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O James Bar, no Centro de Curitiba, não funcionará nesta quarta-feira (16). O motivo é uma manifestação de amigos do estudante Guilherme Carvalho Koerich, de 18 anos, que teria sido agredido por seguranças do estabelecimento. A direção do James divulgou um comunicado nesta manhã informando que não abrirá nesta quarta e que as atividades serão retomadas na quinta-feira (17).

De acordo com o comunicado do James, o estabelecimento não abrirá para evitar problemas desnecessários. "É com grande pesar que todos os funcionários deixam de trabalhar hoje [quarta-feira], contudo, faz-se necessário por respeito à manifestação. Por fim, os fatos estão sendo esclarecidos nos meios adequados, demonstrando-se a razão dos acontecimentos", informava o comunicado.

O ato pacífico está marcado para ocorrer na noite desta quarta-feira, às 21 horas, na Praça da Espanha. Inicialmente, a manifestação foi marcada para ocorrer na esquina da Avenida Vicente Machado com a Rua Coronel Dulcídio, no Centro da capital (nas proximidades do bar), porém, mudou de endereço por orientação da Polícia Militar.

O protesto organizado por meio das mídias sociais. De acordo com informações da página do ato no Facebook, 27,3 mil pessoas foram convidadas para a manifestação e 2,2 mil confirmaram presença até as 9 horas desta quarta. Os organizadores afirmaram que não se trata de uma manifestação contra um estabelecimento específico, mas sim um ato contra a violência.

Estudante tem alta

Guilherme Carvalho Koerich passou por uma cirurgia no sábado (13) para amputar a perna esquerda por consequência da grave lesão que teve no membro inferior. De acordo com o advogado da família, Edison Rangel Júnior, a junta médica da Clínica de Fraturas Novo Mundo, onde ele está internado, decidiu pelo procedimento para salvar a vida do rapaz. Se não fosse feito, ele poderia ter infecção generalizada. O rapaz teve alta na tarde de terça-feira (15).

Entenda o caso

O suposto espancamento teria ocorrido na madrugada de 6 de maio, após o jovem informar que não tinha dinheiro suficiente para quitar a conta do bar (R$ 60). Após sair do local sem pagar, ele teria sido perseguido por um segurança, que o alcançou.

A comissão de direitos humanos da subseção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) recebeu uma denúncia sobre um suposto caso de agressão na casa noturna James Bar, localizada no Centro de Curitiba.

Segundo o delegado responsável pelas investigações, Rogério Martin de Castro, algumas testemunhas começaram a ser ouvidas nesta terça-feira, e pelo menos outras 18 devem depor ainda nesta semana. O advogado da família de Guilherme, Edson Rangel Júnior, disse que o rapaz reconheceu o funcionário envolvido no incidente quando ainda estava no hospital. "Dois policiais foram extraoficialmente ao hospital e levaram fotos dos funcionários que trabalhavam no bar naquela noite. Ele [Guilherme] apontou sem sombras de dúvidas quem foi que o agrediu", afirmou.

Uma equipe de profissionais da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) realizou nesta segunda-feira (14) uma perícia no estudante. Os exames foram feitos somente após a amputação, realizada em decorrência de uma séria infecção que obstruiu a artéria da perna e complicou o funcionamento dos rins. Segundo a Sesp, o resultado sairá em oito dias.

O advogado do James Bar, Edward Carvalho, disse que o caso foi um acidente e que o jovem é o responsável pelo que houve. "Ele não pagou a comanda, cometeu um crime, saiu correndo, e o segurança cumpriu sua obrigação, ou seja, tentou impedi-lo, indo atrás. Os dois caíram e, infelizmente, ele sofreu esse acidente", disse.

Histórico

O James Bar já foi condenado por um caso de violência ocorrido dentro do estabelecimento. Em 2011, a casa foi sentenciada pelo Tribunal de Justiça do Paraná a pagar R$ 10 mil de indenização para uma mulher agredida por outro cliente em 2005. Segundo a mulher, ela apanhou de um homem porque era homossexual e nenhum funcionário do bar tentou impedir a agressão. Além do James, o agressor também foi condenado a pagar o mesmo valor para a vítima.

O relator do processo, o desembargador Nilson Mizuta, justificou sua decisão argumentando que todo estabelecimento comercial, além de proporcionar os serviços de bar, música e entretenimento, tem a obrigação de oferecer um mínimo de segurança aos clientes. "A prevenção poderia e deveria ter ocorrido através da contratação de pessoal especializado e em número suficiente para conter os impulsos agressivos de terceiros", disse o desembargador.

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