• Carregando...
 |
| Foto:

Sem verba

Custo inviabiliza estudo sobre consumo de drogas no Brasil

O alto custo é um dos motivos pelos quais o Brasil não faz levantamentos nacionais anuais sobre consumo de drogas, segundo a secretária nacional interina de Políticas sobre Drogas, Carla Dalbosco. A última pesquisa desse porte foi feita em 2005. Ela informou que a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) está trabalhando em um novo levantamento domiciliar, que deve ser feito ainda neste ano.

"Em um país de dimensões continentais, uma pesquisa como essa envolve um aporte de recursos muito alto. Não é que o Brasil não tenha dados consistentes, se vocês acessarem o Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas, tem lá muitos resultados de pesquisas [pontuais]", disse.

Além do novo levantamento nacional, a Senad está desenvolvendo uma pesquisa sobre consumo de crack no Brasil, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a universidade americana de Princeton.

Em todo o mundo, estima-se que cerca de 230 milhões de pessoas (5% da população adulta, com idade entre 15 e 64 anos) tenham usado alguma droga ilícita pelo menos uma vez em 2010. O vício atinge cerca de 27 milhões de pessoas, o que representa 0,6% da população mundial. Praticamente uma em cada 100 mortes entre adultos no mundo é atribuída ao uso de entorpecentes.

Os dados fazem parte do Relatório Mundial sobre Drogas 2012, divulgado ontem pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc). Segundo a publicação, o consumo e a produção de drogas ilícitas, como a cocaína, a heroína e a maconha, têm ficado estáveis, apesar de mudanças nos fluxos e mercados de consumo dessas substâncias.

O relatório mostra ainda que 13% dos usuários de drogas têm problemas com a dependência, incluindo distúrbios e o aumento da incidência de contração do vírus HIV, de hepatite C e hepatite B – entre usuários de substâncias injetáveis.

De acordo com o Unodc, a maconha e os estimulantes do tipo anfetaminas são as drogas mais usadas no mundo. Globalmente, o consumo de cocaína ficou estável, com o número de usuários estimado em 2010 entre 13,3 milhões e 19,7 milhões, correspondendo a 0,4% da população adulta mundial. Na América do Sul, a Unodc informa que houve uma redução do uso de cocaína. No período de 2009 a 2010, a prevalência caiu de 0,9% para 0,7% da população.

Dados incompletos

O dado, no entanto, não é seguro, pois, entre outros motivos, não tem informação precisa sobre o consumo da droga no Brasil. "A falta de dados novos para este país impede um melhor entendimento do impacto nas estimativas regionais", descreve o relatório.

Segundo Bo Mathiasen, representante do Unodc para o Brasil e Conesul, os dados disponíveis sobre o consumo da cocaína e seus derivados no país ainda são de 2005. "Nós não sabemos qual é a prevalência do consumo de crack e de cocaína no Brasil", reconheceu, em entrevista à Agência Brasil.

Apesar da falta de informação, o Unodc atesta que houve aumento recente do consumo da cocaína no Brasil. "A percepção é de que aumentou. Até que nível, nós não sabemos com certeza", disse Mathiasen. A explicação para o suposto aumento do consumo se dá pelo crescimento da renda em alguns estratos sociais e também pela penetração do crack – que utiliza a pasta de coca, mais barata que a cocaína pura – na população mais pobre. "Tornou-se bastante visível que as pessoas estão usando crack; e as pessoas que estão usando crack são dos grupos sociais de menor renda, que devem estar entrando no consumo de cocaína e de derivados", aponta Roberto Tikanori, coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]