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Olho vivo

Guerra de números 1

O ministro Paulo Bernardo estava com a corda toda ontem, em Curitiba. Pela manhã, ao participar de evento na Fiep e, à tarde, em entrevista improvisada para os repórteres que cobrem as sessões da Assembleia, apontou para o governador alguns petardos de grosso calibre.

Guerra de números 2

Ele estava particularmente irritado com as afirmações de Beto Richa segundo as quais o Paraná vem sendo preterido pela União nos investimentos. Segundo o governador, embora o estado ocupe a 5ª posição entre os que mais engordam os cofres federais, é o 23º nos investimentos. O Paraná, segundo Richa, prevê receber da União R$ 1,6 bilhão, enquanto que para o Rio Grande do Sul foram destinados R$ 2,6 bilhões e para Santa Catarina R$ 2 bilhões. Para o governador, os três ministros paranaenses não se empenham em favor do estado.

Guerra de números 3

"Não adianta ficar sentado e criticando, tem de trabalhar", numa alusão à suposta postura de Richa que, segundo Paulo Bernardo, não se esforça o suficiente para buscar recursos federais. "Faltam projetos, propostas e ação política", disparou. Mais tarde, o ministro pediu a assessores em Brasília que conferissem os números citados pelo governador e, por e-mail, recebeu informações que desmentiriam a fama de "patinho feio" do Paraná.

Guerra de números 4

Segundo o levantamento da assessoria, em 2012, ao contrário do que disse Richa, o estado recebeu mais que o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A União teria destinado ao Paraná R$ 3,8 bilhões em recursos provenientes de convênios, ao passo que gaúchos e catarinenses receberam, respectivamente, R$ 3,5 bilhões e R$ 2 bilhões.

O que até há pouco tempo era tido como certo e irreversível, entrou desde ontem no pantanoso terreno do imponderável: ao contrário da expectativa alimentada há tempos, é provável que a ministra Gleisi Hoffmann não concorra ao governo estadual em 2014. Empenhada na própria reeleição, a presidente Dilma Rousseff pode pedir a Gleisi que reconsidere seus planos e permaneça na estratégica Casa Civil durante a campanha.

A possibilidade, com alto grau de incerteza, foi admitida ontem pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, marido de Gleisi. "Ainda falta conversar mais com a presidenta antes de se tomar qualquer decisão", advertiu o ministro. Que, em seguida, tomou o cuidado de não deixar a questão no vácuo: "Se não for a Gleisi, será o Osmar Dias ou o deputado Ângelo Vanhoni".

Enquanto isso, longe de Curitiba, em evento do Banco do Brasil (do qual é um dos vice-presidentes), Osmar Dias a tudo ignorava. Para ele, existem duas certezas: que Gleisi é candidata ao governo e ele ao Senado, numa chapa PT-PDT. Nem mesmo a candidatura do irmão, o senador Alvaro Dias (PSDB), à reeleição o impedirá de concorrer. "Nem quero perder tempo com essa discussão", afirmou Osmar em entrevista para emissora de rádio do interior.

Mac Donald entra no páreo

Independentemente das certezas e incertezas de uns e de outros, o ex-prefeito de Foz do Iguaçu, Paulo Mac Donald, se apresenta para enfrentar Beto Richa no pleito do ano que vem. Seu nome foi lembrado, na semana passada, pela executiva nacional de seu partido, o PDT, em Brasília. Mac Donald topou o desafio imediatamente e até já iniciou articulações para viabilizar a candidatura e a treinar um forte discurso de oposição a Richa.

Segundo ele, o PDT entende que precisa ter candidato próprio no Paraná, não atrelado a outras legendas nem mesmo para disputar as eleições proporcionais. A estratégia de servir apenas para proporcionar tempo de televisão a candidatos de outros partidos ou de fazer número nas chapas de deputado estadual e federal tende a passar por uma mudança, diz Mac Donald.

A razão para a mudança de estratégia prende-se à necessidade do partido de eleger bancadas parlamentares mais expressivas. "Em 2008 elegemos um só deputado federal; em 2012, nenhum. Deputados estaduais também elegemos poucos. Se não tivermos candidato próprio na majoritária nem chapas exclusivas para concorrer nas proporcionais, vamos sempre repetir o mesmo fracasso", argumenta.

O raciocínio de Paulo Mac Donald não pressupõe necessariamente a desistência de Gleisi, mas também não acredita que Osmar Dias queira, outra vez, disputar o governo estadual, preferindo voltar para o Senado – o que reforçaria a ideia de montar uma chapa pura para a majoritária.

Osmar, presidente estadual do PDT, não parece animado.

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