Com o apoio do Ler e Pensar, os professores da Rede Municipal de Educação de Curitiba tiveram uma experiência de formação diferente no início de agosto: uma oficina de haicais, ministrada pelo poeta curitibano Álvaro Posselt.
Primeiro, eles tiveram uma aula expositiva sobre o estilo clássico de se fazer haicai, a forma padrão, alguns elementos que o compõem, desdobramentos para outros estilos, grandes mestres da arte do haicai e a filosofia oriental que permeia os versos das poesias curtas japonesas.
Pintou estrelas no muro
e teve o céu
ao alcance das mãos.
Na segunda parte da oficina, foi a vez dos professores colocarem a mão na massa e prepararem seus próprios poemas utilizando o conteúdo aprendido. Cada professor participante recebeu um exemplar diário da Gazeta do Povo e, por meio das notícias encontradas no jornal, foram estimulados a produzir os haicais e suas derivações.
Segundo Álvaro Posselt, a arte de criar um haicai deve ser um processo rápido. “Se eu demorar mais do que um segundo para produzir, sei que não vai ficar bom. Quando a gente está aprendendo o básico, fica viciado em colocar tudo na métrica, respeitando o estilo tradicional. Porém, com o tempo, cada um cria seu próprio estilo e vai descobrindo outras possibilidades”, conta o poeta.
Conexão Paraná x Japão
Os haicais são poemas de origem japonesa, concisos, formados por três versos, aproximadamente 17 sílabas, e que não têm a necessidade de rima ou título. Os primeiros haicais surgiram no Brasil no início da década de 20 e logo se tornaram populares entre os poetas brasileiros.
No Paraná, a influência da imigração japonesa ajudou a fazer com que a poesia curta se tornasse parte da tradição literária do estado. Helena Kolody, poetisa cruz-machadense radicada em Curitiba, foi a principal entusiasta; Paulo Leminski e sua companheira Alice Ruiz também se destacaram nesta literatura. Leminski criou inclusive um estilo próprio de escrever o haicai, que ficou conhecido como free-haiku e dominou a cena curitibana nos anos 80.
Por isso, falar de haicais com os professores, mais do que um exercício de educomunicação do projeto Ler e Pensar, ajuda a fortalecer a literatura da nossa terra e da nossa gente.
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