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Camisa 9 do Fluminense, Fred foi citado em uma transmissão de futebol como "o atacante que o Brasil precisa". A oração tem estrutura semelhante a esta, enunciada por um falante com excelente escolaridade: "Conheço muitos países, mas o país que mais gosto é o Brasil".

Os dois exemplos, multiplicados por milhões todos os dias (basta ouvirmos com atenção a forma como os brasileiros falam), indicam que o uso de preposição em construções como essas está se tornando cada vez mais raro na fala.

Vamos analisar as duas orações dando uma olhada nos verbos "precisar" e "gostar". Ambos são transitivos indiretos, e isso quer dizer que seus complementos são encabeçados por uma preposição, no caso a preposição "de": precisar de, gostar de. Por exemplo: "o Brasil precisa do (de+o) atacante Fred" e "eu gosto do Brasil". Agora levamos o raciocínio para as duas sentenças: "Fred é o atacante de que o Brasil precisa" e "conheço muitos países, mas o país de que mais gosto é o Brasil". Repare que a preposição é colocada antes do relativo "que". E aqui temos uma questão interessante.

O deslocamento da preposição mostra que os enunciados não são exatamente da mesma natureza, tanto que jamais ouvimos alguém dizer "o Brasil precisa Fred", nem "eu gosto Brasil". Ou seja, nesses dois exemplos, o uso da preposição é condição necessária para que tenhamos uma sentença na nossa língua; por outro lado, as outras duas orações funcionam sem preposição.

Na escrita, o uso da preposição é o padrão, é a norma seguida por jornais, revistas, textos de divulgação científica, textos jurídicos etc. A analogia proposta pode nos ajudar nessa tarefa. Por fim, não custa lembrar que é importante usarmos a preposição também na fala, principalmente em situações formais, monitoradas. Demonstra nosso conhecimento da variedade culta. E isso é bom.

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