O Paraná recebeu nos últimos dias dezenas de haitianos que se arriscaram na imigração para o Brasil em busca de oportunidades. Os estrangeiros, que entraram ilegais no país, tiveram a documentação legalizada pelo governo e vão trabalhar em empresas que enfrentam carência de mão de obra e se sensibilizaram com a situação deles.
Ontem, 44 haitianos desembarcaram em Cascavel, onde vão trabalhar nas obras do Hospital São Lucas, que pertence à Faculdade Assis Gurgacz (FAG). Eles também vão construir um novo bloco na faculdade. "Há seis meses nós procuramos mão de obra e não conseguimos suprir toda a necessidade. Mas o que pesou muito também foi a questão social", explica o engenheiro responsável pelas obras, Carlos Oya. O contato com os estrangeiros foi intermediado pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Acre. O estado é a principal porta de entrada dos haitianos no Brasil.
Além de contratá-los conforme a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a FAG vai prepará-los para o trabalho na construção civil e ajudá-los com a adaptação cultural. Por enquanto, o grupo fica hospedado em um alojamento no ginásio da faculdade, até que sejam organizados os apartamentos onde vão morar. A previsão é de que eles permaneçam na cidade por pelo menos quatro ou cinco anos, tempo que as obras devem levar para serem concluídas. "Se esta primeira experiência for bem sucedida, é possível que outros haitianos sejam contratados porque precisamos de um número três vezes maior de operários", conta Oya.
Esses não são os primeiros refugiados a se instalarem no Paraná. Na última sexta-feira, o município de Ibiporã, na região Norte, recebeu outros 24 imigrantes, que vão trabalhar na carga e descarga de mercadorias em empresas da cidade. Eles vêm amparados por um acordo entre o consulado do Haiti no Brasil e o Sindicato dos Trablhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral de Ibiporã. "Nossa cidade tem escassez de mão de obra em áreas que exigem força física. Há quatro anos a gente vem enfrentando dificuldades em contratar", conta o presidente do sindicato, Márcio Rodrigues dos Santos.
Segundo ele, os haitianos estão sendo tratados da mesma forma que os funcionários brasileiros e com os mesmos direitos, além de receber moradia e alimentação subsidiada pelo sindicato. "Eles vão exercer trabalho avulso, com direito a 13.º, FGTS e férias", garante Santos. Os trabalhadores avulsos prestam serviços a diversas empresas, sem vínculo de emprego, e são contratados pelo sindicato.
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