• Carregando...
 | Antônio More/Gazeta do Povo
| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

A queda nas temperaturas tem reduzido os estoques das doações nos bancos de leite humano no Paraná. Este cenário, que impacta no tratamento e cuidados com bebês prematuros, é registrado tanto no interior do estado, como em Curitiba. Para driblar os percalços da estação mais fria do ano, as unidades estão fazendo campanhas para atrair mais doadoras e normalizar o nível das coletas.

Brasil tem 220 bancos de leite; dez estão no Paraná

Para ajudar filha, pai ensina mães a doar leite

Em maio, o administrador de empresas Fabrício de Freitas, de 36 anos, tornou-se pai e mãe de Sofia, hoje com quase três meses. Ele perdeu a mulher, que sofreu um enfarte duas semanas após o parto, e, depois disso, tem mobilizado uma campanha de doação de leite para poder dar à filha o direito de ser alimentada com leite materno.

A campanha, iniciada nas redes sociais, tem atraído mulheres para o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) e aumentou o estoque em, ao menos, 30%.

“Minha vida virou de ponta-cabeça. Eu me vi sem a minha esposa e com a Sofia. Quando ela saiu do hospital, começou a campanha para o leite. Estava preocupado com a amamentação”, falou o pai.

O leite do banco do hospital é destinado para crianças que estão internadas na unidade. “Na primeira semana, tivemos muitas mulheres que procuraram para saber como fazer a doação. Conseguimos o leite destinado para a Sofia, porque muitas mulheres começaram a doar. Isso começou em maio e se mantém até hoje”, diz Larissa Garcia Alves, diretora técnica de saúde do banco de leite humano do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.

A campanha de Freitas não beneficiou só Sofia. Em média, as doações aumentaram 30% no local.

Em Cascavel, o Banco de Leite Humano (BLH) do Hospital Universitário do Oeste do Paraná coletou no mês passado 120 litros de leite a menos do que o de costume. “Recebíamos em torno de 250 litros por mês e baixamos para 130 litros”, calcula a enfermeira da unidade, Cleonice de Assunção. Ela acredita que no inverno as mães tenham mais dificuldades para fazer a retirada do leite. No entanto, assinala Cleonice, retirando menos leite, a própria produção das doadoras tende a diminuir. “A mama não é um depósito de leite. Cerca de 80% do leite que se tem é produzido na hora. Se não estimular, não se produz”, completa.

O BLH de Cascavel tem cerca de 200 voluntárias, que colaboram com doações de diferentes volumes. O alimento recebido, depois de pasteurizado, é destinado a bebês internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) do hospital.

Apesar de menor, também houve redução na doação de leite humano do BLH do Hospital Universitário de Londrina. A média mensal de coletas costumava ser de 188 litros, mas em junho foi 177 litros.

Já em Curitiba, a maior queda na coleta foi registrada pelo BLH do Hospital Evangélico. De 150 litros, o inverno fez com que as doações caíssem pela metade. No BHL do Hospital das Clínicas (HC), por sua vez, a coleta baixou de 150 para 130 litros. “Com as campanhas, devagar, vamos aumentando as doações. A maioria das doadoras que conseguimos atingir é por meio de campanhas”, comenta Sabrina Andrade, auxiliar administrativo do BLH do Evangélico.

A coordenadora do BLH do HC, Celestina Bonzanini Grazziotin, avalia que as ações de mobilização pela doação de leite humano precisam ser constantes. Ela assinala que, por se tratar de um público específico - mulheres que estão amamentando - , é muito mais difícil encontrar uma doadora de leite humano do que um doador de sangue. “É uma porcentagem pequena porque nem todas as mães têm leite sobrando”, salienta.

Este é, inclusive, um requisito fundamental para se tornar uma doadora. A mulher que desejar doar leite precisa, primeiramente, produzir leite para alimentar bem o seu bebê de acordo com a idade da criança. “Se mesmo assim, ainda tiver leite em excesso, então ela pode doar”, explica Celestina. As doadoras de leite humano não podem ser fumantes e devem ter recebido acompanhamento pré-natal durante a gestação.

