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O tenista Eduardo Marcolin, o Duda (sem boné e óculos), comanda uma equipe de voluntários que ensina tênis a um grupo de 150 crianças no Instituto Ícaro: projeto foi criado após a morte do filho de Duda | Fotos: Andre Lima/Gazeta do Povo
O tenista Eduardo Marcolin, o Duda (sem boné e óculos), comanda uma equipe de voluntários que ensina tênis a um grupo de 150 crianças no Instituto Ícaro: projeto foi criado após a morte do filho de Duda| Foto: Fotos: Andre Lima/Gazeta do Povo

Outros exemplos

Iniciativas garantem direitos de crianças e adolescentes

O esporte se tornou uma importante ferramenta de mobilização para garantir direitos de crianças e adolescentes. Por meio da prática esportiva, organizações não governamentais conseguem oferecer outras atividades socioeducativas para os meninos e meninas. Em Curitiba, além do Instituto Ícaro, há dois grandes projetos que trabalham nesta perspectiva. O Instituto Compartilhar trabalha com vôlei e a ONG Futebol de Rua se dedica ao esporte que é a grande paixão nacional.

Em 2003, o técnico Bernardinho, ex-jogador e treinador da seleção masculina de vôlei, criou o Instituto Compartilhar, que tem sede em Curitiba. Com ações em cinco estados brasileiros, o instituto já beneficiou cerca de 5 mil crianças. Os meninos e meninas aprendem, por meio das regras do vôlei, valores como companheirismo e respeito. Há quatro programas socioesportivos e três programas educacionais.

Já a ONG Futebol de Rua nasceu em 2006 na comunidade de Heliópolis, uma das mais pobres de São Paulo. No ano seguinte a iniciativa chegou às cidades de Curitiba e Rio de Janeiro. Em 2008 uma parceria com a prefeitura de Curitiba criou o projeto Craques na Escola, que alia aulas de futebol com outras atividades educativas, como palestras de saúde e orientação sexual. Com as atividades, os educadores conseguem trabalhar questões como liderança, respeito ao próximo e coordenação motora.

  • Há 4 anos no projeto, Vítor Silva, de 10 anos, sonha em ser tenista profissional

Após vivenciar a trágica morte do filho de 17 anos, o tenista e treinador Eduardo Marcolin resolveu criar, com o apoio da família e amigos, uma associação para ajudar crianças pobres, batizando-a com o nome do filho. O Instituto Ícaro funciona desde 2003 em Curitiba e atende atualmente 150 crianças. A forma de elaborar a perda do filho adolescente fez com que Duda, como é conhecido pela garotada, pudesse ajudar a mudar o futuro de centenas de meninos e meninas, que ganharam uma segunda família com o tênis.

As ações em prol do esporte já aconteciam na academia de Duda, localizada no bairro Santa Felicidade, desde 2000. Nesta época, o tenista Gustavo Kuerten, Guga, estava no auge da carreira e, ao fechar um patrocínio com um banco estatal, pediu que projetos de tênis fossem apoiados em todo o país. Até 2002 o banco patrocinou ações em diversas capitais e os alunos de Duda recebiam refeições, transporte e materiais para participar do projeto.

Com o fim da ajuda, Duda propôs que os meninos e meninas que desejassem poderiam participar dos treinos, mas sem a ajuda de antes – o número de participantes caiu de 200 para 40. Mas depois do acidente com o filho, o treinador decidiu ajudar definitivamente outras crianças, fundando o Instituto Ícaro. Entre 2003 e 2006, o projeto sobreviveu apenas com a ajuda de Duda e doações da empresa de um sobrinho.

O tenista percebeu que precisava profissionalizar a atuação do instituto e passou a estudar a legislação e formas de financiamento. Enfrentou a burocracia do terceiro setor e conquistou todos os certificados e licenças para conseguir captar recursos por meio de dedução do imposto de renda.

A partir de 2007, o projeto voltou a crescer. Os meninos e meninas passaram a receber alimentação, uniformes, calçados, raquetes e tudo que qualquer criança de um clube privado precisa para participar do esporte.

Rompendo barreiras

Os garotos e garotas atendidos pertencem às escolas da região e dividem a paisagem de suas casas em ocupações irregulares com as mansões de Santa Felicidade. Para Duda, o grande objetivo é romper barreiras sociais e garantir, pelo menos no esporte, condições iguais para todos. Graças a um convênio com a prefeitura de Curitiba, o treinador passou a receber também talentos mirins identificados em escolas de outras regiões da cidade. Entre os pequenos guerreiros já houve quem enfrentasse quatro horas diárias dentro de um ônibus para treinar tênis.

Ao perceber o potencial que tinha nas mãos, Duda decidiu investir na profissionalização de seus atletas. Selecionou os vinte que mais se dedicavam e gostavam do esporte e está em busca de recursos para financiar as empreitadas em circuitos e torneios nacionais. "Não quero que as pessoas sintam pena deles em uma competição. Quero que seja um desafio", diz o treinador.

Após atender cerca de 500 garotos e garotas na última década – algumas das crianças estão lá há seis anos; outras estão na faculdade e se tornaram também professores –, Duda se tornou uma unanimidade entre as famílias. Os tenistas do Instituto Ícaro já começaram a ganhar campeonatos e torneios e são uma promessa para o futuro do esporte.

Instituto Ícaro quer lapidar novos talentos

Em 2012, o Instituto Ícaro vai atuar na formação de tenistas profissionais. Os educadores perceberam que alguns meninos e meninas têm talento e gostam do esporte, por isso a meta é participar de torneios e competições nacionais. Alguns deles já foram campeões em eventos importantes de Curitiba.

Vítor Santos da Silva, de 10 anos, participa há quatro anos do projeto. O sonho é ser tenista profissional. Ele já competiu em alguns torneios e chegou a ganhar medalhas. Para ele, a grande conquista, além da "saúde e flexibilidade", é a felicidade e orgulho dos pais. A atleta Juliana Andrade Dezeiecinny, 11 anos, está no Instituto Ícaro há quatro e participa de treinos todos os dias. "Aqui brinco e faço amigos", diz. A jovem Mariane da Silva Rodrigues é uma das grandes promessas do Instituto. Com apenas 12 anos ela já ganhou diversos campeonatos. A família de cinco irmãos, filhos de uma empregada doméstica, foi transformada pelo tênis. Hoje três irmãos praticam o esporte e o mais velho se tornou instrutor do projeto.

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