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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), marcou presença na manifestação em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro realizada em fevereiro na avenida Paulista.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), marcou presença na manifestação em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro realizada em fevereiro na avenida Paulista.| Foto: Lucas Saba/Gazeta do Povo

A participação do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), no ato em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista em 25 de fevereiro se mostrou uma estratégia acertada para a pré-campanha eleitoral. Essa é a leitura que os analistas políticos fazem sobre o crescimento das intenções de voto mostrado nas pesquisas recentes, ganhando espaço frente ao adversário Guilherme Boulos (Psol).

A análise é que Nunes está herdando votos do eleitor de perfil conservador fiel a Bolsonaro e que colocava sua preferência eleitoral em nomes atrelados ao ex-presidente, como o ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, Ricardo Salles (PL). "Há a ausência de um adversário à direita na disputa em São Paulo já que eles foram desmobilizados depois que Bolsonaro sinalizou apoio a Nunes na capital", diz Leandro Consentino, cientista político e professor do Insper.

Outro fator que pode estar pesando a favor de Nunes é o fato de ele se posicionar ao centro, conseguindo atrair, também, eleitores de posicionamentos ideológicos diversos. "Apesar de ter esse eleitorado à direita, ele não perdeu parte do eleitorado de centro que rejeita Guilherme Boulos por ele ser tido como mais radical. E parte desse eleitor de centro também votou em Nunes nas últimas eleições, quando ele foi vice de Bruno Covas (PSDB)", diz Cosentino.

Rejeição a Guilherme Boulos é trunfo para pré-campanha de Nunes

A rejeição do eleitorado a Boulos é o principal trunfo do gabinete de campanha de Ricardo Nunes. Pessoas do alto escalão da campanha dele acreditam que "o eleitor que rejeita Boulos não mudará de opinião" e que esse fator conta muitos pontos a favor de Nunes.

Nos debates, inclusive, o prefeito de São Paulo terá como estratégia surfar nessa rejeição, atrelando a imagem de Boulos a "invasor de propriedade".

A rejeição a Boulos pode estar sendo influenciada, também, pela ligação do pré-candidato com o padrinho político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cuja popularidade está em queda. Para tentar reverter essa tendência que impacta nos seus candidatos às eleições municipais, Lula fez uma reunião ministerial na segunda-feira (18), solicitando uma maior publicidade das ações das pastas.

Boulos, por sua vez, afirmou nesta terça-feira (19) que a parceria com Lula trará benefícios federais à população paulistana. "Nós vamos trazer os programas do governo federal para São Paulo, já estamos fazendo isso. Eu estive com o presidente Lula e com vários ministros, para a gente poder garantir o início de obras da Universidade Federal da Zona Leste, poder garantir os dois institutos federais previstos para São Paulo, na Cidade Tiradentes e no Jardim Ângela. Poder garantir que as obras do PAC aconteçam, policlínicas para exames e especialidades, novas UBSs, carros para o atendimento à saúde mental, que o governo federal vai trazer para a cidade de São Paulo", disse ele.

Aprovação à gestão de Nunes e de Tarcísio

Para o cientista político Cosentino, a aprovação da população paulistana à gestão de Nunes, que está subindo, pode ser mais um motivo para o crescimento das intenções de voto nas pesquisas eleitorais. "Seja por questões como benesses, obras públicas ou até mesmo a administração como um todo, a aprovação dele como prefeito melhorou", disse ele.

Para Enrico Nunes, presidente do MDB municipal, esse é o principal impulsionador da popularidade de Nunes. "As realizações estão aparecendo, o paulistano está enxergando isso. Do outro lado, temos adversários com discursos vazios, muitas vezes desconexos, com pouca prática e nenhuma experiência de governo. Ou temos, ainda, adversários raivosos, agressivos, com posicionamentos e apoios questionáveis", diz ele.

