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Fêmea de chimpanzé com filhote: "assassina por natureza" ou por graça das circunstâncias? | Reuters/Arquivo
Fêmea de chimpanzé com filhote: "assassina por natureza" ou por graça das circunstâncias?| Foto: Reuters/Arquivo

A família está no centro de um debate que começou ontem em Curitiba e só termina hoje à tarde. O 1.º Seminário Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, que ocorre no Parque Barigüi, elegeu o núcleo familiar como foco de discussão porque é nele que acontece a maioria dos casos de violação dos direitos fundamentais da população infanto-juvenil. O seminário é uma das ações do 18 de maio, Dia Nacional de Com-bate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Todos os dias a Fundação de Ação Social (FAS) de Curitiba recebe, em média, denúncias de cinco casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Dos 1,8 mil registros do ano passado, 59% das vítimas eram meninas e 41%, meninos. Dois terços tinham entre 7 e 14 anos, 18% eram menores de 6 anos e 16% tinham entre 15 e 18 anos. Das ocorrências, 81% eram de abuso sexual e 17% de casos suspeitos, 1% era de exploração sexual comercial e um porcentual idêntico de casos suspeitos. O dado mais grave é que, em média, 70% dos casos acontecem dentro de casa. A agressão é cometida por pais, padrastos, tios, irmãos ou outros parentes.

O abuso sexual ocorre quando um adulto busca a gratificação sexual com um menor de 18 anos, inclusive sem contato físico. Já a exploração consiste na utilização de crianças ou adolescentes para atividades sexuais remuneradas, como no comércio do sexo, a pornografia infantil ou exibição em espetáculos sexuais públicos ou privados.

Com 32 anos de estudos nesta área, a socióloga Marlene Vaz, palestrante de ontem no seminário, diz que as pessoas costumam denunciar mais o abuso porque existe uma certa tolerância social à exploração, sustentada por argumentos como "também, a menina veste uma saia tão curta" ou "homem é homem".

Categorias

Marlene classifica os abusadores de crianças e adolescentes em duas categorias sociológicas: o circunstancial e o pedófilo. O primeiro pode ser qualquer homem, já que eles são educados numa cultura machista acostumada a subjugar a mulher. Mesmo as mães educam os filhos como "caçadores", segundo ela, talvez por receio de que se tornem homossexuais. Já a menina é educada para ser a "caça", o que gera uma dualidade, pois ao mesmo tempo que desempenha o papel de "presa", ela tem de tomar cuidado porque numa situação de abuso poderá ser apontada como culpada, mesmo sendo a vítima.

Quanto ao pedófilo, não há uma explicação para a causa deste comportanto e, portanto, não há uma cura conhecida. A maioria dos casos identificados – quase todos – é de homens e geralmente eles aparentam estar acima de qualquer suspeita. Pesquisas sugerem que, nestas pessoas, a sexualidade estaria restrita à primeira infância. O pedófilo tem como característica se apaixonar pela criança ou adolescente e, conscientemente, acredita que está fazendo o bem a ela. Uma maneira de demonstrar esta paixão é dando presentes, o que pode servir de alerta aos pais em caso de suspeita de abuso sexual dos filhos.

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