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 | Mauro Campos
| Foto: Mauro Campos

Ela tem apenas 24 anos, nasceu em Maringá, e carrega dois sobrenomes de peso da política paranaense: Borghetti (da mãe) e Barros do pai. Filha única da vice-governadora Cida Borghetti e do atual ministro da Saúde, Ricardo Barros, Maria Victória (como é conhecida politicamente) será homologada logo mais à noite, no Palácio Garibaldi, candidata à prefeitura de Curitiba pelo Partido Progressista, ao qual é filiada desde os 16 anos. Formada em Hotelaria na Suíça, com pós-graduação em Administração na University of Derby, na Inglaterra, ela cursa atualmente um MBA em Relações Governamentais na Fundação Getúlio Vargas. Fluente em inglês, francês e italiano, Maria Victória convive com a política desde criança. Aos 2 anos, já frequentava, no colo do pai, os ambientes políticos do interior e da capital. Apesar da origem interiorana, tem raízes em Curitiba. Seu avô materno, Ivo Borghetti , foi proprietário do restaurante Casa Grande, nas Mercês. Já foi voluntária na África e estagiou em um hotel estrelado na China. É com esse currículo e um punhado de ideias que pretende conquistar o eleitor curitibano. Ontem à tarde, ela conversou com a coluna no café do Museu Oscar Niemeyer.

Por que você decidiu ser candidata a prefeita de Curitiba?

Maria Victória: Porque eu sou obstinada em achar soluções para os problemas. Eu quero servir Curitiba, eu nasci para isso, não me imagino fazendo outra coisa e acredito, assim como muitos curitibanos, que Curitiba pode ser muito melhor do que ela é hoje. Ela tem um potencial maravilhoso, sempre foi referência em planejamento urbano, era considerada uma cidade ecologicamente correta e isso precisa voltar e eu quero trabalhar para fazer isso acontecer.

Digamos que consiga convencer os eleitores . Em caso de vitória, se sente preparada o suficiente para administrar uma cidade como Curitiba, com as demandas que ela tem hoje?

MV: Me sinto preparada sim por entender que ninguém faz nada sozinho, ninguém governa sozinho. Então, com uma boa equipe, uma equipe capacitada, com vontade de fazer as coisas acontecerem, com espírito de servir, que quer de fato fazer a diferença, escutando sempre aqueles que têm mais experiência e sabem como fazer e com essa vontade de inovar e procurar soluções que caibam à cidade de Curitiba e caibam no orçamento, eu tenho certeza que isso é preparação, sim. Apesar de não ter exercido um cargo executivo no meio privado eu sou administradora e tenho aprendido muito no mandato de deputada estadual.

Que influência seu pai e a sua mãe teriam na sua administração?

MV: A mesma influência que eles sempre tiveram na minha vida, de conselhos, de talvez abrir os meus olhos como pais, mas a decisão final sempre foi minha desde que eu tinha 12 anos de idade (risos) porque sempre fui muito independente e vai continuar sendo assim.

Circulam comentários de que a sua candidatura não seria totalmente pra valer, mas para ajudar a alavancar a candidatura da sua mãe ao governo do estado em 2018. Até que ponto isso é verdade?

MV: As pessoas falam muito. Cada hora eu descubro uma coisa, mas não procede. A minha candidatura é pra valer, amanhã vamos homologar na convenção do Partido Progressista e dia 16 começamos pra valer a campanha e eu estou muito animada e tenho fé de que vai dar certo.

Outra especulação é de que você poderá vir a ser vice de algum dos candidatos...

MV: Por conhecer muito bem o meu pai, assim que o partido me colocou como pré-candidata à prefeitura de Curitiba, e eu topei de imediato, já disse: não venham querer me colocar de vice depois, que agora eu sou candidata e serei candidata (risos).

Em nenhum momento você ficou intimidada com o fato de ser candidata, sendo tão jovem, de enfrentar uma campanha e adversários experientes, alguns inclusive que já a administraram?

MV: O frio na barriga é constante. Antes de dormir, na hora de acordar, é uma responsabilidade muito grande, mas nada na vida é fácil e de fato uma campanha não é fácil, o dia a dia na política não é fácil.

Como vê a atual gestão de Curitiba?

MV: Eu tenho certeza de que o atual prefeito e sua equipe têm feito o melhor possível dentro da sua capacidade, mas não só eu, mas diversas pessoas entendem que Curitiba poderia estar muito melhor sendo que a cidade é a quinta no ranking que mais arrecadou no ano passado. Então, dinheiro tem. O que falta é boa gestão. É isso que nós vamos oferecer.

Como você acha que deve ser hoje uma grande cidade como Curitiba?

MV: Uma cidade inteligente, conectada, que de fato tenha a participação das pessoas, num processo verdadeiramente democrático e que seja transparente, verdadeiramente transparente e que as pessoas possam entender e participar.

Qual seria, em termos gerais, a sua plataforma de governo? Por onde você começaria?

MV: Eu começaria reintegrando o transporte metropolitano, mostrando que o metrô ficou inviável economicamente e uma linha só não resolveria o problema de mobilidade da cidade. Então, a ideia é usar a infraestrutura dos BRT já feita em 1970 pelo Jaime Lerner e fazer os VLP, que são os Veículos Leves sobre Pneus, com um custo de construção muito menor, de manutenção muito menor e que atenderia assim à demanda da população. Humanização na saúde, o projeto CIC Família, que é uma integração de saúde, educação, nutrição, esporte para a primeira infância. A ideia é investir nesta fase, que é o que está se fazendo no mundo todo.

Não teme sofrer um duplo preconceito por parte do eleitorado mais conservador por ser mulher e muito jovem a disputar um cargo majoritário?

MV: Olha, sempre o pré-conceito vai existir, mas olhando a história mundial, a Maria Vidal, governadora da província de Buenos Aires, ela também era o protótipo de candidata que ninguém queria, uma jovem mulher, e está aí, eleita e fazendo um belíssimo trabalho. Então é tudo uma questão de ponto de vista e de acreditar que independentemente do protótipo não ser o de costume que também pode se bom ou talvez melhor.

Caso seja eleita prefeita, a família Barros estará no topo da pirâmide política do estado: a sua mãe vice-governadora, mas assumindo governo com a desincompatibilização do governador Beto Richa para concorrer ao Senado e o seu pai ministro da Saúde. Melhor que isso impossível, não?

MV: Seria um reconhecimento das pessoas pelo nosso trabalho.

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