O primeiro dia do julgamento do goleiro Bruno Fernandes, acusado de sequestrar e mandar matar a ex-amante Eliza Samudio, e de sua ex-mulher Dayanne Rodrigues do Carmo, processada pelo sequestro e cárcere privado do bebê que o jogador teve com a vítima, foi marcado por pelo menos duas acaloradas discussões entre representantes da acusação, a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues e advogados de defesa dos réus.
Desde o início dos trabalhos na manhã desta segunda-feira (4) no Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, defensores protagonizaram bate-bocas que levaram a magistrada a interromper a sessão algumas vezes. A primeira discussão ocorreu logo no início da manhã, antes mesmo do sorteio dos jurados que compõem o conselho de sentença, quando o assistente de acusação, o advogado José Arteiro Cavalcante, acusou um dos representantes de Bruno, Lúcio Adolfo da Silva, de "desrespeito" e ambos levantaram a voz com dedos em riste.
Durante a tarde, Silva protagonizou outro atrito, desta vez com o promotor Henry Wagner Vasconcelos, que chegou a dizer que se sentiu "ameaçado" quando o advogado, no meio do depoimento de uma testemunha, afirmou que "o bicho vai pegar" no julgamento.
E, em vários momentos ao longo do dia, a juíza discutiu com Ércio Quaresma Firpe, polêmico advogado que representava Bruno durante as investigações e que deixou o caso após aparecer em um vídeo fumando crack. Ele voltou a atuar no processo como defensor do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que será julgado a partir de 22 de abril pela acusação de assassinato e ocultação de cadáver de Eliza. Marixa repreendeu o advogado durante a manhã por causa de pedidos que fazia e que, segundo a magistrada, não caberiam naquele momento, e durante a tarde, porque Quaresma ficava andando pelo plenário e "soprando" perguntas para serem feitas à delegada Ana Maria dos Santos.
Júri
Apesar de o julgamento estar marcado para começar às 9 horas desta segunda, as discussões e uma série de questões preliminares apresentadas por acusação e defesa atrasaram o início da sessão. Apenas no fim da manhã foi definido o júri que vai julgar Bruno e Dayanne, composto por cinco mulheres e dois homens, aparentando média de idade em torno de 30 anos. Antes mesmo do sorteio dos jurados, porém, a defesa de Bruno tentou adiar novamente o julgamento.
O goleiro e sua ex-mulher já haviam se sentado no banco dos réus em novembro, quando foram julgados - e condenados - o ex-braço direito do atleta, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, outra ex-amante do jogador, Fernanda Gomes de Castro. Uma série de manobras da defesa, porém, levou ao desmembramento do processo, que resultou no julgamento iniciado nesta segunda.
Em uma das questões preliminares, Silva pediu novo adiamento dos trabalhos com o argumento de que há um recurso ainda a ser analisado pedindo que seja retirado dos autos o atestado de óbito de Eliza. O documento foi emitido em janeiro, por determinação de Marixa, afirmando que a vítima foi morta por asfixia no endereço de Bola em Vespasiano, também na região metropolitana da capital mineira. "Com esse atestado, três quesitos já estão respondidos", observou o advogado Tiago Lenoir que também integra a defesa do goleiro. Além do adiamento do julgamento, os advogados também pediram à magistrada que determinasse a retirada do atestado do processo, mas as duas solicitações foram negadas pela juíza.
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