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Americanos não caminham para universalização

O sistema americano de saúde pública não é e nem deve ser, num futuro próximo, universal, isto é, acessível a toda a população. A reforma americana proposta pelo presidente Barack Obama contempla apenas a inclusão de cerca de 50 milhões de norte-americanos no sistema de saúde pública, expandido o benefício para todas as famílias que ganhem até US$ 33 mil por ano.

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Existe uma diferença fundamental entre os sistemas públicos de saúde do Brasil e dos Estados Unidos. En­­quanto o SUS tem abrangência universal na teoria, mas, na prática, não consegue atender a demanda, os programas americanos – Medicare e Medicaid – oferecem atendimento de primeira qualidade, mas para uma parcela muito pequena da população. Apenas idosos, pacientes com necessidades especiais e famílias de baixa renda selecionadas pelo governo têm direito ao benefício.

Segundo o próprio presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, quase 50 milhões de norte-americanos não têm plano de saúde. Se a reforma proposta por ele não sair do papel, esse número só tende a aumentar. As mensalidades dos seguros de saúde estão cada vez mais caras e este aumento tem sido provocado principalmente pela proliferação dos processos de negligência médica. Os altos custos tanto dos tratamentos quanto dos planos, aliados à crise econômica, têm obrigado muitos a simplesmente desistirem de buscar atendimento médico, a não ser em casos de emergência.

Durante os dois últimos anos que vivi nos Estados Unidos, adotei a estratégia da prevenção total. Como eu não tinha direito ao atendimento gratuito por não fazer parte de nenhum grupo coberto pelos programas públicos, mas também não teria condições de arcar sozinha com esse tipo de despesa, por viver com orçamento de estudante, o jeito era olhar atentamente para os dois lados antes de atravessar a rua para evitar qualquer tipo de acidente, e me agasalhar muito bem para não correr o risco de pegar uma gripe.

Até a compra de medicamentos é complicada no país, já que nada se adquire sem prescrição. Os remédios de venda livre (os chamados "over the counter") – comprovada­­mente menos eficazes – eram a úni­­­ca alternativa para amenizar os sintomas de um resfriado ou dor de garganta.

Apesar de trabalharem de maneiras diferentes, os dois sistemas de saúde precisam enfrentar o mesmo problema: o desamparo da população, em meio ao aumento no número de casos de doenças crônicas e os surtos frequentes de doenças infecciosas, como a gripe A. O governo norte-americano já está no caminho para resolver os seus problemas. Resta saber quando o Brasil fará o mesmo.

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