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O hipódromo sempre foi lugar de se desfilar moda e luxo. O Prado do Guabirotuba reunia a nata do esnobismo curitibano com seus carrões estacionados ao lado da pista de corridas |
O hipódromo sempre foi lugar de se desfilar moda e luxo. O Prado do Guabirotuba reunia a nata do esnobismo curitibano com seus carrões estacionados ao lado da pista de corridas| Foto:
  • O estacionamento no centro da cidade já era um problema em 1964. A foto é do terreno do Banco do Brasil, na Rua Cândido Leão. O local era conhecido como a pedra dos picaretas
  • O desfile de automóveis pela Rua XV de Novembro foi uma constante até o início da década de 1970. A foto é de 1947, da esquina da Rua Dr. Murici
  • Curiosos admiram os carros último tipo, em Campo Largo, no final da década de 1920
  • A Agência Cirruelos, na Rua Comendador Araújo, com seus carros expostos para venda na década de 1920
  • Rua Marechal Deodoro esquina com a Barão do Rio Branco. Automóveis ocupam o espaço dos prédios demolidos para o alargamento da rua em 1965
  • O 1º automóvel de Curitiba, em 1903

Segundo consta na história automotiva curitibana, o primeiro automóvel rodou pela cidade no ano de 1903 e pertenceu ao industrial da erva-mate Francisco Fido Fontana. Por sinal, foi também ele o primeiro a instalar revenda e oficina para atender o pessoal de olho comprido, que também queria ter o seu pé de bode.

O cidadão comum de Curitiba, na época, se locomovia pela urbe em carroça, a cavalo, de bicicleta, em bonde de mula ou, então, pela maneira mais antiga e conhecida: no pé dois. Ter um automóvel era sinal de fortuna, projeção social e, obviamente, tornar-se um indivíduo comentado e invejado, valor que se dá ainda hoje a certos possuidores de carros sofisticados.

Em 1913 foi inaugurado o bonde elétrico, um transporte coletivo mais confortável, quando já rodavam pela cidade alguns automóveis de aluguel – que o povo chamava de carros de praça, em razão dos mesmos fazerem ponto, em princípio, na Praça Tiradentes. Somente na década de 1920, surgiram os primeiros ônibus. Entretanto, caminhões de carga já existiam desde 1913, quando foram introduzidos no serviço público pelo prefeito Cândido de Abreu.

Paulatinamente o volume de automóveis foi crescendo – importados dos Estados Unidos e da França, Itália, Inglaterra e Alemanha. Em 1939, ao estourar a Segunda Guerra, Curitiba já era considerada uma cidade que possuía mais automóveis que telefones. As importações recomeçaram após o término do conflito mundial – durante a ocorrência do mesmo, houve falta de gasolina e automaticamente o seu racionamento, quando se adaptou o uso de gasogênio, um combustível produzido pela queima de carvão em um aparelho especial e instalado na parte traseira dos veículos.

O automóvel foi deixando de ser um luxo, para se tornar uma utilidade nos serviços de atendimento ao conforto público. Com a implantação da indústria nacional de automóveis pelo presidente Juscelino, em meado da década de 1950, o crescimento do uso e a popularização da maneira de se locomover sobre rodas foram estrondosos. Em menos de meio século, o Brasil passou a exportar parte de sua produção de carros, e na atualidade já se ombreia com outras nações produtoras e exportadoras de veículos.

Mas, e Curitiba? Ah! Curitiba! A cidade tem em proporção à sua população a maior frota de veículos do Brasil. O congestionamento é uma constante no início e no fim do dia. Nunca se viram tantos carros nas ruas. Em torno de trinta automóveis são guinchados todos os dias, por estarem mal-estacionados. O serviço de táxis também deixa a desejar – enquanto São Paulo possui 1 táxi para cada 300 habitantes, em Curitiba a frota é a mesma desde 1976, sendo 1 táxi para 780 habitantes. Os ônibus ligeirinhos e mais os 522 articulados, nas horas de pico, servem mal seus passageiros, que viajam apinhados em total desconforto. E dizem que é o melhor transporte coletivo urbano do país – dá para ficar imaginando como será o resto nas outras localidades.

Estudiosos, sérios, do volume de automóveis particulares que circulam pela cidade tentam decifrar o motivo porque a quantidade é tão grande. Uma das razões é fornecida por quem tentou servir-se do transporte coletivo e acabou achando-o torturante. Apelando, então, para aquisição do próprio veículo, para possuí-lo não como objeto de luxo, mas sim como utilidade necessária para viver melhor.

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