Benefícios

Amanda Ansbach e seu filho João Ansbach Gonçalves. Amanda doa leite materno para o Banco de Leite Humano do HCAntônio More/Gazeta do Povo

Quando a servidora pública Amanda Ansbach, de 28 anos, começou a doar leite materno para o BLH do HC, em Curitiba, a intenção era estimular sua própria produção. Ela havia voltado a trabalhar após a gestação e percebeu que seu leite estava diminuindo.

Apenas metade dos bebês recebe amamentação adequada na 1.ª hora de vida

Leia a matéria completa

Foi aos poucos, conhecendo o trabalho da equipe da estrutura e o destino da doação – a UTI Neonatal do hospital, que a ação passou a ter um significado ainda maior para Amanda. “Conheci a UTI Neonatal e saí emocionada de lá. É muito gratificante poder ajudar bebês prematuros. O leite materno é fundamental para a saúde deles”, avalia a voluntária, que há um ano, vem doando cerca de 150 ml de leite humano por dia para o HC. Seu bebê tem hoje 1 ano e 7 meses.

A coordenadora do BLH do HC reforça que o leite materno é o melhor alimento que se pode oferecer às crianças atendidas na UTI Neonatal. Além de resistência a doenças, o leite confere aos pequenos pacientes componentes nutritivos com qualidade e chances de um desenvolvimento mais saudável. “Não existe assim nada na indústria”, enfatiza Celestina.

Brasil tem 220 bancos de leite; dez estão no Paraná

O Brasil tem hoje 220 bancos de leite humano distribuídos pelo país. No Sul, são 32, sendo 13 em Santa Catarina, dez no Paraná e nove no Rio Grande do Sul. As mulheres que se interessam em doar devem entrar em contato diretamente com a equipe do BLH mais próximo. Os bancos fornecem kits e orientação para retirada do leite. As equipes também buscam as doações na casa das voluntárias.

Veja onde estão as unidades paranaenses:

Apucarana
Banco de Leite Humano do Hospital da Providência. Rua Rio Branco, 518, Centro. Telefone: (43) 3420-1479

Cascavel
Banco de Leite Humano do Hospital Universitário do Oeste do Paraná. Avenida Tancredo Neves, 3.224, Santo Onofre. Telefone: (45) 3321-5151

Curitiba*

Banco de Leite Humano do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Rua General Carneiro, 181 , Centro Telefone: (41) 3360-1867

Banco de Leite Humano do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. Alameda Augusto Stellfeld, 1.809, Bigorrilho. Telefone: (41) 3240-5117

(*) Na RMC, o Centro de Lactação de São José dos Pinhais, mantido pela Associação de Proteção a Maternidade, Infância e Família (Ampfi), é parceiro do HC em coletas e orientação às mães interessadas em doar leite humano. Rua Isabel Redentora, 2.108, Centro. Telefone (41) 3058-1979

Foz do Iguaçu

Banco de Leite Humano do Hospital Ministro Costa Cavalcanti. Avenida Gramado, 763, Vila A. Telefone: (45) 3575-7983

Guarapuava

Banco de Leite Humano São Vicente de Paulo. Rua Marechal Floriano Peixoto, 1.059, Centro. Telefone: (42) 3035-8374

Londrina

Banco de Leite Humano Maria Lucilla Monti Magalhães, Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná. Avenida Roberto Koch, 60, Vila Operária. Telefone: (43) 3371-2390

Maringá

Banco de Leite Humano do Hospital Universitário Regional de Maringá. Avenida Mandacaru, 1.590, Jardim Parque das Laranjeiras. Telefone: (44) 3011-9174

Ponta Grossa

Banco de Leite Humano do Hospital da Criança Prefeito João Vargas de Oliveira. Rua Dr. Joaquim de Paula Xavier, 500, Vila Estrela. Telefone: (42) 3026-9403

Toledo

Banco de Leite Humano Dr. Jorge Nisiide, Hospital Bom Jesus. Rua Almirante Barroso, 2.193, Centro. Telefone: (45) 2103-2013

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]