O clima de comoção avançou durante a madrugada nos ginásios e pavilhões onde são realizados os velórios das vitimas do acidente que matou 51 pessoas e deixou outras sete feridas no último sábado (14). A cada chegada de um novo corpo, amigos, parentes e até mesmo quem não conhecia diretamente ninguém envolvido no acidente se emocionavam ao ver se formar uma fila de caixões.
Parentes e amigos se dividem entre dezenas de sepultamentos para último adeus
Maioria dos enterros aconteceu até as 11 horas desta segunda-feira (16). Sensação na cidade é de que todos perderam pelo menos um amigo ou parente na tragédia
- União da vitória
- Antônio Senkovski
Amigos, vizinhos e parentes tiveram que se dividir, em União da Vitória (PR) e Porto União (SC), para acompanhar o sepultamento das vítimas do acidente de ônibus que matou 51 pessoas e deixou sete feridas no último sábado (14). Foi comum, durante os enterros, encontrar pessoas que foram a vários cemitérios para prestar uma última homenagem aos seus parentes e/ou conhecidos. Às 11 horas desta segunda-feira (16), a maior parte dos funerais de vítimas havia sido realizada.
O clima era de choro e muitos abraços entre conhecidos nesta manhã. Mesmo depois de os caixões colocados nos túmulos, familiares permaneceram por mais de uma hora recebendo apoio dos amigos. A sensação é de que não há uma pessoa nas duas cidades que não tenha ao menos um amigo ou parente entre as vítimas.
Marco Honório Cordeiro, 42 anos, e a mulher, Regiane de Mello Cordeiro, 42 anos, foram a cinco locais de velórios e sepultamentos entre este domingo (15) e segunda-feira. Os dois estavam muito comovidos e acompanhavam o sepultamento no Cemitério São Cristóvão, quando conversaram com a reportagem.
O filho do casal, Thiago Henrique, 20 anos, iria à viagem na qual aconteceu o acidente de ônibus. “A princípio meu filho ia num grupo de quatro amigos, mas no fim acabaram indo em dois porque no dia de comprar a passagem para ir, o Thiago esqueceu a carteira em casa e estava sem dinheiro. Infelizmente os dois que foram morreram.”
A mãe de Thiago relatou que vários adolescentes foram no ônibus para aproveitar a “carona” com o grupo religioso de umbanda que iria fazer uma atividade da religião na praia, em Itapoá, em Santa Catarina. “No meio dessa tragédia toda, a gente ainda tem o que de certa forma ‘comemorar’. Não consigo nem me imaginar passando por essa situação que as famílias estão vivendo”, disse a mãe de Thiago. O pai também estava muito abalado. “A gente vive muita tragédia aqui, com enchente, mas nenhuma se compara a essa, com todas essas mortes”, disse Marcos.
Morte de sete pessoas da mesma família causa comoção
A comoção e a perplexidade com a tragédia tomaram conta do centro comunitário Santa Rosa, em Porto União. No local, sete pessoas de uma mesma família, vítimas do acidente, foram veladas durante a madrugada e parte da manhã desta segunda-feira.
Houve uma missa no local e, por volta das 9 horas, um caminhão do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina chegou para levar os caixões rumo ao cemitério Santa Marta, onde o enterro coletivo foi realizado por volta das 10 horas.
O acidente
O ônibus de turismo da empresa Costa & Mar, que ia União da Vitória (PR) a Itapoá (SC), caiu de uma ribanceira de 400 metros na região de Joinville (SC), no km 89 da rodovia SC-418, no fim da tarde deste sábado (14). O trecho é conhecido como Serra da Dona Francisca.
O grupo era formado por religiosos adeptos de umbanda e candomblé, que promoveriam um evento na praia da Itapoá, praia catarinense próxima a Guaratuba. A organização do evento era feita pelo Grupo de Umbanda Pai Xangô, de União da Vitória, que é filiada à Federação de Umbanda Candomblé e Angola (Fuca). O grupo deveria retornar ao Paraná ainda no domingo.
De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, o ônibus pode ter perdido o freio em uma curva fechada da serra, uma região turística do norte de Santa Catarina.
Confira onde cada uma das vítimas foi sepultada
As informações são da Prefeitura da União da Vitória, no Paraná.
