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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Vaias ao líder do governo Richa no Legislativo

O líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado Luiz Romanelli (PMDB), na foto ao lado, foi cercado e vaiado por professores grevistas, pouco depois de ter participado da primeira rodada de negociações.

O parlamentar deixou a pé o Palácio Iguaçu e caminhou em direção à Assembleia, mas não passou despercebido pelos manifestantes.

Aos gritos de "vendido, vendido!", um grupo seguiu o deputado até a porta da sede do Legislativo.

Sem perder a pose, Romanelli apenas sorriu aos professores.

Universidades

UEL vive pior crise da história

Sem a verba de custeio destinada pelo governo estadual, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) vive a maior crise financeira de sua história, segundo a reitora Berenice Jordão. Para ela, a possibilidade de fechamento da instituição é real. "Não queremos pensar que isso possa acontecer, mas não temos alternativa para essa situação."

A UEL deveria receber R$ 34 milhões, sem os quais as atividades acadêmicas, a manutenção e o custeio da saúde – no caso do Hospital Universitário (HU) e da Clínica Odontológica Universitária (COU) – ficam comprometidos. A suspensão dos recursos para custeio pegou a universidade de surpresa e em um momento em que as condições já são precárias. "Encerramos o ano passado sem o repasse de R$ 6 milhões da verba de custeio e, por isso, não temos estoque de materiais, não fizemos manutenção", explica Berenice.

Além disso, atividades do HU e da COU, de acordo com a reitora, também podem ser comprometidas. Dos R$ 34 milhões que o Estado deveria repassar à UEL, quase R$ 5 milhões são para o custeio do HU e da COU. E para receber a verba do SUS, o HU tem de manter algumas atividades como a compra de insumos, que depende da verba de custeio. "A verba de custeio alavanca o recebimento do SUS", explica Berenice.

Litoral

A Universidade Estadual do Paraná (Unespar), em Paranaguá, não tem condições de retomar as aulas. Carteiras estão quebradas, salas de aula sem piso e cheias de entulho e apenas um banheiro está funcionando em razão de uma reforma, de cerca de R$ 600 mil, parada no meio por falta de pagamento.

Paraná

Na última segunda-feira, a Gazeta do Povo mostrou que o governo estadual não garantiu os R$ 124 milhões para as despesas das instituições aprovados na Lei Orçamentária Anual. Por isso, pelo menos quatro (entre elas a UEL) das sete universidades estaduais correm sérios riscos de fechar.

Há dias, as instituições do Paraná estão em greve por indeterminado.

Erika Pelegrino, do JL, e Débora Alves, especial para a Gazeta do Povo

Atrasados

Governo fixa data para pagar rescisão de PSSs

O governo do Paraná se comprometeu ontem a pagar a rescisão de contrato dos 29 mil professores temporários –contratados via Processo Seletivo Simplificado (PSS) – que atuaram na rede estadual de ensino em 2014. Os pagamentos deveriam ter sido feitos no fim de dezembro, mas estão atrasados. Segundo o secretário da Casa Civil, Eduardo Sciarra (PSD), a dívida será paga na próxima terça-feira. "Serão R$ 84 milhões, pagos no dia 24", garantiu.

O terço de férias dos professores e servidores da educação – que também está atrasado – deve ser pago em breve. Sciarra disse que o governo deve efetuar parte do pagamento na próxima semana. O restante será dividido em duas parcelas: março e abril.

Apesar do compromisso do governo, a APP-Sindicato considera os esforços insuficientes. A categoria reivindica o pagamento integral dos atrasados (rescisão dos PSSs e terço de férias) já na próxima semana . A quitação do débito, no entanto, esbarra na falta de caixa do governo. Por outro lado, os sindicalistas conseguiram o compromisso de que não haverá novos atrasos. "Tivemos reafirmada a garantia de que os pagamentos serão feitos em dia", destacou Hermes Leão.

  • Em Foz, educadores e servidores da Unioeste marcharam

A greve dos professores e funcionários da rede estadual de ensino entra, hoje, em seu décimo segundo dia, ainda sem perspectiva de um acordo. Ontem, a primeira rodada de negociação entre a categoria e o governo do Paraná não foi capaz de pôr fim à paralisação. As partes avançaram apenas em um dos três itens da pauta reivindicada pelos educadores: o governo se comprometeu a não mexer em direitos conquistados historicamente pelos servidores da educação. O debate de um dos principais pontos – o porte das escolas, incluindo número de docentes e funcionários – ficou para uma nova negociação, que será realizada hoje.

"A greve continua. A reunião foi insuficiente para avançar no conjunto da pauta", disse Hermes Silva Leão, presidente da APP-Sindicato, que representa professores e servidores da rede estadual de ensino. "O bloco [de reivindicações] que ficou para a sexta-feira [hoje] é fundamental. Avançamos em só 30% do debate", completou.

