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Cigarros piratas são mais contrabandeados que maconha e cocaína na fronteira Brasil-Paranaguai. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Cigarros piratas são mais contrabandeados que maconha e cocaína na fronteira Brasil-Paranaguai.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O cigarro responde por 67,44% de todo o contrabando que entra pelas fronteiras brasileiras, o equivalente a R$ 6,4 bilhões entre perdas da indústria e evasão fiscal. Destes, R$ 4,5 bilhões correspondem aos tributos que o governo deixa de arrecadar. “O cigarro é algo tão lucrativo quanto a droga, e com risco muito menor”, disse um contrabandista aos pesquisadores contratados pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf). O avanço do cigarro pirata já havia sido revelado há um ano pela Gazeta do Povo.

Após três meses de investigação, a série de reportagens “Império das cinzas” revelou em março de 2014 como o contrabando de cigarro está superando o tráfico de maconha e de cocaína e redesenhando a geopolítica do crime organizado na fronteira Brasil-Paraguai. A série revelou ainda que o maior beneficiado é o presidente do Paraguai, Horacio Cartes. Das 11 marcas que ele produz na Tabacalera del Este (Tabesa), cinco respondem por 49% de todo o cigarro paraguaio apreendido no Brasil.

Ao analisar a estrutura do contrabando do cigarro e os passivos que a ele vem agregados, o estudo do Idesf separou seus custos em quatro grupos: logística, corrupção, perdas e risco.

Apesar de ser a parte do processo que envolve mais pessoas, a logística representa o menor custo, ou 3,24% do valor de uma carga média de mil caixas em um caminhão no trajeto de Foz do Iguaçu a São Paulo. Essa parte engloba os custos com pessoal (barqueiros, capivaras, olheiros, motoristas, ajudantes, passadores e batedores), aluguel de depósito, transporte (combustível, pedágios, alimentação), segurança, aluguel de portos e desgaste de automóveis.

As perdas relacionadas giram em torno de 10% do valor da carga e se devem às apreensões. No período de um ano, o contrabandista pode chegar a perder 10% do volume total contrabandeado. Essa porcentagem é estabelecida como o valor da perda, já que todo contrabandista está sujeito a perder mercadoria em qualquer viagem.

O custo do risco corresponde a 9% do valor da carga e se refere as possíveis perdas depois de passada fronteira, área mais suscetível à apreensão. Caso a mercadoria chegue ao destino final, o custo do risco se transforma em rentabilidade do produto. Considera-se o lucro mínimo de 179% por carga. Se não houver perdas nem pagamento de propina, a rentabilidade pode chegar a 231%.

A corrupção de agentes públicos representa um custo de 9% do valor total do contrabando que entra no país. Esse é um problema de caráter econômico, mas também tem um caráter social e ocorre devido às condições de trabalho, insegurança, falta de infraestrutura, baixos salários e falta de vocação para a profissão.

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