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Atualizado em 9/05/2006 às 20h15

No quarto dia da manifestação de agricultores paranaenses, houve nesta terça-feira um aumento significativo na adesão de produtores de outras regiões do estado. Além de Maringá, no Noroeste do estado, os bloqueios de linhas férreas atingiram também as cidades de Rolândia, Marialva, Sarandi, Umuarama e Apucarana. Os manifestantes reclamam que não foram ouvidos ainda, por isso o protesto segue sem prazo para terminar.

A América Latina Logística (ALL), empresa que controla a rede ferroviária estadual, divulgou nota em que assegura a sua posição de "tomando todas as medidas judiciais cabíveis para a desobstrução das vias, que estão sendo deterioradas pelo peso de mais de 50 tratores e veículos que estão sobre os trilhos". Ainda de acordo com a nota, a ALL "entende que se trata de uma ação totalmente descabida contra uma empresa privada que não tem nenhuma relação com as reivindicações".

Contrários à posição da empresa, os agricultores mantém o bloqueio nas ferrovias, estradas e entradas de cooperativas no interior do Paraná. Os produtores pedem ao governo federal uma solução para as dificuldades financeiras e dizem que o protesto vai continuar por tempo indeterminado. Segundo eles, o objetivo do movimento é impedir o transporte de grãos no Paraná - principalmente soja e milho. Com a manifestação, cerca de 20 mil toneladas deixam de chegar aos portos de Paranaguá e São Francisco do Sul (SC), de acordo com a ALL, empresa que controla a rede ferroviária estadual. O número corresponde a 70% da produção total, que é transportada por trens. A empresa assegura que o prejuízo diário chega a R$ 1,2 milhão.

O protesto acontece em vários estados brasileiros além do Paraná, e é uma resposta dos agricultores à atual crise no setor. Eles reclamam dos preços pouco atrativos, do dólar desvalorizado, dos juros altos e dos prazos curtos para pagamento das dívidas. As manifestações ganharam o apoio de caminhoneiros e donos de revendedoras de máquinas agrícolas em Maringá. A tendência, para os agricultores, é que a mobilização prossiga e até cresça no Paraná e no Brasil, até que haja alguma solução para o impasse.

Maringá

Em Maringá, cidade paranaense em que os protestos começaram, os manifestantes foram obrigados a deixar o cruzamento da linha férrea com a Avenida Paranavaí na manhã desta terça-feira. Eles entraram em acordo com oficiais de justiça que, acompanhados da Polícia Militar, traziam uma ordem judicial que ordenava a liberação dos trilhos na área. Entretanto, os manifestantes logo em seguida bloquearam outro trecho, na Avenida 19 de Dezembro, no Centro, um dos pontos mais movimentados da cidade. Cerca de 300 produtores permaneceram bloqueando a ferrovia com 50 veículos entre tratores e caminhões durante todo o dia. No fim do dia, mais tratores chegaram à cidade e os caminhoneiros que apóiam o movimento realizaram um buzinaço no Centro.

Rolândia

Em Rolândia, região Norte do estado, os protestos contaram com mais de cem tratores no Centro da cidade. Logo no início do dia, um tratoraço trouxe as máquinas agrícolas para o município. Agricultores da cidade e de outros municípios como Cambé e Arapongas bloquearam a linha férrea e impediram o movimento dos trens. As reivindicações dos produtores são as mesmas feitas em Maringá. Alguns estão indignados por serem taxados de "caloteiros" por credores, conforme apurou a reportagem do Paraná TV. Os lojistas de Rolândia apoiaram manifestação, fechando as lojas durante a manhã. A maioria deles depende do que o campo produz para manter as suas vendas.

Ainda pela manhã, mais de 500 pessoas foram rumo ao Banco do Brasil e lá entregaram um pedido de prorrogação de prazos de dívidas contraídas na última safra. A tendência é de que a mobilização se espalhe ela cidade e vários outros pontos da região. No início da tarde, os agricultores bloquearam o terminal da ALL na cidade, estacionando os tratores sobre os trilhos.

O Sindicato Rural informou que entre 20% a 30% do total de produtores estão entregando máquinas e demitindo funcionários para pagar suas dívidas. O órgão informa que a região de Cambé e Rolândia possui pouco mais de 2 mil produtores rurais, com características de produção de lavoura mecanizada e produção de grãos.

Outras cidades

Em outras cidades do interior, a adesão a manifestação segue crescendo. No município de Marialva, as máquinas agrícolas permancem impedindo a passagem dos trens. Em Umuarama, também no Noroeste do estado, foram os caminhoneiros que pararam. Eles reclamam dos baixos preços do frete praticados atualmente. Já em Apucarana, os agricultores bloquearam a saída de 300 vagões carregados de grãos do pátio da ALL.

Veja como foram as manifestações em todo o Paraná nesta terça-feira na reportagem em vídeo

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