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 | Cesar Machado/Especial para a Gazeta do Povo
| Foto: Cesar Machado/Especial para a Gazeta do Povo

A manhã desta quarta-feira (4) foi de protestos em Quedas do Iguaçu, Centro-Sul do estado, com milhares de integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) nas ruas da cidade. A ação faz parte da jornada nacional de lutas do movimento, mas também teve pauta regional. O movimento calculou em sete mil o número de participantes nos atos públicos. Não havia policiais militares no local para fazer o cálculo, apenas viaturas circulando nos arredores da praça onde os sem-terra se concentraram.

Curitiba

Durante toda a terça-feira (4), a superintendência do Incra em Curitiba recebeu integrantes do Movimento Sem Terra (MST) para discutir a pauta de reivindicações da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, mobilização que acontece em todo o país durante essa semana.

Segundo a assessoria de imprensa do Incra, cerca de 400 trabalhadores participaram das audiências sobre assentamentos e acampamentos. Pela manhã, foram discutidas questões referentes ao desenvolvimento e investimento em áreas de reforma agrária, que contemple a infraestrutura dos assentamentos com construção e reforma de escolas, novas unidades de habitação, construção e revitalização de espaços culturais e postos de saúde.

À tarde, a pauta contemplou a aquisição de novas áreas para o assentamento de famílias que hoje vivem acampadas.

Colaborou: Carolina Grando

A movimentação começou por volta das 7 horas quando os sem-terra cruzaram em frente à empresa Araupel e deixaram no local uma faixa provocativa com a inscrição “a terra é nossa”. Eles também se concentraram em frente à Rádio Municipal FM, uma emissora educativa mantida pela prefeitura. No local, os manifestantes gritaram palavras de ordem contra a emissora a quem eles acusam ter tomado partido em favor da Araupel.

O diretor de jornalismo, Carlos Lins, foi o principal alvo dos sem-terra, que prometem fechar a emissora se a rádio continuar o que eles classificaram de “ataque ao movimento”. Segundo os sem-terra, a Municipal FM não abre espaço para entrevistas com o MST, apenas para a Araupel. Antes de deixarem o local e continuar com os protestos, os integrantes picharam o prédio da emissora com a inscrição “Rádio Municipal, capacho da Araupel”.

Lins classificou a atitude como um ataque à imprensa e à pessoa dele como jornalista. Ele afirmou que vai registrar um boletim de ocorrência porque um patrimônio público foi vandalizado com pichações. “Eles não admitem em hipótese alguma que se noticie um fato que vai ao contrário do que eles pregam”, afirma o diretor.

Nova invasão

Durante os discursos na praça central, os sem-terra disseram que irão invadir nova área e fazer um novo acampamento nas terras da Araupel e prometeram ocupar toda a área até o fim do ano. A Araupel emprega cerca de 1,2 mil trabalhadores e atua no reflorestamento de madeira.

Ênio Pasqualin, da direção estadual do MST, afirmou que recentemente foi realizado um encontro regional na comunidade Arapongas. Na ocasião, o movimento assumiu como compromisso “o fim da Araupel e o assentamento de todas as famílias acampadas”.

Para reivindicar as terras, o MST evoca uma decisão judicial que determinou que a área da Fazenda Rio das Cobras, onde está parte da Araupel, pertence à União. A decisão judicial, no entanto, tornou-se sem efeito a partir do momento em que a empresa recorreu da sentença de primeira instância.

Um líder nacional do movimento, que preferiu identificar-se apenas como Miranda, afirmou que nesta quarta-feira (5) a questão das terras da Araupel será discutida em uma reunião no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Brasília. “E mesmo que elas [as terras] não fossem públicas, não é admissível nós estarmos na terceira melhor terra do mundo, agronomicamente falando, e ter produção de pinus e não de alimentos”, declarou.

Com foices, bandeiras do movimento e facões, os sem-terra fizeram uma caminhada de aproximadamente três quilômetros e percorreram as principais vias públicas de Quedas do Iguaçu. Eles também fizeram duras críticas ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e à ministra da Agricultura, Kátia Abreu. A manifestação foi pacífica e transcorreu sem incidentes.

Procurada, a Araupel ainda não se manifestou sobre as declarações dos integrantes do MST.

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