• Carregando...
Muros da Vila Torres são usados para delimitar os territórios das gangues “de Baixo” e “de Cima”. | Henry Milléo/Gazeta do Povo
Muros da Vila Torres são usados para delimitar os territórios das gangues “de Baixo” e “de Cima”.| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo

Entre julho de 2013 e janeiro deste ano, a disputa entre as gangues “de Cima” e “de Baixo” deixou um rastro de 40 homicídios na Vila Torres, na região central de Curitiba. Esse total equivale a 8% dos homicídios da cidade inteira. O pico de violência aconteceu no último dia do ano passado, no caso que ficou conhecido como chacina do Walmart.

Denúncias

A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) pede para que a população ligue no telefone do programa Narcodenúncia 181 para denunciar qualquer crime relacionado ao tráfico de drogas e homicídios. O anonimato é garantido.

Visão aérea da Vila Torres

A operação da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na Vila Torres contou com o apoio aéreo. A equipe da polícia usou uma tecnologia usada na Copa do Mundo para monitorar e transmitir imagens da ação em tempo real para sala de o Centro de Comando e Controle na Secretaria da Segurança Pública.

+ VÍDEOS

Naquele dia, seis pessoas da gangue “de Cima”, chamada também de “Chicarada”, foram assassinadas no estacionamento do supermercado (cinco morreram no local e um no hospital).

Naquele momento a polícia iniciou uma investigação profunda sobre os homicídios entre gangues da Vila Torres. Até agora foram abertos 26 inquéritos policiais que investigam os fatos. Do total de inquéritos, um é sobre associação criminosa dos integrantes. Todos os outros tratam de assassinatos.

Desde o começo do ano, 15 suspeitos envolvidos com os crimes relacionados às gangues foram presos. No mesmo período, houve apreensão de uma submetralhadora, quatro pistolas ponto 40 – uma delas já há comprovação que é patrimônio da PM –, três pistolas calibre 9 milímetros, duas calibre 380 e dois revólveres 38.

Ontem de manhã, uma operação da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), com apoio da Polícia Militar, prendeu dois suspeitos. A polícia ainda apura se eles têm envolvimento com as gangues. Foram cumpridos também 90 mandados de busca e apreensão em locais suspeitos.

Segundo o delegado chefe da DHPP, Miguel Stadler, é o começo da etapa final das investigações sobre as gangues. Há ainda cinco mandados de prisão para serem cumpridos contra pessoas suspeitas de assassinatos na região, que estão foragidas.

Em fevereiro ocorreram ainda dois homicídios, que podem estar relacionados, o que ainda não está confirmado. De acordo com a polícia, a maior parte das vítimas de homicídios na região da Vila Torres tinha envolvimento com as gangues.

As duas crianças assassinadas na região em novembro do ano passado são consideradas vítimas inocentes da violência local. A maior parte dos inquéritos ainda está em aberto aguardando laudos, mas alguns deles devem ser encerrados em breve.

“Os grupos agora estão enfraquecidos. Em termos de diligências, terminamos”, afirmou o delegado. Apesar disso, ele ressalta a importância de continuar o monitoramento. De acordo com Stadler, quando um integrante é preso ou morto, rapidamente, outro integrante tenta assumir o esquema.

Rua ganhou apelido de Faixa de Gaza

De acordo com as apurações da polícia, a guerra na Vila Torres começou há muitos anos, mas em julho de 2013 um suposto pacto de paz foi quebrado, quando um integrante da gangue “de Baixo”, conhecido como “Zóio”, foi assassinado. Dois homens da gangue “de Cima” foram identificados como autores. Ali começou uma sequência de 40 homicídios. A Avenida Guabirotuba, que corta a Vila Torres, chegou a ficar conhecida como “Faixa de Gaza”, uma referência ao país palestino sob domínio de Israel, com histórico de milhares de vítimas da guerra no Oriente Médio.

“Tem morte com vinte tiros no corpo da vítima. Além de mostrar crueldade, é a forma de eles mostrarem poder de fogo e que estão preparados, inclusive, para polícia”, comentou o delegado Miguel Stadler. O delegado revelou ainda que o medo imposto no bairro foi tão forte que chegou ao extremo de moradores “de Cima” evitarem conversas com os “de Baixo” por receio de serem flagrados por integrantes das gangues. As polícias Civil e Militar devem manter operações de saturação na localidade a partir de hoje.

Mapeamento

As investigações da DHPP conseguiu mapear todos os integrantes das gangues e descobriram ainda grupos dissidentes que também se envolvem nas disputas por território e venda de droga. Foram identificadas as conhecidas gangues “de Cima” e “de Baixo”. Além delas, a polícia descobriu que o grupo “de Cima” está dividido em subgrupos que brigam entre si. Esses são chamados de “Toca do índio”, “Predinho ou Bigodão” e “Centro Chicarada”.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]