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| Foto: Henry Milleo/Gazeta

Quase um ano depois de anunciar que distribuiria repelentes para todas as gestantes do Brasil, o Ministério da Saúde publicou somente na segunda-feira (21) o edital de compra do produto, que, na mais recente versão do projeto, será fornecido somente para as grávidas integrantes do programa Bolsa Família.

Em dezembro, quando a pasta ainda era chefiada por Marcelo Castro, o governo afirmou que compraria repelentes para todas as grávidas brasileiras e o item seria produzido pelo laboratório do Exército, que já fornece repelente para os homens das Forças Armadas. O órgão, no entanto, desmentiu Castro e negou que tivesse capacidade para produção em larga escala.

No mês seguinte, o ministério passou a fazer contato com outros fabricantes, reduziu a promessa de oferta do produto apenas para as gestantes do Bolsa Família e anunciou que a entrega seria feita a partir de fevereiro - a promessa também não cumprida.

No início de outubro, o atual ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que a compra estava sendo realizada e os repelentes começariam a ser entregues em novembro - mais um prazo não atendido.

Agora, com a publicação do edital, a estimativa do ministério é que o pregão eletrônico para compra ocorra no dia 1.º de dezembro e o ganhador do pregão entregue os produtos em até 15 dias após a assinatura do contrato. Para participar do pregão, o fabricante precisa oferecer um produto com, no mínimo, quatro horas de proteção, conforme regra da Anvisa, em forma de gel, loção, aerossol ou spray.

O ministério afirma que cerca de 484 mil gestantes receberão o produto, com investimento de cerca de R$ 300 milhões, que serão fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário.

OMS estima mais mil novos casos de microcefalia no Brasil

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o zika está “aqui para ficar” e que pelo menos mais de mil novos casos de microcefalia ligados ao vírus deverão ser identificados no Brasil. Quatro dias depois de anunciar o fim da emergência global, a entidade reuniu nesta terça-feira (22) governos de todo o mundo para explicar a medida e garantir que a atenção sobre a nova doença será “reforçada”.

Anthony Costello, diretor de Saúde Infantil da OMS, explicou que atualmente existem 2,1 mil casos confirmados de microcefalia. Mas outros 3 mil estão em análise. “Desse total, poderemos esperar um número extra de mil casos confirmados”, disse. “A emergência mundial pode ter acabado. Mas temos um enorme problema de saúde”, comentou.

No total, a OMS aponta que o número total pode superar 3,1 mil casos, antes mesmo de o verão começar no País. A entidade também destaca que 80% dos casos ainda não têm sintomas nas mulheres - o que pode levar o número total de casos a ser ainda maior. De acordo com Costello, os novos casos por mês somam de 220 a 450 desde meados do ano no Brasil.

Ele confirmou que novos estudos coletados pela OMS alertam que quanto mais cedo a contaminação de uma gestante pelo zika, maiores as chances de que seus bebês desenvolvam problemas como surdez, má-formação e mesmo microcefalia.

“Se a contaminação for no primeiro trimestre, os riscos neurológicos são maiores”, explicou Pete Salama, diretor executivo da OMS. “Muitos nascem com cabeças normais, mas estamos descobrindo que os problemas podem ser maiores.”

Zika afeta um terço dos bebês

Um estudo que acompanhou 57 gestantes paulistas infectadas pelo zika reforçou a hipótese de que o vírus pode causar diversos danos aos bebês além da microcefalia. E as anomalias podem acontecer independentemente do trimestre de gravidez em que a mãe foi infectada.

Coordenada por Mauricio Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e integrante da Rede Zika (força-tarefa formada por pesquisadores de São Paulo apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Fapesp), a pesquisa monitorou 1.200 grávidas do interior, das quais 57 tiveram a confirmação de contaminação pelo vírus zika, com casos de infecção em todos os trimestres da gestação.

“Não sabemos se esse é um grupo selecionado”, disse Costello. “Mas precisamos mais estudos sistemáticos no Brasil e no mundo para saber qual a dimensão dos problemas.”

Para Salama, a OMS precisa de “vários anos” para responder a algumas perguntas. Mas o problema é que o financiamento pode ser um desafio. A entidade pediu US$ 112 milhões para bancar programas de combate ao zika pelo mundo em 2017. A entidade, porém, recebeu apenas US$ 15 milhões por enquanto. Apenas para a OMS, o buraco financeiro é de US$ 19 milhões.

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