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 | Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
| Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

Na entrada da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, a reportagem ouviu histórias de famílias que assumem a missão de tirar da prisão filhos, irmãos, sobrinhos, netos. Parte prefere juntar dinheiro, com a ajuda dos parentes, para garantir um advogado. “Na época que meu irmão foi preso, a gente não conseguia um advogado particular de jeito nenhum, por questão financeira. Aí a gente foi ver um advogado público e conseguiu. Mas daí a minha mãe esperou, esperou, e não resolvia nada. A pessoa não ia ver o meu irmão. Minha mãe desistiu. A gente pediu ajuda dos parentes para contratar um advogado particular”, explicou a estudante Gabriela, cujo irmão, de 18 anos, está há três meses na prisão, por furto. “Ele era muito tranquilo. Mas aí começou a andar com gente que usa droga, sabe?”, contou ela.

Não era dia de visita na PCE, apenas de entrega de sacolas de comida. Por isso, o mecânico aposentado Antonio aguardava a filha do lado de fora. Na prisão está seu neto, há dois meses e dez dias. “Não acharam o produto do roubo, não acharam arma. Ele nem tem arma. Disseram que ele e uma menina tentaram roubar um celular. Sendo que ele tem o carrinho dele, a motinho dele, por que ele iria querer uma coisa dessa? A placa da moto ainda está marcada errada lá na acusação. Nem é a moto dele. Ele estava trabalhando, registrado, ajudante de marceneiro e motorista na mesma firma. Cataram ele na rua, lá no Xaxim. E o assalto foi na Vila Hauer. Agora ele perdeu o emprego”, contou o mecânico.

Segundo ele, a primeira advogada contratada pela família “fez o papel todo errado”. “Do jeito que ela estava fazendo, ele ficaria aí uns quatro, cinco anos, na cadeia. Aí a gente pegou outra advogada. Vamos pagar R$ 4 mil em oito prestações. Primeira audiência dele vai ser daqui um mês”, explicou Antônio.

Já a dona de casa Érica, cujo filho de 20 anos foi detido pela segunda vez, relatou que não teve problema para conseguir defesa para o filho. “Ele foi fazer um assalto da primeira vez e aí pegaram ele. Um defensor público lá do Santa Cândida, muito competente, conseguiu resumir a pena dele. Aí ele saiu, entrou no crack novamente, foi tentar assaltar, e caiu de novo. Ficou só 40 dias fora. Eu sei que agora tem alguém acompanhando o caso dele. Só não fui atrás, não liguei, porque a gente também está dando um castigo para ele, sabe? É um menino trabalhador e tudo, mas entrou no crack”, disse ela.

Da primeira vez, o filho de Érica ficou cinco meses na prisão. Ele ainda estava respondendo processo em liberdade quando foi pego pela segunda vez. “Agora acho que é seis anos, mas daí reduz para dois anos e depois responde em liberdade. Creio eu que uns dois anos vai dar para limpar bem a droga e, quem sabe, ele sai com juízo aí de dentro, né? É o que a gente espera”, relatou ela.

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