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Confissão de um dos suspeitos foi desmentida pelo Cope

Além de ter confessado participação no caso Tayná, um dos suspeitos, Sérgio Amorin da Silva, teria admitido ter matado uma mulher em Guaratuba, no litoral do Paraná, em maio do ano passado.

Investigações do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), no entanto, contradizem essa versão. De acordo com o delegado titular do Cope Amarildo Antunes, a polícia já concluiu que este testemunho é falso. "Já verificamos que a confissão que o suspeito forneceu não bate com a realidade e ele não foi o autor daquele assassinato", garantiu.

O Cope vai passar a investigar os lugares por onde o parque de diversões - onde os suspeitos presos trabalham - esteve no passado, para determinar se há registros de desaparecimentos ou de crimes semelhantes.

Declarações de uma perita que investiga o caso do assassinado da jovem Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, encontrada morta na última terça-feira (25) em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, coloca em dúvida as conclusões iniciais da polícia sobre o crime.

De acordo com Jussara Joeckel, do Instituto de Criminalística, a adolescente pode não ter sido violentada, pois não havia sinais de violência ou luta, comuns em caso de resistência aparente. As investigações iniciais apontavam que Tayná teria sido estuprada, morta e possivelmente o corpo dela teria sido vilipendiado (quando se pratica sexo com o corpo da vítima) após ter sido abandonado em um terreno.

"A perícia confirma que pode não ter havido abuso sexual", declarou Jussara à Gazeta do Povo, nesta terça-feira (2). No entanto, após reunião com as autoridades policiais que investigam o caso, a perita informou que não poderia mais se pronunciar a respeito da morte de Tayná. O caso segue nas mãos na delegacia do Alto Maracanã, em Colombo.

Agenor Salgado Filho, delegado titular da Divisão de Polícia Metropolitana (DPMetro), que coordena todas as delegacias da RMC, afirma que houve um mal entendido. Segundo ele, a perícia entendeu que Tayná estava provavelmente desmaiada quando sofreu o abuso sexual.

"Quando ela [a perita] fala em ausência de marcas de violência, fala em violência física. Mas isso aconteceu porque a moça estava desfalecida quando foi abusada, portanto, sem condições de reagir", explica o delegado. Salgado Filho se baseia no argumento de que foi identificada uma marca de pancada na cabeça, o que pode ter deixado a menor inconsciente.

O que ainda não está claro nas investigações, segundo o delegado, é até que ponto cada um dos suspeitos se envolveu no crime. "Sabemos que alguns tiveram uma participação menor, e outros, bem mais acentuada. Mas temos convicção da culpa de todos", declarou, baseando-se nos indícios colhidos e no fato de que os suspeitos confessaram o crime.

Sobre as confissões, no entanto, surgiu uma contradição. Um dos acusados da morte de Tayná, Sérgio Amorin da Silva Filho, confessou também ter cometido um assassinato no ano passado, em Guaratuba, no litoral do estado. Contudo, investigações do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) concluíram que Amorin não teve nenhuma relação com o crime.

Os suspeitos

Quatro suspeitos de cometer o crime foram presos. Adriano Batista, 23 anos, Paulo Henrique Camargo Cunha, 25, Sérgio Amorin da Silva Filho, 22, e Ezequiel Batista, 22. De acordo com o delegado Silvan Pereira, titular da delegacia de Alto Maracanã, em Colombo, que investiga o caso, três deles confessaram na sexta-feira (28) o homicídio. Ezequiel, no entanto, nega a autoria, e os demais detidos confirmam a inocência do rapaz. Segundo os depoimentos dos suspeitos, ele chegou a abordar Tayná, mas se arrependeu e não participou do crime. Na tarde de sexta, os quatro foram transferidos para outras unidades carcerárias do Paraná, mas os locais estão sob sigilo.

Segundo a Polícia Civil, um senhor teria encontrado o corpo da jovem, que estava jogado dentro de uma vala alagada em um terreno que fica em frente a um parque de diversões onde os suspeitos trabalhavam. O parque de diversões, que foi depredado por manifestantes revoltados com o crime, fica na Rua Presidente Faria, bairro Colônia Faria. O crime

Os suspeitos teriam capturado Tayná na noite de terça-feira (25) e a levaram para um matagal nos fundos do parque. No local, eles teriam estuprado a jovem. Em seguida, eles a levaram para um terreno em frente ao parque. Ali, a menina teria sido morta por estrangulamento.

De acordo com o delegado, os autores abandonaram o corpo da vítima no local e só no dia seguinte resolveram voltar para dar fim aos restos mortais dela. Eles teriam ainda feito sexo com o cadáver (necrofilia) antes de jogar o corpo da vítima em uma vala. Os suspeitos teriam ainda vestido o corpo de Tayná novamente antes de descartá-lo.

Buscas

Na manhã de sexta, vários policiais e moradores estiveram no terreno onde o corpo foi localizado para ajudar nas buscas. Um dos detidos foi levado por policiais ao matagal próximo ao parque, para que apontasse onde foi cometido o estupro, mas ele disse que não lembrava porque estava muito escuro na hora do crime. O homem foi rapidamente colocado na viatura, pois moradores da região ameaçavam linchá-lo.

Protesto

Depois que policiais estiveram no parque de diversões fazendo as primeiras buscas ao corpo, ainda na quinta (27), moradores da região se revoltaram e começaram um protesto. Cerca de 200 pessoas foram ao local, por volta das 19 horas do mesmo dia, e atearam fogo em um caminhão e outros objetos do estabelecimento.

De acordo com a Polícia Militar (PM), equipes da tropa de choque foram ao local para ajudar na dispersão do protesto. Não foram registrados feridos na manifestação que deixou parte do parque destruído.

Desaparecimento

Tayná sumiu na noite da última terça-feira (25), quando voltava para casa, nas proximidades de um parque de diversões. Ela saiu da residência de uma amiga por volta de 20h30 e mandou uma mensagem de texto via telefone celular à mãe, Cleuza da Silva, dizendo que estava voltando para casa.

Depois que a menina não chegou em casa, a mãe passou a buscar imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos das redondezas. Entre a residência da amiga e o ponto de ônibus no qual ela pegaria a condução, há apenas o parque onde foram presos os suspeitos.

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