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O teto do Panteão dos Heróis ameaça desabar colocando em risco o busto do General Gomes Carneiro. Se a estrutura não for inteiramente substituída, o que sobrou do telhado pode despencar sobre a cabeça da imagem de um dos heróis da Revolução Federalista. A situação mostra como alguns dos imóveis históricos da Lapa, que possui 14 quarteirões do centro tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), padecem com a falta de preservação, que remonta há cerca de duas décadas.

Símbolo da resistência do Cerco da Lapa, o Panteão – edificado em 1944 – teve parte do telhado derrubado por falta de manutenção há seis meses e está interditado. Isso porque o teto do espaço, que abriga homenagens e os restos mortais de militares que lutaram na guerra de 1894, encontra-se condenado e precisa ser substituído.

Na parte externa do Panteão, encontram-se canhões Krupp 75 mm, usados na época. Porém, a madeira de parte da arma está podre. Este é apenas um dos problemas que toma conta de uma das cidades mais importantes da história do Paraná. Além de ser um marco no estado pelo próprio Cerco da Lapa, a cidade foi um dos berços do movimento tropeiro e serviu de moradia para o místico monge São João Maria.

O Memorial Ney Braga, por exemplo, está fechado há mais de um ano. Com infiltração e falta de condições estruturais, o acervo que é composto por aproximadamente 1,5 mil peças e deveria ficar alocado nesse espaço foi cedido temporariamente ao Museu Paranaense, em Curitiba. O espaço foi inaugurado como memorial em 2005 exatamente na casa onde Braga nasceu em 1917.

O antigo Paço Municipal, uma das mais importantes construções históricas da cidade, também sofre com a ação do tempo. Toda estrutura interna está detonada. O prédio histórico da Praça Mirazinha Braga, local onde ficava o Gabinete da Prefeitura, permanece fechado desde 2012. O imóvel foi inaugurado em 1890 para sediar a primeira escola pública do estado do Paraná e foi construído com recursos doados por Dom Pedro II durante visita à Lapa. Posteriormente, foi sede do poder público municipal.

Outro prédio que compõe o centro histórico lapeano é o Cine Teatro Imperial, inaugurado em 1943. O espaço, contudo, está tomado por infiltração, parte do telhado ruiu e encontra-se interditado pela Defesa Civil desde o ano passado. O cinema chegou a ser fechado na década de 80 e reinaugurado pela última vez na segunda metade dos anos 2000.

Para o historiador Kallil Assad, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, essa realidade é reflexo da falta de ação do poder público. Segundo ele, apenas tombar os imóveis não garante a preservação. “O governo estadual, o Iphan e o município não chegam a um acordo. Tem que conversar entre eles para conseguir agir e preservar parte da história do Paraná”, assinala.

Casa do capitão-mor

Até essa semana a biblioteca municipal da Lapa funcionava em uma das edificações mais antigas da cidade: na antiga casa do capitão-mor, do fim do século 18. O bem, que é particular, está alugado para a prefeitura até março. Porém, o número de goteiras impediu a continuação da biblioteca no endereço. Os livros estavam encaixotados e devem ir para um outro espaço provisório.

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