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Joias, dinheiro e celulares não são os únicos na mira dos criminosos no Rio. Recentemente, um outro bem de valor, mais sentimental que material, vem se tornando alvo de ladrões na capital fluminense: os cães. Os episódios do tipo vem comovendo donos e criadores, além de especialistas na área de defesa dos animais. A Promotoria de Meio Ambiente e Defesa dos Animais já identificou uma tendência de roubos de animais de raça, para revenda e procriação.

O episódio mais recente ocorreu no canil Seavilles, em Guaratiba, na zona oeste do Rio, no último dia 29 de julho. O criador e administrador do local, Amilcar Santos, disse ter sido interpelado no WhatsApp por uma pessoa procurando um buldogue francês. O homem logo depois telefonou com o mesmo pedido. Segundo ele, essa mesma pessoa foi à porta do canil, onde Amilcar também mora. Quando ele foi atender o visitante, foi rendido com uma arma na cabeça.

Um segundo suspeito teria entrado para ajudar a levar os oito cachorros roubados - sendo sete fêmeas e duas delas (da raça buldogue francês) com cachorrinhos em gestação no ventre.

“A ideia de quem levou é ter os filhotes para vender. É uma coisa premeditada”, acredita o criador.

O caso foi registrado na 43ª Delegacia de Polícia, em Guaratiba. Santos estima que o prejuízo varie entre R$ 40 mil e R$ 50 mil reais, incluindo vacinas, gastos e potencial de procriação dos cães. Entre os animais subtraídos estavam dois buldogues franceses, três spitz alemães e três west highland white terrier.

“Já colocamos câmeras de segurança depois do roubo”, ressaltou.

O susto foi parecido com o sofrido pela escritora e roteirista Letícia Dornelles. Ela teve a cadelinha Alice, uma shih tzu de apenas dois meses de idade, roubada em julho durante um passeio por Copacabana, quando foi tomar água de coco na praia.

“Eu só vi uma mão passar por trás de mim, pegar a cachorrinha no chão e sair correndo. Nisso eu olhei, e eram dois rapazes, sendo um com uma mochila. Na hora eu até me desequilibrei, fiquei atordoada”, lembra Letícia. Ela não registrou o caso em delegacia.

O trauma foi grande para o filho dela, Patrick, muito apegado à cachorrinha. “Eu pensei ‘não posso contar pro meu filho de quatro anos que a cachorra foi roubada’. Ele vai ter medo de andar na rua. Eu falei que a Alice ficou com muita saudade da mãe e foi para um sítio encontrá-la”.

Mas a saudade do menino não passava e, no dia 23 de julho, Letícia decidiu comprar uma nova cachorrinha, também da raça shih tzu. Ela acabou também batizada de Alice, pela semelhança com a Alice original.

“As pessoas estão se superando. Hoje elas entendem o valor de um bem animal”, diz a promotora de Meio Ambiente e Defesa dos Animais Christiane Monnerat.

Segundo ela, raças menores e cachorros menos violentos são os alvos preferenciais dos criminosos. “Entra mais pincher, maltês, geralmente cães filhotes, que têm um valor melhor, e fêmeas, pelo valor da reprodução. Os animais de grande porte são complicados de levar”, explica a promotora.

A Polícia Civil informou que as ocorrências de casos de roubos de animais domésticos devem ser registrados nas delegacias de bairro. Como esses crimes são enquadrados como roubos de bens e não tem tipificação especial, o Instituto de Segurança Pública (ISP) afirma que não há estatísticas sobre o assunto.

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