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FOZ DO IGUAÇU - O preconceito e o constrangimento são algumas das causas que levam transexuais a abandonarem a escola. Muitos não completam sequer o ensino fundamental e na fase adulta acabam sem profissão definida. Para mudar essa realidade, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) propõe aos colégios de todo o país a inclusão do nome social de travestis e transexuais nos diários escolares. A intenção é evitar casos em que a pessoa tem nome masculino mas aparência feminina.

A proposta foi aprovada em uma conferência nacional da LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais –, realizada em Brasília, no mês de junho, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o texto, o nome social apareceria com destaque nos diários de chamadas escolares, mas o nome civil seria mantido, escrito entre parênteses em boletins e demais documentos oficiais. A ABGTL está enviando um pedido aos estados brasileiros para que a ideia seja implementada. Até agora, o único estado que aplicou a medida foi o Pará, onde o governo já baixou uma portaria.

O governo do Paraná está analisando a proposta. O presidente da ABGLT, Toni Reis, diz que o pedido foi encaminhado à Secretaria Estadual de Educação e ao Conselho Estadual de Educação. Atualmente, a associação aguarda retorno do governo. Segundo Reis, no próximo ano serão realizados seminários em várias regiões do país para discutir o tema, com o apoio do Ministério da Saúde.

A presidente da Articulação Nacional dos Travestis, Transexuais e Transgêneros (Antra), Keila Simpson, argumenta que a evasão escolar em razão do preconceito é uma realidade. "Eles não estudam porque não querem, mas porque as escolas se fecharam", afirma. As associações não dispõem de estatísticas referentes ao universo de travestis e transexuais no país em fase escolar. Mas, segundo Keila, há estimativas indicando que 90% dos travestis e transexuais estão na prostituição, enquanto um porcentual de apenas 3% a 5% estuda.

Trauma

Diwa Santos, 20 anos, abandonou a escola na 6ª série. Ela não suportou o assédio dos colegas e até de alguns professores e decidiu interromper os estudos. "Sofri mais pressão da sociedade e do colégio do que dos familiares." Para Diwa, a proposta de incluir o nome social dos travestis nos diários escolares é válida. Até hoje ela lembra, com constrangimento, dos episódios que a levaram a abandonar o colégio, entre eles, o de ter o nome de homem na lista de chamada. Ela, que vive em Foz do Iguaçu há três anos, diz que pretende voltar a estudar. " Quero fazer supletivo e depois a faculdade de psicologia, é meu sonho", diz.

Diwa conta que muitos travestis não assumem a identidade feminina na escola pelo preconceito, conta ela. As associações de defesa dos direitos dos transexuais argumentam que é preciso dar a opção de escolha voluntária, mesmo que parte das pessoas não assuma o nome social por medo de sofrer preconceito.

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