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A rivalidade entre taxistas e motoristas ligados ao aplicativo Uber está ainda mais acirrada. Lançado nessa sexta-feira, O UberX — que oferece carros mais populares e tarifa menor em relação ao UberBlack — passa a competir diretamente com os amarelinhos. Em meio à polêmica, saímos às ruas para comparar as diferenças entre os serviços oferecidos ao passageiro. Os testes começaram pela manhã, por volta das 9h. Num revezamento, embarcamos em carros do Easy Táxi, do UberBlack e do UberX — todos oferecem serviço de transporte via aplicativo.

O marketing do UberX é usar carros mais simples, a um preço mais competitivo: a tarifa anunciada é composta por um valor inicial de R$ 3, mais R$ 1,40 por quilômetro rodado e R$ 0,25 por minuto, com a promessa de ser 30% mais baixa que a dos táxis. Já o UberBlack usa carros luxuosos, tipo sedã, com tarifa base de R$ 5, mais R$ 2,20 por quilômetro e R$ 0,30 por minuto, sujeita a alterações de acordo com a demanda. O X, em breve, também poderá ter valor conforme a procura. Os dois serviços podem ser pagos com cartão de crédito cadastrado. Os táxis comuns, por sua vez, cobram bandeirada de R$ 5,20 e R$ 2,05 por quilometragem, na bandeira 1, e R$ 2,46, na 2.

Os carros testados fizeram o mesmo trajeto, da Avenida Atlântica, na altura da Rainha Elizabeth, em Copacabana, até o Shopping RioSul, na Avenida Lauro Sodré, em Botafogo. A primeira viagem foi de UberBlack: às 8h59m, o aplicativo informava que a tarifa estava 20% mais alta, devido à grande procura. As outras viagens foram feitas na sequência.

O tempo que os carros levaram para atender à solicitação foi o primeiro item testado. O táxi, do Easy Táxi, chegou em cinco minutos, seguido pelos motoristas do UberBlack, em oito minutos, e do UberX, em 13. Já o percurso foi feito mais rapidamente pelo UberBlack (12 minutos), seguido pelo Easy Táxi (15) e pelo UberX (16) — este último ficou preso num congestionamento. Na disputa de valores cobrados, o preço mais baixo foi o do novato UberX: a corrida deu R$ 12, 20% a menos que a do táxi (R$ 15), mas ainda longe dos 30% prometidos. Segundo o aplicativo, o preço pode sofrer alteração de acordo com o tráfego nas ruas. O UberBlack cobrou R$ 20.

A forma como o passageiro é recepcionado também foi observada. Dirigindo um Nissan Livina preto e vestido com roupa social, o motorista do UberX chega ao ponto de encontro e chama o usuário pelo nome. Entramos juntos nesse carro e logo nos foi perguntado sobre nossas músicas preferidas e também sobre qual seria a temperatura ideal do ar-condicionado. Educado, ele nos ofereceu água. Nós não nos identificamos como repórteres, mas, no caminho, ele nos contou sobre sua entrada no aplicativo. “Há um ano estou no UberBlack, mas, como o meu carro não é sedã, fui transferido para a categoria X. Antes, trabalhava como motorista de transporte executivo e já fui taxista”, disse, explicando por que costumam estender tapete vermelho para os passageiros. “Ao fim da corrida, somos avaliados pelo usuário. No fim de cada semana, se somos bem avaliados, recebemos do Uber entre R$ 100 e R$ 200.”

Água e bombom

Já o motorista do UberBlack chegou vestido de blazer, num Jetta. Também nos chamou pelo nome e ofereceu água e bombom. Como o colega da versão X, foi muito educado e perguntou se a temperatura e a música estavam boas. Ex-funcionário de um empresa privada, disse que foi demitido e comprou um carro há menos de dois meses para trabalhar no Uber. Contou que o aplicativo tem parceria com a Nissan. Procurada, a empresa negou.

“Muitos motoristas do Uber estão com medo de sair por causa da decisão dos vereadores de aplicar multas mais pesadas a quem trabalha pelo aplicativo. Mas o projeto que prevê penalidades de até R$ 7 mil só foi aprovado em primeira discussão”, disse ele.

Já o motorista do Easy Táxi não ofereceu mimos, nem quis saber sobre a temperatura dentro do carro, muito menos a nossa preferência musical. No entanto, não houve problema durante o percurso. Perguntado sobre a concorrência com o Uber, disse não se preocupar. “Se o serviço for liberado, muitos colegas vão migrar para o Uber, para não pagar diárias. O aplicativo é bom, mas a ilegalidade é ruim. Eles alegam que as pessoas têm direito de escolha, mas escolher produtos piratas não é permitido”, opinou ele, taxista há oito anos e que aluga a autonomia de um aposentado por R$ 1.500 mensais.

Para André de Oliveira, da Associação de Assistência ao Motorista de Táxi do Brasil, o aplicativo atrapalha os táxis: “Isso é um golpe baixo do Uber para acabar com os taxistas. O valor cobrado (pelo UberX) está abaixo da tarifa do táxi. E Rio, Campos e Maceió são lugares com tarifas abaixo da média nacional, que é R$ 2,50.”

O presidente do Conselho Regional de Taxistas, Marcos Bezerra, sustenta que as reclamações contra os táxis são baixas em relação ao tamanho da categoria. “São 55 mil taxistas e 32 mil táxis na cidade. O percentual de reclamação é pequeno”, afirma.

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