A tragédia em Mariana despertou o pânico em diversas cidades que contam com a atividade mineradora. A Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig) tem tentado articular um movimento para modificar a legislação e estabelecer uma distância mínima entre as barragens e os centros urbanos. De acordo com o Departamento Nacional de Exploração Mineral, o Brasil tem 658 barragens de rejeitos de mineração, das quais 218 em Minas Gerais.
“Todas têm uma barragem de rejeitos. Em muitas cidades, a represa está na área urbana, e isso está criando pânico”, afirma o presidente da associação, José Cordeiro de Freitas.
Freitas, que é prefeito de Congonhas (MG), diz que os moradores estão preocupados com a barragem da mina Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O empreendimento está a cerca de 300 metros de um populoso bairro da cidade. “As pessoas estão em pânico, sem dormir”, conta.
Embora técnicos digam que não há riscos de rompimento, o município e a companhia reuniram-se na última quarta-feira (18) em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir o caso. “Nós precisamos da mineração e a mineração precisa do município, porque é lá que está o minério. Nós temos de ter esse bom entendimento, porque gera renda, gera emprego, mas o dano ambiental, o impacto sobre as cidades também é muito grande”, desabafa Freitas.
Bombeiros identificam 8.ª vítima em Mariana; mais um corpo é resgatado
Leia a matéria completaO promotor de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Mauro da Fonseca Ellovitch, considera que o tratamento dado pelas autoridades à atividade minerária no Estado é falho. Coordenador das Promotorias de Meio Ambiente das Bacias dos Rios das Velhas e Paraopeba, ele acredita que há uma ênfase maior em viabilizar os empreendimentos do que em fiscalizar o cumprimento das medidas ambientais.
“Isso preocupa. Sabemos que é uma atividade essencial, que gera emprego e renda, mas vemos muitas falhas. Por vezes o Estado é colocado em xeque pela mineração”, diz.
O promotor faz parte da equipe que investiga o caso da Samarco e fechou um acordo preliminar de R$ 1 bilhão para garantir recursos mínimos à reparação de danos coletivos. O valor é o maior já acautelado nesse tipo de ação no País, mas Ellovitch destaca que ainda pode ser muito maior conforme o desenrolar do caso.
O secretário de Desenvolvimento de Minas Gerais, Altamir Rôso, diz que ainda não tem um balanço dos impactos que a tragédia em Mariana terá para a economia do Estado. Muitas empresas instaladas às margens do Rio Doce estão sendo afetadas pelo desastre que cobriu o rio de lama. “Nossa posição é dar apoio total às empresas para minimizar as consequências”, disse, sem precisar como será esse apoio. Uma reunião deverá ser marcada nas próximas semanas para discutir a situação.
Para Rôso, alguns conceitos terão que ser rediscutidos após o acidente da Samarco. “Não temos como abrir mão da mineração. O potencial minerário tem que ser explorado, mas em função do que aconteceu em Mariana algumas coisas terão que ser revistas, sempre com cautela e diálogo”, diz.
Queimadas no governo Lula batem recorde, formam “corredor de fumaça” e castigam animais
Ives Gandra sobre caso Marçal: “Intervenção eleitoral como houve com Bolsonaro”
Parlamentares russos exigem libertação de criador do Telegram, preso na França
Partidos de direita crescem exponencialmente para as eleições 2024
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora
Deixe sua opinião