Em mais de três horas de reunião a portas fechadas, o governo explicou aos educadores que vai reenviar à Assembleia Legislativa o "pacotaço", que prevê uma série de medidas de austeridade. Entretanto, a proposta original será desmembrada em vários projetos, divididos por grupos de assuntos. O governo garantiu que vai manter direitos trabalhistas dos professores – como os anuênios e quinquênios – e que as proposituras vão tramitar normalmente pelo Legislativo. Ou seja, não haverá "tratoraço", em que o plenário aprova uma comissão geral de modo a agilizar a votação dos projetos.

"Não enviaremos à Assembleia nenhum projeto que retire qualquer benefício, qualquer direitos dos trabalhadores. Não houve recuo do governo. Houve, sim, um avanço no sentido de discutirmos temas que são importantes ao futuro do Paraná", asseverou o secretário da Casa Civil, Eduardo Sciarra (PSD).

Porte das escolas

O item que deve ser discutido hoje – classificado como "importantíssimo" pela APP-Sindicato – é o que está mais distante de um acordo. A categoria não abre mão da revisão do porte das escolas, ou seja, que os colégios tenham o mesmo número de turmas, professores, pedagogos e servidores que tinham em dezembro do ano passado.

Ontem, a discussão deste tema não avançou porque os dados do sindicato e da Secretaria de Estado da Educação (Seed) são divergentes. A APP-Sindicato defende a imediata contratação de mil pedagogos que foram aprovados em concurso e que ainda não integram o quadro da rede.

A categoria também exige a incorporação de mais professores temporários (além dos dez mil, cuja contratação já foi autorizada pelo governo), além da reabertura das 2,4 mil turmas fechadas e da retomada das atividades de contraturno (como cursos de línguas e aulas esportivas e artísticas), que também haviam sido suspensas. A Seed, por sua vez, garante que recontratou 9 mil funcionários temporários e que o número de professores é suficiente.

Aulas não voltam antes de quarta-feira

Ainda que o governo e a APP-Sindicato fechem um improvável acordo na reunião de hoje, a greve dos professores e servidores da rede estadual de ensino se estenderá pelo menos até a próxima semana. O fim da paralisação precisaria ser referendado por uma assembleia geral, que já não tem tempo hábil para ser realizada ainda nesta semana.

No sábado, o Conselho Estadual da APP – que congrega núcleos sindicais de todas as regiões do estado – vai avaliar os rumos que o movimento deve tomar. Uma decisão após um eventual acordo não sairia antes da próxima quarta-feira.

Enquanto isso, os professores seguem mobilizados. Ontem, milhares de professores se aglomeraram diante do Palácio Iguaçu, onde ocorreu a primeira rodada de negociações. Na Praça Nossa Senhora de Salete, centenas de educadores permanecem acampados, com apoio de outras categorias.

Enquanto a reunião acontecia, os grevistas permaneciam do lado de fora, ora gritando palavras de ordem, ora cantando paródias de sambas e marchinhas de carnaval -- entre elas, uma versão de "Madalena" (de Martinho da Vila), que dizia: "Beto Richa, Beto Richa, você é um traidor...".

Segundo a APP-Sindicato, a adesão à greve beira os 100%. Segundo o presidente da entidade, Hermes Leão, "apenas uma ou outra" das 2,1 mil escolas do Paraná receberam seus alunos. "Abriram por pressão de seus diretores, que estão pressionando professores e funcionários", disse.

Foz e Cascavel têm dia de manifestação

Vacy Alvaro, especial para a Gazeta do Povo, e Luiz Carlos da Cruz, correspondente

Mais de três mil educadores participaram de um protesto ontem, em Foz do Iguaçu, no Oeste, durante o horário da reunião da categoria com o governo estadual no Palácio Iguaçu, em Curitiba. Em Foz, o movimento ganhou mais força com a presença de educadores municipais, que exigem do prefeito Reni Pereira o cumprimento da Lei de Plano de Cargos, Carreira e Salários dos professores, assinada em junho de 2014 mas ainda não implementada.

Gritando palavras de ordem, o grupo percorreu ruas da região central, partindo da Praça do Mitre – onde mantém acampamento – até a prefeitura e o Núcleo Regional de Educação.

De acordo com Fabiano Severino, presidente da APP-Sindicato/Foz, o ato pode ser considerado histórico para o município. "Acredito que pela primeira vez isso acontece em Foz do Iguaçu. Vieram para a rua professores desde a educação infantil até o ensino superior", destacou, lembrando da presença também dos servidores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) nas manifestações.

Nas nove cidades do núcleo de Foz da APP-Sindicato, a greve conta com a adesão total dos servidores.

Cascavel

Nem mesmo a forte chuva que caiu no início da tarde ontem em Cascavel, também no Oeste, impediu os professores de fazerem uma manifestação. Dezenas de professores se concentram no pátio do Centro Administrativo Regional onde funciona a sede do NRE (Núcleo Regional de Educação). Ainda no fim da tarde, a categoria teria o reforço dos servidores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e do hospital da instituição, o Huop, também em greve desde segunda-feira.

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