Fiéis, políticos, amigos e parentes do padre Adelir De Carli deram ontem o último adeus ao religioso, na Paróquia São Cristóvão, em Paranaguá. Os restos mortais do padre chegaram à paróquia por volta das 18 horas, depois de muito atraso. Desde a noite de quinta-feira, alguns fiéis já faziam vigília na igreja, aguardando a chegada do corpo.
Uma comitiva de motociclistas escoltou o corpo do padre da entrada de Paranaguá até a paróquia. Com buzinaço e salva de palmas, o caixão foi colocado no salão paroquial, causando muita comoção entre os fiéis. Chorando muito, alguns tentavam tocar o caixão e rezavam. "A gente orava todos os dias esperando que ele pudesse estar vivo. Estamos sentindo essa dor muito grande", disse Maria Helena Celestina, que freqüentava as missas do padre desde que ele assumiu a paróquia, há cinco anos. "É uma tristeza, mas também é um alívio conseguirmos enterrá-lo", disse o pai do padre, Aurélio de Carli.
Por volta das 19h20, o bispo de Paranaguá, dom João Alves dos Santos, junto com todos os padres da cidade, iniciou a missa para cerca de 300 pessoas, que lotaram as dependências da igreja. "O padre Adelir foi um homem dedicado, que tinha um carinho especial pelos mais pobres e necessitados", disse o bispo. Segundo ele, o principal desejo do padre vai ter continuidade: "A Cúria de Paranaguá irá criar uma comissão cuja missão é terminar essa obra da Pastoral Rodoviária, iniciada pelo padre Adelir."
Prevista para funcionar em uma área de 3.240 metros quadrados, a pastoral, segundo o projeto do padre Adelir, teria capacidade para garantir pousada para 200 pessoas por noite. "Era o sonho dele. Garantir um conforto para os caminhoneiros e viajantes e sua famílias e garantir um apoio espiritual para esse pessoal. Vamos tentar concretizar isso", explicou Ernesto Klein, comerciante, amigo pessoal do padre e membro da Pastoral Rodoviária.
O corpo do padre seria levado na madrugada de hoje para Ampére, cidade natal do religioso. A previsão é de que o enterro fosse realizado às 10h30 de hoje. Dois ônibus devem levar cerca de 60 fiéis de Paranaguá para o enterro.
Vôo
No dia 20 de abril, o padre Adelir embarcou em uma arriscada aventura, levantando vôo amarrado em mil balões cheio de gás hélio para chamar a atenção para as obras e projetos da pastoral dos caminhoneiros mas a viagem terminou em tragédia. O corpo do padre só foi encontrado no início de junho, na costa do Rio de Janeiro, por um rebocador que prestava serviços para a Petrobras.
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