Boulos, por sua vez, critica os gastos públicos de Nunes e afirma que são os responsáveis pelo aumento da popularidade dele. "Nós sabemos que a eleição em São Paulo vai ser muito acirrada, não só pela polarização nacional. Nós temos que ter em consciência o seguinte: o prefeito despejou R$ 475 milhões em publicidade, está com a máquina na mão, fez R$ 5 bilhões em obras sem licitação. É natural que, tendo esse gasto de publicidade e uso de máquina pública, que um crescimento", disse ele.

Levantamento da Paraná Pesquisas

O levantamento publicado nesta terça-feira (19) pela Paraná Pesquisas mostrou o pré-candidato à reeleição para a prefeitura de São Paulo pela primeira vez à frente do deputado federal Boulos. Na pesquisa espontânea, Nunes aparece com 10,7% e Boulos com 9%.

O prefeito de São Paulo está subindo nas intenções de voto: em dezembro ele estava com 4,9%; em fevereiro com 5,3% e agora mais que dobrou para 10,7% (veja quadro). Essa tendência também foi constatada na última pesquisa publicada pelo Instituto Datafolha, quando Nunes (29%) aparece tecnicamente empatado com Boulos (30%) em resposta estimulada do eleitor.

Resposta da pergunta "Se as eleições para Prefeito de São Paulo fossem hoje, em quem o(a) Sr(a) votaria?"<br />Fonte: Reprodução Paraná Pesquisas SP-05177/2024
Resposta da pergunta "Se as eleições para Prefeito de São Paulo fossem hoje, em quem o(a) Sr(a) votaria?"
Fonte: Reprodução Paraná Pesquisas SP-05177/2024
| Reprodução Paraná Pesquisas SP-05177/2024

O questionário do Paraná Pesquisas foi aplicado entre os dias 13 e 18 de março de 2024, enquanto do Instituto Datafolha ocorreu entre os dias 7 e 8 de março. As perguntas de ambas as pesquisas foram feitas, portanto, após o evento em apoio ao ex-presidente Bolsonaro.

Metodologia da pesquisa

A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas pessoais, entre os dias 13 e 18 de março de 2024. A amostra é representativa da população da área pesquisada e foi selecionada em duas etapas. Na primeira etapa realizou-se um sorteio probabilístico das localidades onde as entrevistas foram realizadas através do método PPT (probabilidade proporcional ao tamanho), considerando a população residente nas localidades como base para essa seleção. Na segunda etapa, a seleção dentro da localidade, foi feita utilizando-se quotas amostrais proporcionais, em função das seguintes variáveis: gênero, faixa etária, escolaridade e renda domiciliar mensal.

Para a realização desta pesquisa foi utilizada uma amostra de 1.350 eleitores. Tal amostra representativa do município de São Paulo atinge um grau de confiança de 95% para uma margem estimada de erro de aproximadamente 2,7 pontos percentuais para os resultados gerais. A coleta de dados foi realizada por equipe especializada e treinada pela Paraná Pesquisas, com experiência em pesquisas de opinião. O trabalho de cada entrevistador foi auditado em aproximadamente 20% para a garantia da qualidade dos dados coletados.

Por que a Gazeta do Povo publica pesquisas eleitorais

A Gazeta do Povo publica há anos todas as pesquisas de intenção de voto realizadas pelos principais institutos de opinião pública do país. As pesquisas de intenção de voto fazem uma leitura de momento, com base em amostras representativas da população.

Métodos de entrevistas, composição e número da amostra e até mesmo a forma como uma pergunta é feita são fatores que podem influenciar no resultado. Por isso é importante ficar atento às informações de metodologias, encontradas no fim das matérias da Gazeta do Povo sobre pesquisas eleitorais.

Pesquisas publicadas nas últimas eleições, por exemplo, apontaram discrepâncias relevantes em relação ao resultado apresentado na urna. Feitos esses apontamentos, a Gazeta do Povo considera que as pesquisas eleitorais, longe de serem uma previsão do resultado das eleições, são uma ferramenta de informação à disposição do leitor, já que os resultados divulgados têm potencial de influenciar decisões de partidos, de lideranças políticas e até mesmo os humores do mercado financeiro.

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