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Construção do CMEI Portão II está parada há tanto tempo que foi tomada pelo mato. | Fotos: Antônio More/Gazeta do Povo
Construção do CMEI Portão II está parada há tanto tempo que foi tomada pelo mato.| Foto: Fotos: Antônio More/Gazeta do Povo

24,4%

A prefeitura de Curitiba informou ter viabilizado 7.804 vagas na educação infantil desde 2013. Mas apenas 3.818 já foram entregues – o que representa 24,4% das 16.319 vagas prometidas antes das eleições de 2012. Outras 3.818 vagas serão entregues com a conclusão de 22 projetos que estão em obras ou em fase de contratação. Do total de vagas já abertas, 1.661 vieram com a construção de nove CMEIS. Outra unidade, a Cora Coralina, foi municipalizada. As demais 2.157 vagas foram criadas com a ampliação de convênios e reestruturação de unidades já existentes.

Na família de Jianie Marie dos Santos, quem cuida de Murilo, de 3 anos, é uma adolescente. Essa situação poderia ser diferente se estivesse pronto o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Timbori, que fica em frente da casa deles. A obra está paralisada desde o final de 2014 por falta de pagamento. Segundo empreiteras contratadas, cinco dos dez novos CMEIs prometidos para este semestre estão em situação semelhante.

O prazo para entrega dos equipamentos públicos vence daqui quatro meses, mas nada indica que a promessa será integralmente cumprida. Apenas três das dez novas unidades estão prontas para atender as crianças a partir da próxima quinta-feira (19), quando devem recomeçar as aulas.

A atual gestão prometeu criar 16 mil vagas de educação infantil até 2016. As novas ofertas devem surgir a partir da construção de 42 CMEIs, da ampliação dos convênios com instituições particulares e da adequação de outros CMEIs e escolas do ensino fundamental para receber crianças de 4 a 5 anos. Segundo o município, até o momento, 3.818 novas vagas foram abertas – 24% da promessa.

A reportagem ouviu responsáveis pelas construtoras de cinco projetos distintos e todos confirmaram que os pagamentos da prefeitura vêm atrasando desde junho de 2014. O empreiteiro responsável pelas unidades Rio Bonito, no Campo de Santana, e Diadema II, na Cidade Industrial, disse que diminuiu o ritmo, mas que tocou a obra com recursos próprios. Na semana passada, havia um funcionário em cada uma delas. Já as obras da Timbori, Portão II (Parolin) e Xapinhal/Bairro Novo estavam abandonadas. Segundo vizinhos, não há movimentação de operários desde o ano passado. “Se tivéssemos com os pagamentos regularizados, teríamos entregado [os CMEIs] em novembro”, diz um empreiteiro, que pediu anonimato.

Se a Rio Bonito estivesse concluída no prazo, Claudiane Calegario, 28, poderia se dividir entre os cuidados com Igor, de 5 meses, e o trabalho como promotora de vendas. “Ganhava R$ 1,2 mil [por mês], mas tive de sair do trabalho porque as creches da região não têm vaga”. Ela e o marido pagam aluguel em uma casa a menos de 30 metros do futuro novo CMEI.

Meu filho Pedro passou pela creche pública e vi como isso é importante para a criança se desenvolver. Infelizmente,

o Murilo está perdendo um tempo precioso.

Jianie Marie dos Santos40 anos, vigilante e avó de Murilo.

Outras duas unidades prometidas pela prefeitura para este semestre estão com obras em andamento, mas em estágio inicial. “No dia em que terminarem a obra do Vila Verde [na CIC], minha filha talvez nem esteja mais no berçário”, lamenta o operador de empilhadeira Amilton Moreira Júnior, 38, pai de Lara, de 9 meses. Além da Vila Verde, havia obras em andamento também no CMEI Moradias da Ordem II, no Tatuquara. Mas a prefeitura já admite que as duas não serão entregues no prazo por causa de atrasos no início dos

serviços.

Atualmente, mais de nove mil pais aguardam na fila por vaga para educação infantil pública em Curitiba. Mas esse número engloba apenas os que fizeram o cadastro. Segundo levantamento realizado pelo Ministério Público do Paraná, o déficit de vagas em Curitiba era de 70 mil crianças em 2012 – metade da população dessa faixa etária.

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