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“Eles dilaceraram a minha família”, desabafou o empresário Francisco Múrmura, marido de Regina Múrmura, morta por traficantes da Favela do Caramujo, em Niterói, em entrevista ao programa Mais Você da TV Globo na manhã desta quarta-feira (7). O empresário contou como foram os momentos que antecederam o ataque sofrido na favela e fez críticas ao aplicativo waze.

Francisco contou que foi a primeira vez que utilizou o aplicativo de localização. “Eu era relutante com a Regina. Nunca usei (o aplicativo). O meu aplicativo é aquela moda de abaixar o vidro do carro e perguntar para uma pessoa da região. Era um destino tão conhecido. Íamos sempre lá. (..) Disse a Regina que até São Francisco não precisava me avisar. (..) Não quis descordar de Regina. Passando o pedágio, ela estava muito empolgada por essa tecnologia nova, ela colou o waze e aí começou a primeira barbaridade do waze”, disse.

O empresário contou que foi levado pleo aplicativo para um caminho desconhecido, mas achou que poderia ser um novo caminho a conhecer.

“Falei, vou por aqui, quem sabe vai me mostrar um novo caminho. Estamos sempre em busca de novidades. Entrei a esquerda na ponte. De repente ele (o aplicativo) diz daqui a quatro quilômetros você está próximo do seu destino. Fomos embora pela estrada. Próximo dos quatro quilômetros, ele (o aplicativo) disse a 200 metros vire a direita e em seguia a esquerda que você já chegou ao seu destino. Nesta parte era estranha, fui pelo waze. A outra parte (pela orla) não era estranha, era familiar”, contou.

Emocionado, Francisco contou que achou o local estranho, mas ainda assim pensou que poderia ser o restaurante que procuravam.

“Não tinha placa, achei que era ali o restaurante, que é novo. Me deparei com as pessoas armadas. (...) Regina disse “reza pra nossa senhora”. (...) Massageei o coração dela, ela entrou em choque”, contou, acrescentando que após negociar com os traficantes conseguiu sair da favela. “Para não deixar custo zero, deram uma coronhada na minha cabeça e mandaram ir embora”,— acrescentou.

De volta na estrada, Francisco pediu ajuda para duas mulheres que estavam em um ponto de ônibus. “(...) Elas explicaram que eu tinha que fazer o retorno lá na frente. Pedi para elas irem comigo. Nem falei nada que tinha saído do morro. Nem sabia que era um morro, que o nome era Caramujo. Entraram as duas moças no meu carro. Pedi para elas continuarem massageando o peito da Regina. (...) Não tinha percebido o tiro. Achei que estava em mal súbito, em pânico”, contou. “Queria aproveitar o programa para agradecer a essas moças. Não as conheço, foram embora quando viram aquele movimento todo. Não queriam ser testemunhas. Não viram nada. Queria agradecê-las. Foram dois anjos”, acrescentou, chorando.

Francisco lamentou não poder atender o desejo da mulher de ser cremada. “Fui atrás para tentar atendê-la. você vê o que é o destino. Uma companheira e eu correndo atrás para que a coisa fosse o mais rápido possível. Não consegui fazer. Quando é um crime de homicídio não pode fazer cremação. Tentei atender todos os pedidos da Regina durante minha vida em comum”.

O empresário fez críticas a violência na cidade. “Não podemos perder e deixar a nossa indignação tomar conta. Isso não pode se tronar um caso rotineiro. Não quero que Regina faça parte de uma estatística. (...) Há 20 dias tivemos quase um caso parecido com aquela comediante. Teve divulgação e parou porque graças a Deus não aconteceu nada com ela. Para fazer uma administração pública tem que ter dinheiro, mas tem que ter muita boa vontade. Não que se coloque uma placa você está chegando em uma comunidade, mas você está chegando no bairro do Caramujo. Vai te chamar a atenção para alguma coisa. Você está totalmente desprovido de tudo, e te pegam de surpresa. Estou falando com você hoje de sorte. Mas não sei se foi sorte”, disse, interrompendo a fala emocionado. “Não quero que isso aconteça. Eles dilaceraram a minha família”, completou.

Francisco disse que o pai da Regina, de 93 anos, não sabe da morte da filha. “E não vai saber. No sábado mesmo (...) a Regina disparou pelo Facebook a fotografia do seu Armando cantando”, contou.

Por fim , ele agradeceu a oportunidade e relembrou as últimas palavra da companheira. “As últimas palavra da Regina. “se apoia na mão de Nossa Senhora”. Obrigada pelo espaço e vamos rezar para não aconteça mais isso, porque é inadmissível.”

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