de perigos, e que comentei aqui.

O nobre deputado – Márlon Reis

Quer ter uma boa ideia da podridão dos bastidores de nossa política? Então esse livrinho é uma boa pedida. Fiz um resumo aqui.

A busca pela imortalidade – John Gray

A obsessão da busca pela imortalidade acompanha dos homens há muito tempo, pois suportar a finitude da vida não é para todos. O filósofo John Gray trata do assunto nesse novo livro, que comentei aqui.

Biografia e História

Do que eu falo quando eu falo de corrida – Haruki Murakami

Esse livro destoa dos demais do escritor japonês, pois é uma espécie de autobiografia que mistura sua obsessão pela corrida com seu estilo de escrever. Detesto auto-ajuda, e não é disso que se trata. Mas digo que voltei a correr com mais regularidade após a leitura, que comentei aqui.

O Marxismo e a questão racial – Carlos Moore

O cubano negro e de esquerda é um incômodo para nossa esquerda, pois mostra como o regime cubano é racista na prática. Escrevi sobre isso no GLOBO.

Simón Bolívar – Karl Marx

A biografia que Marx escreveu sobre Bolívar deixa claro uma coisa: é possível ser marxista, e é possível ser bolivariano; mas é impossível ser ambos! Escrevi um texto para o GLOBO com base no livro.

A palavra pintada – Tom Wolfe

A história da arte contemporânea é também a história da destruição da arte. O crítico Tom Wolfe detona as tendências modernas nesse pequeno livro, que comentei aqui.

1789: A história de Tiradentes – Pedro Doria

Tiradentes é uma figura controversa, e biografias sobre ele sempre podem acrescentar algo novo. Pedro Doria fez um bom trabalho, e comentei aqui seu livro.

Darwin: Retrato de um Gênio – Paul Johnson

Paul Johnson está se especializando em pequena biografias que condensam o mais relevante dessas importantes figuras históricas. Foi o que fez nesse livro sobre Darwin, comentado por mim aqui.

A vida secreta de Fidel – Juan Reinaldo Sánchez

Como tem gente que ainda consegue admirar esse psicopata chamado Fidel Castro? Um espanto. Essa biografia escrita por ninguém menos que seu ex-segurança particular derruba mais um mito do líder cubano: sua suposta simplicidade. O homem vive como um nababo. O nababo do Caribe, como chamei emresenha para o GLOBO.

É isto um homem? – Primo Levi

Um relato comovente dos dias de campo de concentração, que nos remete ao absurdo de que os homens são capazes. Acabei visitando o Museu do Holocausto agora em dezembro, e o livro não saía de minha cabeça. Imperdível.

Sob pressão – Marcio Maranhão

A autobiografia de um médico jovem trabalhando na loucura do SUS é um importante relato da decadência de nossa saúde pública. Merece ser lido por todos os brasileiros. Escrevi uma resenha aqui.

Um país chamado Favela – Renato Meirelles & Celso Athayde

Não preciso destacar apenas as melhores leituras. Aquelas que geraram discordância também são importantes, em nome do debate civilizado em prol de um país melhor. Foi o caso com esse livro, que rebatiaqui.

Caráter e Liderança – Luiz Felipe D’Ávila

Já tinha lido “Os Virtuosos”, e gostado muito. Mas D’Ávila se superou nesse livro, com ótimas biografias de nove estadistas brasileiros. Uma leitura que tenta manter nossa esperança viva. Comentei aqui sobre ele.

Tudo ou nada – Malu Gaspar

A biografia de Eike Batista escrita por Malu Gaspar está excelente, e parece o roteiro pronto para um excelente filme, nos moldes de “O lobo de Wall Street”. Fiz uma resenha para o GLOBO.

Educação

Maquiavel pedagogo – Pascal Bernardin

Uma leitura fundamental para quem acha que é papo de paranoico falar em doutrinação ideológica no sistema educacional em nível mundial. A pedagogia virou um instrumento poderoso de disseminação do esquerdismo. Resenhei o livro aqui.

Education in a Free Society – Liberty Fund

Uma ótima coletânea de textos de autores conservadores e liberais sobre o que é uma educação livre e como a intervenção estatal costuma prejuficá-la.

The Voice of Liberal Learning – Michael Oakeshott

O livro nos leva pela tese do autor conservador de que civilização é uma grande “conversação” entre diferentes povos e culturas. Escrevi sobre isso aqui.

Repensar a educação – Inger Enkvist

O livro procura resgatar os conceitos tradicionais de uma boa educação, perdidos na atualidade. Escrevi uma resenha aqui.

É isso, caros leitores. Foram bons livros, agregando sempre mais conhecimento, despertando reflexões, estimulando a sensibilidade e a imaginação. Em breve, a lista de 2015, ainda em andamento.

Rodrigo Constantino

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