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Claudia Santos é uma entre dezenas de familiares de detentos da Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP1) que estão indignados com a situação em que os presos estão sendo tratados no local, especialmente com a falta de comida e água nas celas, além da violência a que os detentos estariam sendo submetidos.

Claudia é esposa de um dos presos atingidos por estilhaços de uma bomba de efeito moral jogada pela Polícia Militar no último dia 26, quando a PM fazia uma vistoria na PEP1. Naquela data, a Polícia Militar fez uma varredura nas celas em busca de drogas, celulares e outros artigos irregulares. A direção da penitenciária reconhece que policiais jogaram uma bomba de efeito moral nos presos e que seis deles ficaram feridos.

Na segunda-feira (9), cerca de 50 mulheres, mães e esposas dos presos se reuniram em frente à penitenciária para pedir o fim da violência e assistência aos direitos básicos dos detentos, como água e comida nas celas. Claudia disse que depois dessa confusão os agentes carcerários estão levando comida estragada para os detentos e deixando eles o dia inteiro sem beber água."Os agentes não estão levando comida para os presos, e quando levam, a comida está azeda. Acho que eles estão jogando alguma coisa na comida. Meu marido é um dos detentos que está machucado, ele está com a testa com muitos hematomas e também não estão dando os medicamentos necessário para ele", reclama Claudia.

Ela diz também que sabe que os presos têm de pagar por seus delitos, mas que precisam ter seus direitos básicos respeitados. "Nosso protesto é somente para que nossos maridos e filhos tenham direito a comida, medicação, visita e banho de sol. Tudo isso já é previsto por lei. Queremos apenas que no seja cumprido o que diz a Constituição", completa.

Outro Lado

A assessoria de imprensa da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (Seju) admite que os presos não estão recebendo visitas nem estão tomando banho de sol e que encaminhou ofício da Polícia Militar solicitando apoio interno para dar segurança ao trabalho dos agentes penitenciários em função da situação tensa no presídio e que tão logo o pedido seja atendido a situação deve voltar ao normal. A secretaria, no entanto, nega que os presos estejam recebendo comida estragada e que não estejam tomando água. Novo protesto

O presidente da organização não governamental Anjus, que atua na área de ressocialização e a apoio a presidiários, ex-presidiários e seus familiares, Oscar Moreira disse que após a briga de um jovem presidiário com um agente penitenciário, a direção do presídio começou a punir a cadeia inteira.

"Se alguém errou, não precisa a cadeia inteira pagar. Deixar os presos sem água com um calor desses é desumano. Muitos presos estão deixando de tomar seus remédios controlados em função deste problema. Não estão dando assistência ao presos machucados pela bomba jogada pela polícia. Não está sendo cumprida a Constituição no que se diz respeito a Direitos Humanos no presídio de Piraquara", disse Moreira.

Ele avisa que os parentes dos detentos irão fazer outro protesto nesta quarta-feira (11), desta vez, em frente à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para pedir apoio a Comissão de Direitos Humanos deste órgão.

"Só queremos que eles tenham seus direitos preservados. Eles foram agredidos pela Polícia Militar, se machucaram e não estão sendo medicados. A comida não chega para eles e quando chega está estragada. Eu tenho certeza que isso é retaliação", completa Moreira.

Intervenção

De acordo com a assessoria de imprensa da PMPR, a Seju solicitou uma intervenção da PM porque os presos já haviam subjugado os agentes penitenciários. A PM fez uso gradativo da força e, com isso, conseguiu restabelecer a ordem. A PM destaca que nesta época do ano é comum os presos forçarem situações como esta. Se a PM receber por parte das vítimas ou de suas famílias reclamações oficiais, será tomado o procedimento adequado nesses casos.

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