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Tora de pinheiro exposta na Boca Maldita |
Tora de pinheiro exposta na Boca Maldita| Foto:
  • Rua Mauá, ao lado do campo do Coritiba. Árvores e muita madeira aplicada, em 1947
  • Carvalho plantado na inauguração do Passeio Público, em 1886. Morreu por falta de cuidados
  • Festival de indústrias com a participação de Móveis Cimo, na época a maior do país
  • Rua Comendador Araújo, completamente arborizada. Foto de 1939
  • Bacacheri, Avenida Graciosa: árvores, casas e cercas de madeira, em 1944

Está lá estirado, para quem quiser ver. Quando vivo foi guapo, altaneiro; agora morto, serve de exemplo para os curiosos que desejam conhecer sua história. Sua família vem sendo exterminada desde que ele nasceu, há duzentos anos.

Seu tronco está deitado sobre o calçamento da Avenida Luiz Xavier para a visitação pública. Um senhor com jeito de alemão comenta: "Deve ter uns seis metros cúbicos! Se for de primeira, qualquer serraria pagaria ‘milão’ por metro." Um rapazote admirou-se do valor do finado.

Araucaria angustifolia, mais conhecido como pinheiro-do-paraná, eis o morto pela ganância de quem se autodenomina madeireiro, espécie ainda existente onde houver árvores que possa derrubar. A frase que melhor o define foi dita pelo então interventor Manoel Ribas, durante um almoço de madeireiros no interior do Paraná, quando vários deles usaram da palavra intitulando-se de industriais da madeira. Para encerrar o acontecimento, falou Manoel Ribas, olhando de um lado para outro: "Industriais da madeira? Aqui não vejo nenhum! O que enxergo na minha frente são alguns safristas, que se apoderam do que a Natureza criou!"

A devastação de araucárias continua sobre o que resta, ainda que, agora, as autoridades do meio ambiente estão prendendo e multando tais safristas ilegais. Numa única apreensão foram constatados 600 metros cúbicos de madeira serrada, carga para ser transportada por meia centena de caminhões. Por curiosidade, dei uma espiada na internet e ali aparecem diversas ofertas de pinheiros-do-paraná.

Em Tibagi, alguém oferece 5.300 pinheiros com 27 anos de idade, sendo a liberação de corte por conta do comprador. No Pinhão, tem oferta de pinheiros tanto em madeira serrada como em toras. Em Ponta Grossa, anunciam a venda de toras de pinheiros de 15 a 35 centímetros de diâmetros e de várias regiões do Paraná, com quantidade e preço a combinar. Em Jaguariaíva, vendem toras de pinheiro atendendo a qualquer quantidade. Guarapuava oferece toras de araucária em qualquer volume. Em Palmas, são oferecidos toras de pinheiros de primeira qualidade por mil e trezentos reais o metro cúbico, de várias bitolas conforme pedidos.

O leitor, querendo tirar dúvidas, procure na internet, que irá encontrar esses e tantos outros anúncios de morte dos nossos pinheiros, que estão céleres a caminho da extinção. O argumento usado para efetuar tal devastação prende-se sempre ao fato de que os pinheiros são a única riqueza de quem os possui. Esse assunto é aventado inclusive por municípios que veem aí uma maneira de engordar as suas arrecadações.

A Nostalgia deste domingo apresenta algumas fotos curiosas de Curitiba com a cobertura vegetal que já desapareceu, não sendo propriamente de pinheiros. Temos ainda um detalhe do transporte de uma tora para uma serraria e, em destaque, o tronco do pinheiro abatido no interior do estado e exposto na Boca Maldita.

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