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Dos 260 funcionários da Câmara Municipal de Curitiba, 101 têm salários maiores do que os R$ 13.500,00 pagos aos seus vereadores. Ainda mais espantoso é o fato de que pelo menos 50 desses privilegiados recebem a cada final de mês o mesmo valor a que tem direito o mais alto servidor municipal, o prefeito da cidade – isto é, R$ 26.723,13. Acabou? Não: há também casos de funcionários, alguns já aposentados, cujo salário ronda os R$ 50 mil – embora, em função dos redutores legais aplicados, só vejam a cor do dinheiro no limite do salário-teto. Dados como esses estarão disponíveis a partir de hoje no site da Câmara – o último órgão do município a cumprir a Lei da Transparência, que obriga todos os entes governamentais a tornar públicos os salários de seus servidores. Apesar das resistências e boicotes internos, o presidente da Casa, vereador Paulo Salamuni, determinou ontem a publicação da lista – que seria maior, se ele não tivesse, em um ano, reduzido à metade o quadro de funcionários do Legislativo. Dentre as inúmeras discrepâncias encontradas no levantamento, há o caso dos seguranças que ganham tanto quanto os vereadores. Mas distorções como essa não nasceram hoje. Em sua maior parte são resultado de cerca 60 atos (resoluções, decretos, portarias, leis...) baixados durante os 15 anos de reinado do ex-presidente João Cláudio Derosso. Dentre os que se beneficiaram com salários máximos estão duas irmãs e um cunhado de Derosso, dois deles já aposentados com proventos integrais do Instituto de Previdência do Município de Curitiba (IPMC).

O caso da coalhada

Enquanto se aplica a moralizadora providência de publicar a lista de salários, alguns vereadores se empenham em tentativas para criar privilégios para si próprios. Primeiro, buscaram implantar o 13.º salário, no que foram impedidos pelo Tribunal de Contas. Frustrados, apelaram para a alternativa de adotar uma "verba de ressarcimento", pela qual passariam a ter direito de colocar na conta da Câmara as despesas que fizessem, inclusive algumas de caráter pessoal. Queriam aprovar a medida neste finzinho de ano, mas a reação contrária os fez adiar a votação para fevereiro. Na verdade, seus defensores pretendem ressuscitar algo que já houve no passado. Nos anos 80, a verba de ressarcimento gerou alguns escândalos, como o caso do gordo vereador que fazia a Câmara Municipal pagar pela coalhada que tomava diariamente na tradicional Confeitaria Schaffer. Quando alguém se espantou com a quantidade, o vereador deu a esfarrapada desculpa de que mandava a coalhada para os velhinhos de um asilo de Curitiba. Desdentados, a coalhada era o único alimento que podiam engolir sem precisar mastigar, dizia com candura cristã o antigo vereador. Na mesma época, um colega comprava ração para cães; outro, lingeries que a esposa nunca recebeu. E havia vários que compravam montanhas de remédios que não chegavam aos doentes.

Serviço

Os vencimentos poderão ser consultados a partir das 10h em www.cmc.pr.gov.br/portal.php.

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Olho vivo

Aplausos

O Diário Oficial do Estado, na edição do último dia 6, publicou o Decreto 9.560 para detalhar lei e decreto anteriores que permitem a devedores do Fisco Estadual quitarem seus débitos com precatórios. A prática tinha sido extinta no passado graças à movimentação de procuradores da Procuradoria-Geral do Estado (PGE). Um influente deputado e uma grande rede de farmácias aplaudiram as novas disposições.

Sem subsídio

A última linha de uma longa nota oficial da prefeitura de Curitiba contém um recado ao Palácio Iguaçu. A nota, divulgada anteontem, tinha apenas o objetivo de contestar o Sindicato das Empresas de Transporte Público que, um dia antes, cobrava do município suposta dívida de R$ 55 milhões. Mas lá no fim do texto, como quem não quer nada, o prefeito Gustavo Fruet apela ao governo estadual para que licite e assuma a responsabilidade pela administração das linhas metropolitanas de ônibus. Se o governo fizer isso, a prefeitura declara que dispensará qualquer subsídio estadual para custear o transporte de Curitiba.

Paz e amor

Depois de vários anos rompidos em razão de disputas internas no PSDB, o governador Beto Richa e o senador Alvaro Dias vivem agora em clima de paz e amor. Hoje, o senador vai ao Palácio Iguaçu (onde não entrava desde que terminou seu mandato de governador em 1990) para receber a Comenda da Ordem do Pinheiro, concedida a personalidades amigas em comemoração à Emancipação Política do Paraná. Ontem, Alvaro recebeu no seu gabinete, em Brasília, a secretária estadual da Fazenda, Jozé lia Nogueira, que foi lhe pedir apoio para a aprovação pelo Senado de dois empréstimos internacionais. Apoio pedido, apoio dado.

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