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Problemas estruturais das escolas começam pelo piso e se estendem pelas instalações, impondo restrições a professores e alunos. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Problemas estruturais das escolas começam pelo piso e se estendem pelas instalações, impondo restrições a professores e alunos.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Alunos das 2.149 escolas estaduais do Paraná voltaram ontem para as salas de aula após um mês de greve de professores. À margem da recente pauta de reivindicação dos docentes, os problemas estruturais nas escolas permanecem neste início de ano letivo. “As escolas são muito antigas. Então temos problemas principalmente na rede hidráulica e elétrica. Laboratórios de informática, por exemplo, às vezes não funcionam direito”, conta Walkíria Olegário Mazeto, da Secretaria Educacional da APP-Sindicato, que representa os servidores da Educação.

Ajustes devem ser feitos até o fim do mês

Tanto a Seed quanto a APP-Sindicato avaliam que os problemas detectados no primeiro dia de aula foram “normais” e devem ser resolvidos até o fim do mês. “Tirando os problemas que já tínhamos, o saldo do primeiro dia de aula foi positivo”, afirma Walkíria Olegário Mazeto, da Secretaria Educacional da APP-Sindicato.

Segundo Walkíria, ontem foram “pouquíssimas as escolas que registraram problemas de falta de professor” e a “batalha maior” agora deve se concentrar na contratação de funcionários e nos ajustes necessários devido à redução de turmas. “Acompanhamos o primeiro dia em Curitiba e em todos os núcleos do estado. De forma geral, os problemas são falta de funcionário e desdobramentos de turmas.”

Os dois pontos devem ser resolvidos até o fim do mês. O prazo leva em conta o fechamento do sistema da Seed com a lista de alunos matriculados, dado necessário para organizar as turmas e definir o número de funcionários. Com o quadro consolidado de alunos, a pasta acredita que terá como identificar melhor os problemas.

“Sabemos que algumas escolas ainda não têm matrículas fechadas. Outras já conseguiram concluir as matrículas, mas o funcionário ainda não foi enviado. Esse é um processo lento, porque envolve novos contratos”, diz Walkíria. Embora a greve tenha alterado o calendário escolar, ajustes do tipo, segundo ela, são comuns em todo início de ano letivo.

Walkíria lembra que as parcelas do Fundo Rotativo são destinadas à manutenção das escolas. A verba, transferida pelo governo estadual, serve para pequenas despesas, como um corte de grama ou uma pintura simples. Para as grandes reformas, são necessárias outras fontes de receita. “O estado diz que não tem dinheiro. Hoje as escolas buscam dinheiro em programa federal, mas disputam com escolas do país inteiro”, afirma ela. Estimativa do sindicato aponta que, para fazer todas as reformas necessárias hoje nas escolas estaduais do Paraná, o custo seria de aproximadamente R$ 2 bilhões.

Segundo ela, as escolas que têm dualidade na gestão, ou seja, que têm a administração dividida entre o estado e o município, têm mais dificuldades em solucionar os problemas. Ontem, no primeiro dia de aula no Colégio Emiliano Perneta, no bairro Pilarzinho, em Curitiba, cerca de 300 estudantes voltaram a conviver com os buracos no piso.

Segundo a diretora do colégio, Sandra Phillips, o problema já foi relatado à Secretaria de Estado da Educação (Seed) no início do ano passado, mas a gestão compartilhada com a prefeitura de Curitiba teria complicado a solução do problema: “Fica um jogando para o outro. Estou aguardando”, conta ela. Na escola, todas as 12 salas de aula e um salão estão com o piso estragado.

No Colégio Ernani Vidal, no bairro São Lourenço, em Curitiba, problemas na estrutura física da escola também marcaram o retorno às aulas. Com água da chuva em duas salas de aulas, uma turma teve de ser transferida para o refeitório; outra ficou na sala de arte. Mãe de um aluno do oitavo ano e integrante da Associação dos Pais e Mestres do colégio, Márcia Balland afirma que o governo estadual não repassa verbas à escola desde outubro de 2014.

“O que mais nos deixa indignados é que o argumento deles é de que temos problemas com a documentação. E não é verdade. Nossa documentação está toda correta. É uma escola com bons professores, bons alunos, mas está abandonada”, critica.

No fim da tarde dessa quinta-feira, a reportagem não conseguiu contato com a Seed para obter respostas sobre as situações específicas das escolas no Pilarzinho e em São Lourenço. Na Agência Estadual de Notícias, a Seed informou que “a maioria das escolas estaduais ficou praticamente 30 dias fechada, o que impediu vistorias e a realização de obras”.

Alunos são recebidos em clima tranquilo nos colégios de Curitiba

Cerca de um milhão de alunos foram recebidos ontem em um clima de tranquilidade nas escolas estaduais. As atividades consistiram em explicar aos pais as razões da paralisação e o novo calendário letivo.

Segundo Cristina Costa, diretora do Colégio Estadual Pilar Maturana, no Bairro Alto, em Curitiba, a presença dos alunos foi quase total. Alguns dos problemas ainda enfrentados pela unidade (a segunda maior do estado, com 1.100 alunos) são a falta de professores das disciplinas de matemática e português e turmas com superlotação de alunos.

“Aguardamos a entrada desses professores, que devem vir do regime de contratação temporário. Quanto às turmas com mais alunos, vamos solicitar à Seed a abertura de mais turmas”, afirmou Cristina. De acordo com a diretora, havia alimentos disponíveis para as merendas e tudo está “dentro do prazo”.

Por meio de nota, a Seed informou que, no caso do Colégio Estadual Pilar Maturana, houve o chamado de professores para as disciplinas. No entanto, alguns profissionais não assumiram as aulas, sendo necessário nova convocação.

No sistema da Seed, ainda segundo a pasta, não consta superlotação nessa escola. “As turmas estão com o número de matrículas dentro da resolução que normatiza a quantidade de alunos para composição de turmas”, diz a nota.

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