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 | Rubem Vital / Arquivo Jornal de Londrina
| Foto: Rubem Vital / Arquivo Jornal de Londrina

Novos dados da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre) mostram o Paraná como o quarto maior produtor de resíduos eletrônicos do Brasil. O estado divide a colocação com o Rio Grande do Sul: são 86,8 mil toneladas por ano. O Paraná perde apenas para Minas Gerais (em 3º, com 127,4 mil/toneladas), Rio de Janeiro (em 2º, com 165,2 mil/toneladas) e São Paulo, líder absoluto do ranking, que produz 448 mil toneladas por ano. Logo abaixo aparecem de PR e RS aparecem Santa Catarina, Bahia e o Distrito Federal. O governo do Paraná não coleta dados sobre resíduos eletrônicos e não soube informar quanto é produzido ou reaproveitado no estado.

O panorama do resíduo eletrônico foi elaborado com base em dados recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que mostram um volume de 1,4 milhão de toneladas de resíduos eletrônicos gerados em 2015 no Brasil. No ano anterior, em 2104, 42 milhões de toneladas de lixo eletrônico foram geradas em todo o mundo. Segundo a ONU, o país é um dos poucos da América Latina que possuem uma lei específica sobre esses resíduos. A Lei 12.305/2010 responsabiliza a indústria, o poder público, o comércio e os consumidores pela gestão adequada do material.

De acordo com a Abetre, ainda há 500 milhões de equipamentos eletrônicos sem uso nas residências brasileiras. São considerados resíduos eletrônicos, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas, “equipamentos eletroeletrônicos, partes e peças cujo funcionamento adequado depende de correntes elétricas ou campo eletromagnéticos, bem como os equipamentos para a geração, transmissão, transformação e medição dessas correntes campos, de uso doméstico, industrial, comercial e de serviços”.

O resíduo eletrônico não pode ser descartado com o lixo comum porque os equipamentos têm produtos altamente tóxicos para pessoas, animais, ar, água e solo. Mercúrio, chumbo, fósforo e cádmio são alguns dos elementos químicos existentes em processadores, capacitores e baterias.

De acordo com o presidente da Abetre, Carlos Fernandes, a logística reversa para o resíduo eletrônico no Brasil ainda esbarra em inúmeros entraves que impedem o seu avanço. Segundo Fernandes, não há um grande acordo setorial para a destinação desse material, como foi feito, por exemplo, com as embalagens de óleo e os pneus.

Ainda assim, algumas iniciativas tentam equilibrar a cadeia. “A gestão ideal do resíduo eletrônico ainda é uma realidade distante no país. Os projetos ainda partem muito da iniciativa privada”, afirma Claudia Mendes, proprietária da empresa Parcs. Localizada no Boqueirão, em Curitiba, a empresa é especializada em manufatura reversa de resíduos eletrônicos. Dez toneladas de objetos são reaproveitadas por mês na companhia. Tudo o que é retirado é revendido para grandes empresas, ou até mesmo exportado para Itália e Bélgica, casos das placas eletrônicas.

“É muito comum ver computadores jogados nas ruas. Todo mundo acha que aquilo não tem mais valor. Mas na verdade são dois ganhos importantes nesse processo: o primeiro é o ambiental, que não recebe um resíduo que pode ser altamente tóxico; e o segundo é o material. Se esse componente entrar num ciclo, ele volta para a cadeia produtiva”, pondera.

A Parcs recolhe doações em Curitiba e Região Metropolitana e tem convênio com 7 outras prefeituras do Paraná. Reciclatech, Hamaya do Brasil, Sete Ambiental e Recicla Eletrônicos também trabalham na cidade com o chamado e-lixo.

A prefeitura de Curitiba tem um projeto similar. Eletrônicos recolhidos pelo caminhão da coleta seletiva são levados para a Unidade de Valorização de Recicláveis e unidades do projeto EcoCidadão. O material é leiloado a cada três meses e a renda retorna para financiar o Lixo que não é Lixo, o projeto de reciclagem da cidade. A prefeitura ainda organiza eventos em parceria com sindicatos e outras entidades para receber o e-lixo.

Coleta

Já o ColeteMe é uma start-up de um grupo de dez pessoas de Joinville que promete uma nova solução para a cadeia do lixo eletrônico. O projeto nasceu na Startup Weekend Joinville (evento destinado a empreendedores, desenvolvedores e designers) e consiste em fazer a ponte entre as empresas que recolhem e fazem a manufatura dos resíduos e as pessoas que querem doar. Os caminhões dessas empresas passam nas casas e recolhem o material.

“Ainda estamos na fase final do projeto, mas em breve ele deve estar em pleno funcionamento. O ColeteMe é uma ideia que saiu de uma necessidade de fazer essa ponte entre as empresas e o pessoal que quer fazer a doação”, afirma Gustavo Rafael Castelini, um dos idealizadores da start-up.

“O projeto também evita que as pessoas descartem lixo eletrônico em qualquer lugar. Afinal, com o próprio celular você pode agilizar a doação final”, completa.

No ColeteMe, basta o preenchimento de um formulário online para viabilizar a coleta. Como ele está em fase final de implantação, ainda não atinge muitas localidades, mas empresas ligadas ao projeto já coletaram doações em Joinville, Garuva, São Francisco e Curitiba. http://www.coleteme.co/

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