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| Foto: Scott Heppell/AFP

No interior da Inglaterra, cartões chamando poloneses de vermes foram achados perto de uma escola. Em Londres, uma associação de cidadãos dessa origem recebeu a pichação “vão pra casa”.

Desde que o Reino Unido decidiu romper com a União Europeia por meio de um plebiscito, na quinta-feira (23), relatos de ofensas contra imigrantes alimentam o temor de uma onda xenófoba.

Nesta segunda (27), os principais líderes políticos britânicos reagiram.

A polícia em Londres está em alerta a pedido do prefeito, Sadiq Kahn. “É muito importante ficar em alerta contra qualquer aumento dos crimes de ódio ou de abuso por aqueles que podem usar o referendo como desculpa para tentar nos dividir”, disse Khan, filho de paquistaneses.

De quinta a domingo, 85 casos foram registrados, segundo o conselho nacional de chefes de polícia do Reino Unido. No mesmo período do mês anterior, houve 54 casos.

A polícia ainda apura se os casos estão ligados ao “Brexit”, fusão das palavras em inglês “britânicos” e “saída” usada para definir a decisão do Reino Unido de sair da UE.

“Uma das desfigurações de nossa sociedade é o racismo, a intolerância e, infelizmente, isso tem aumentado nos últimos dias”, lamentou o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, enquanto fazia um comício improvisado, na porta do Parlamento.

O premiê, David Cameron, afirmou que não vai tolerar crimes de ódio. “Vamos lembrar que essas pessoas dão uma contribuição maravilhosa ao nosso país. Crimes de ódio e esse tipos de ataques, eles devem ser erradicados.”

Impressões

Apesar da preocupação dos políticos, nem todo imigrante europeu no Reino Unido espera um surto xenófobo. “Casos isolados sempre vão existir. Não tenho esse receio de que o Brexit vai aumentar violência contra imigrantes”, afirma Jonas Grebler, dono de um passaporte romeno e outro brasileiro.

Jonas mora em Londres há pouco mais de um ano e aposta que a tendência é seguir o modelo da Noruega, mantendo parcialmente o fluxo livre de mercadorias e pessoas.

“Talvez os imigrantes que não trabalham e ganhem benefícios possam ser convidados a sair. Mas os que pagam impostos têm chances de ficar. Sem eles o país entraria em colapso”, opina.

Estima-se que 3 milhões de europeus vivam no Reino Unido, metade dos quais veio de 2006 a 2014. Na campanha do plebiscito, muitos britânicos mostraram insatisfação com tal fluxo, alegando que ele onera o sistema de saúde e o mercado de trabalho.

Uma preocupação imediata desses europeus é com o trabalho. O sueco Christian Bjurstedt, em Londres há 12 anos, se diz aliviado porque a empresa para qual trabalha, estrangeira, vai manter o escritório na cidade.

Já a estudante Marina Erikson, filha de uma francesa e um sueco, recomenda calma antes de uma decisão de deixar o país. “Acho que as negociações da saída do Reino Unido são complexas e levarão tempo”, diz. Para ela, as regras de imigração variarão conforme a negociação dos britânicos com cada país.

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