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Um grupo de sem-teto ocupou o prédio do antigo Hospital Panamericano, no Alto de Pinheiros, zona oeste da capital paulista, no fim de semana. O espigão de dez andares, que se destaca na paisagem do bairro, dominada por casas térreas de classe média, estava vazio desde 2011 e é de propriedade da Secretaria de Estado da Saúde.

Líderes da União dos Sem-Teto (UST), movimento que organizou a invasão, diz que cerca de 200 pessoas entraram no prédio nas primeiras horas do sábado. “Agora (ontem à tarde), tem umas 50 pessoas”, disse um dos integrantes do grupo, que se identificou apenas como Adílio. O rapaz contou ainda que, no decorrer desta terça-feira, o número de pessoas no prédio deve aumentar. “Amanhã (hoje), vai acontecer uma reintegração de posse na Rua Venceslau Brás, na Sé, e as pessoas não vão ter para onde ir. Então, estamos organizando para que venham para cá”, afirmou.

Três equipes da Polícia Militar circulavam pelas imediações do prédio ontem à tarde. Um dos soldados disse que as ordens são para impedir que outras pessoas entrem no local ou que tragam móveis e objetos. Mas, ainda durante a tarde, os ocupantes conseguiram passar uma televisão para dentro do complexo sem muito esforço: bastou chamar a atenção dos PMs para uma das portarias e trazer a TV pela outra.

Lotação

Por fora, quem vê o prédio não reconhece uma invasão ali com facilidade. Não há bandeiras do movimento que organizou a entrada dos moradores nem gente na porta.

“Mas está lotado, estão espalhados por todos os andares”, disse o vigilante Orlando Cérvolo Cavalcante, de 65 anos, há 18 como vigia da rua do hospital. Proprietário da chave de um dos portões do complexo, ele estava acostumado a estacionar no hospital e usar o banheiro, o que lhe garantiu acesso à invasão. “O prédio tem poço artesiano, não está sem água. E está bem conservado por dentro. Só do 5.º andar em diante que tem cupim”, relatou o vigilante.

Moradores do bairro, que falaram sob condição de anonimato, disseram estar apreensivos com a situação, mas não estão com medo. “Só soube da invasão por causa do telefonema de uma amiga. Não tinha visto ninguém até ontem (domingo). À tarde, umas dez crianças ficaram correndo aqui na frente, do lado de dentro do portão, arrastando carrinhos e fazendo muito barulho. Chamou a atenção porque o bairro é muito tranquilo, não costuma ter baderna”, disse uma moradora vizinha do prédio do hospital.

Reintegração

Até segunda-feira (24) a Secretaria de Estado da Saúde não havia feito pedido de reintegração de posse à Justiça. Em nota oficial, informou que faria o pedido, mas não definiu data.

O hospital foi comprado do grupo Sancil, em 2011, por R$ 37,2 milhões. A promessa da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) é fazer ali um centro especializado em traumas - a proposta está na fase de elaboração de projeto arquitetônico e prevê mais R$ 80 milhões em gastos com obras, também sem prazo de conclusão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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