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O surto de caxumba no Rio de Janeiro superlotou nesta quinta-feira (9) os postos de vacinação e clínicas particulares. No Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca (zona oeste), a espera para tomar a vacina que protege da doença chegava a duas horas no início da tarde. Na fila, estavam alunos das duas escolas que concentram os casos da região: o pH, com 44 casos suspeitos e um óbito, e o CEI, que chegou a ter 20 registros e, no momento, soma quatro.

No pH, as férias foram antecipadas em uma semana, para evitar possíveis contágios. Os estudantes só voltam em agosto. “Está todo mundo apavorado. Na minha turma tem 40 alunos e hoje só foram cinco. A aula de português foi na quadra de esportes, por ser aberta”, contou Kayan Abate, de 13 anos. Ele conhecia de vista Juliana Guedes, de 14, que morreu na terça-feira (7) de meningite viral – o quatro pode ter decorrido de complicações da caxumba.

Cresce o número de casos suspeitos de caxumba no Rio de Janeiro

De janeiro até terça-feira (7) foram 606 registros, mais notificações do que em 2014. De acordo com a Secretaria estadual de Saúde, não há epidemia da doença

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“Caxumba nunca foi uma doença que me preocupasse, mas, quando morre uma menina do mesmo colégio, vem o pânico”, disse a mãe dele, a fisioterapeuta Magali Abate, de 38 anos, que levou para vacinar também a filha de 11 anos. Ambos, imunizados quando bebês, foram receber doses de reforço.

Na clínica Prophylaxis, na Barra, onde a dose da tríplice viral (contra caxumba, sarampo e rubéola) custa R$ 60, a procura aumentou este mês. Mãe de dois alunos do CEI, a advogada Mariana Ferreira, de 42 anos, foi buscar informações. “As mães que estão no grupo de WhatsApp estão na maior histeria.” Os filhos relataram que só metade das turmas está indo às aulas e que há alunos usando máscaras para proteger boca e nariz.

A reportagem conversou hoje com diretores dos colégios pH, CEI, Andrews e Santo Inácio – os dois últimos, em Botafogo (zona sul), e, respectivamente, com seis e dez casos notificados. Eles informaram que, para coibir a disseminação do vírus, transmitido por secreções contaminadas, vêm mantendo aparelhos de ar condicionado desligados e janelas e portas das salas abertas. Também orientam os alunos a não dividirem copos e objetos pessoais.

O alerta começou entre abril e maio. O diagnóstico foi dificultado pelo fato de os sintomas – fraqueza, febre, dor de cabeça - serem confundidos com os de um princípio de gripe, comum quando as temperaturas caem.

O infectologista Edmilson Migowsky, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que só é recomendável a vacinação de quem não foi imunizado quando bebê ou de quem não tem mais caderneta de vacinação. “A mobilização é válida, mas não há motivo para pânico. Tenho 30 anos de profissão e é a primeira vez que vejo um caso de morte relacionado a encefalite por caxumba.”

Para Migowsky, os adolescentes são os mais afetados pelo surto por trocarem beijos na boca e compartilharem copos e garrafas. Além disso, podem ter sofrido perda de imunidade por terem tomado a tríplice viral há muito tempo.

A capital, município mais populoso do Estado, já conta 606 casos desde janeiro, ante 561 de todo o ano de 2014. Barra, zona sul e centro concentram o surto. Niterói, São Gonçalo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, as quatro cidades de maior população fora a capital, somaram, juntas, 236 registros em 2015.

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