Antes de morrer, o adolescente Gleison Vieira da Silva, 17, escreveu uma carta para a mãe pedindo perdão. Gleison foi espancado até a morte na última quinta-feira (16) dentro de alojamento do CEM (Centro Educacional Masculino), em Teresina, no Piauí.
Condenado por estupro coletivo de quatro garotas em Castelo do Piauí (a 190 km de Teresina), em maio, Gleison foi espancado com socos e pontapés.
Ele dividia a cela com três adolescentes que delatou como participantes dos estupros e agressões às meninas – uma delas morreu.
Na carta entregue para a mãe Elisabete Vieira da Silva, no dia 11 de julho, sete dias antes de sua morte, o adolescente pede perdão pelo que fez e por não ter sido o filho que ela sempre quis.
A mensagem é escrita à mão com caneta tinta preta e tem vários erros gramaticais. No envelope, na parte externa, o jovem pede para que a mãe guarde a carta -disse que queria lê-la novamente quando estivesse em liberdade.
“Mãe, sinto muita sua falta, eu quero que você me perdoe pelo que eu fiz, eu sei que Deus me perdoou”, escreveu Gleison. Ele só estudou o quinto ano do ensino fundamental e foi expulso de várias escolas.
“Desculpa, mãe, eu não ter sido o filho que você sempre quis, mas eu quero que você saiba que você nunca vai sair da minha mente, nem do meu coração. Mãe eu só peço que você lembre que tem um filho que te ama muito, eu sei que nunca recompensei tudo o que fez por mim, e que continua fazendo. Obrigado por ser uma mãe tão boa, eu agradeço a Deus por ter você comigo. Eu nunca vou esquecer de você nem da minha vovó, nem do meu padrasto. Fica com Deus que aqui eu vou ficar com Ele”.
O promotor de Castelo do Piauí, Cezário Cavalcante, que acompanha o caso, disse que a mãe de Gleison lhe mostrou a carta.
Ela recebeu a carta na última visita que fez Gleison no Ceip (Centro Educacional de Internação Provisória), em Teresina.
“Eu tirei xerox da carta e anexei ao processo. Ela me disse que tinha perdoado o filho e que ele se mostrava arrependido pelo crime e pedia perdão por não ter ouvido ela. É uma carta bem carinhosa”, disse o promotor.
A carta foi divulgada pelo radialista Ronaldo Mota, amigo da família. A mãe não quis falar com imprensa.
“A mãe, toda vez que lê a carta, chora de saudade e lembra do filho”, disse Ronaldo.
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