Cemitério de São Cristóvão - União da Vitória
Carlos Alberto de Almeida
Darci Crespo Linhares
Katelyn Vitória de Souza Ramos
Marli Terezinha Ribeiro
Renan R. Chrisistemo
Cemitério Municipal de União da Vitória
Deonirce Margarete Fontana Lima
Janaina Darcley Ribeiro de Lima
Cemitério São Pedro – Porto União
Alan Patrick Schneider
André Luis Carvalho
Eloina dos Santos de Almeida
Jucelia Terezinha Soares Siqueira Maciel
Jhiullian Nathalin Siqueira Maciel
Lariana Regina Vieira
Luara Melissa Siqueira Maciel
Mariza Pinto
Selma Carolina Schneider
Sonia Regina Vieira
Terezinha de I. Carvalho
Cemitério Santa Marta – Porto União
Camile Araújo Sieves
João Antonio M. Soares
Luis Cesar Araujo
Márcia Reginiane Ramos
Osvaldir Sieves
Rejane de Fátima Araujo
Renan Araujo Sieves
Ricardo Araújo
Thiago Roberto Barbosa
Wesley Araújo Sieves
Cemitério Municipal de Porto União
João Antônio M. Soares
Lenice Aparecida Miranda
Conrado Schier Filho
Maria Delurde Schier
Marise Antunes da Conceição Schier
Outros
Anderson Celis Junior – Irati
Assinara A. de Oliveira - Carambeí
Dalton Ribeiro – São Gabriel – União da Vitória
Flávio Ribeiro - São Gabriel – União da Vitória
Glorio Podstawka – Cruz Machado
Gustavo Felipe Serafim Aquino – Videira
Hagata Mirella Oliveira de Almeida – Carambeí
Idelzina A. P. Aguiar – Irati
Rafaelle Baumann – Irineópolis
Sandra Jiliane Costa – Cruz Machado
Tereza Fernandes de Lima - Rebouças
Apenas em um salão comunitário, na igreja do bairro Santa Rosa, em Porto União (SC), os corpos de 12 pessoas estavam sendo veladas – sete delas da mesma família. O sepultamento dessas pessoas vai ocorrer em locais diferentes, porque não havia espaço nos cemitérios para acomodar a todos. Durante todo o domingo (15), uma força-tarefa da Prefeitura de União da Vitória (PR) foi realizada para que pudessem ser encontrados espaços suficientes. Segundo a administração municipal, a intenção é realizar o enterro de ao menos 32 das vítimas do acidente agora pela manhã.
Dilma lamenta mortes em acidente de ônibus em Santa Catarina
Leia a matéria completaOs velórios das vítimas, a princípio, ocorreriam, em sua maioria, no Ginásio Municipal de Esportes Benedito Albino, em União da Vitória. Conforme os corpos foram identificados no domingo, no entanto, a maioria dos familiares optou por locais obtidos de particularmente. Capelas de igreja, associações de moradores, pavilhões e ginásios foram ocupados por cerimônias de luto na cidade e na vizinha Porto União. Os voluntários da prefeitura e de outras instituições disseram que era difícil encontrar locais com essas estruturas que não estejam ocupados.
Entre as histórias de tristeza que podiam ser acompanhadas entre os suspiros e lágrimas dos familiares está a da família Araújo. Luiz Araújo, 55 anos, perdeu sete parentes de uma vez. “Você sabe que está todo mundo bobo, é uma coisa que você nunca vai espera. De repente a família sai para viajar e volta assim. Mas é só Deus que pode nos dar força.” Ele comenta que os familiares dele teriam aproveitado o ônibus para ir à praia e que não participariam do evento de umbanda. Outras pessoas também teriam ido para completar a lotação do ônibus, segundo parentes das vítimas.
Vilson de Cristo, 40 anos, perdeu três parentes no acidente. Ele relatou a família dos Crisóstomos, que incluía seu primo, Renan, como tranquila e amiga. “A gente se criou todo mundo junto e eu conhecia muitas pessoas que estavam no ônibus. Fui vizinho durante 30 e poucos anos, sabia de todo mundo. A gente não quer acreditar que isso aconteceu, parece que o fato de não poder ver os corpos aumenta a sensação de que eles não estão ali”, lamentou.
O ônibus de turismo da empresa Costa & Mar, que ia União da Vitória (PR) a Itapoá (SC), caiu de uma ribanceira de 400 metros na região de Joinville (SC), no km 89 da rodovia SC-418, no fim da tarde deste sábado (14). O trecho é conhecido como Serra da Dona Francisca.
O grupo era formado por religiosos adeptos de umbanda e candomblé, que promoveriam um evento na praia da Itapoá, praia catarinense próxima a Guaratuba. A organização do evento era feita pelo Grupo de Umbanda Pai Xangô, de União da Vitória, que é filiada à Federação de Umbanda Candomblé e Angola (Fuca).O grupo deveria retornar ao Paraná ainda no domingo.
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