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Titton: “Não sabemos quantas unidades a mais serão ESF”. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Titton: “Não sabemos quantas unidades a mais serão ESF”.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

O secretário de Saúde de Curitiba, César Titton, que assumiu o posto no fim do mês passado, descarta qualquer possibilidade de o município ingressar no Consórcio Metropolitano de Saúde, que engloba hoje 22 cidades. Ele alega que não é financeiramente interessante o ingresso no sistema. Titton ainda revela que a meta de transformar as 109 unidades básicas de saúde em Estratégia Saúde da Família (ESF) não será cumprida até o fim da atual gestão.

Titton prega a necessidade de capacitar o maior número de servidores possíveis e articular uma melhor retaguarda hospitalar para desafogar as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Ele também pretende melhorar a comunicação com os usuários, incrementando o uso de redes sociais como o Facebook pelos profissionais das unidades de saúde. Confira os principais trechos da entrevista que o secretário concedeu à Gazeta do Povo.

Quando o senhor assumiu o cargo, falou que pretende ampliar a comunicação com a população. Como pretende avançar nesse processo?

É preciso ampliar a capacidade de se comunicar tanto diretamente e pelos meios de comunicação quanto a comunicação interna. Precisamos ampliar a comunicação voltando-se para o nosso rol de tarefas. Há poucas unidades de saúde que usam o Facebook para fazer essa interlocução com a população. Temos também as caixas de sugestão e a ouvidoria. Esses espaços formais atingem até certa parte da população. Temos que dar uma energizada nesses espaços formais, com a discussão do sistema.

As pessoas que trabalham nas unidades também precisam ter bom senso para fazer esse papel e informar os usuários?

“Precisamos ampliar a comunicação voltando-se para o nosso rol de tarefas. Há poucas unidades de saúde que usam o Facebook para fazer essa interlocução com a população. Temos também as caixas de sugestão e a ouvidoria.”

César Titton Secretário de Saúde de Curitiba

Esse é um problema bem grande nas nossas ouvidorias. No começo do ano, a gente começou a fazer um curso de atendimento humanizado. É uma semana de curso para centenas de profissionais nossos. Já foram médicos, dentistas, auxiliares de enfermagem e o projeto ainda não acabou. Às vezes, é preciso que a pessoa aborde mesmo, não basta só um cartaz.

Em relação à capacitação dos profissionais, como pretende tratar desse assunto?

Na CIC, por exemplo, todas as unidades têm consultas, remédios e grupos para quem quer parar de fumar. Isso deveria ter nas 109 unidades e eu não tenho por dificuldades de adesão e formação dos profissionais. A forma para suprir essa assimetria é a educação em serviço. Em uma unidade de saúde, precisa de capacitação para abordar o tabagismo, em outra, os profissionais precisam aprender a colocar DIU. É uma capacitação contínua.

Isso se dará nesse um ano e meio?

Sim, dá para deixar isso de forma sistematizada para se manter com uma continuidade.

Como está o trabalho para melhorar a retaguarda hospitalar na cidade?

É um trabalho em andamento. A principal mudança que a gente percebe é na proximidade de diversos hospitais com a central de regulação para ter maior agilidade no processo e rotatividade dos leitos de emergência. Isso reduz casos em tempo de espera nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). Mas ainda há situações que escapam do ideal. A UPA não deveria ter pessoas por mais de 24 horas em observação. Com frequência, temos pessoas que passam por essa situação.

Como seria o atendimento ideal na UPA?

O ideal seria que a gente pudesse ter essa pessoa no acolhimento e diagnóstico na UPA para dar continuidade no atendimento no hospital. Porque aí a gente consegue deixar a força do trabalho mais focado na atenção dos novos casos urgentes e na qualificação de diagnósticos nos casos em observação com mais agilidade. Se todos os leitos estivessem ativos no Hospital de Clínicas e no Evangélico, estariamos com a oferta muito próxima do que precisamos.

Qual é o déficit de médicos na rede pública de Curitiba?

“A principal mudança que a gente percebe é na proximidade de diversos hospitais com a central de regulação para ter maior agilidade no processo e rotatividade dos leitos de emergência.”

Em breve vamos chamar 60 médicos aprovados em concurso público. A gente está completando o dimensionamento na atenção básica. A percepção preliminar é que ainda será necessário um redimensionamento nas próprias unidades. Tem unidade que tem sobrecarga, outras tem mais ociosidade em determinado atendimento. Podemos fazer um remanejamento de equipes, por exemplo.

A promessa era de que as 109 unidades de saúde seriam Estratégia Saúde da Família (ESF) até 2016. Essa meta será alcançada?

Foi uma meta bastante ousada que traçamos em 2013. Hoje 65 das 109 são ESF. A meta de chegar em todas as unidades não se torna viável na conjuntura atual. Avançou muito no primeiro ano, mas o ritmo não se manteve no segundo ano. Dependo dos médicos que a gente vai chamar no concurso e quantos deles irão atuar no ESF. Precisamos ainda de enfermeiro, auxiliar de enfermagem e agente comunitário para montar uma equipe. Não sabemos quantas unidades a mais se transformarão em ESF.

O projeto de se construir um Hospital da Mulher continua?

Sim, temos um terreno aprovado no Sítio Cercado perto da Maternidade Bairro Novo. Não foi no ritmo que a gente desejava em conseguir o terreno, ter o projeto. Não vamos ter a construção nesse período.

Por que Curitiba não ingressou no Consórcio Metropolitano de Saúde?

“A discussão da possível entrada de Curitiba foi conduzida em 2013. Os custos e benefícios não foram considerados adequados.”

A discussão da possível entrada de Curitiba foi conduzida em 2013. Os custos e benefícios não foram considerados adequados. O consórcio está deficitário em boa parte do aporte que deveria receber. Percebemos que, nas cidades que fazem parte, há dificuldade com a sustentabilidade do consórcio. Não é apropriado agora. O que a gente tem de conversa com a Região Metropolitana e que precisa avançar mais rápido é a parte da constituição da rede de emergência e urgência. Não andou tudo que se propôs. Nem todos os municípios tiveram as UPAs, o Samu, o apoio para regulação necessária e percebemos uma sobrecarga nas cidades que se estruturaram, que não é só Curitiba. A população busca atendimento onde tem. Precisamos reorganizar as responsabilidades de custeio e financiamento para dar qualidade de cuidado. Em Curitiba, estamos fazendo um levantamento de pacientes em UPAs de fora da cidade e o custo.

O que pode ser feito nesse sentido?

Vamos ampliar a discussão com o estado, com o Ministério da Saúde e com as cidades da RMC. Enquanto outro serviço não é estruturado em determinada cidade, precisamos de recursos suficientes para manter boa qualidade de atendimento.

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